IX

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Agora que já estive realmente naquele lugar, é mais amedrontador esses pesadelos. Talvez teria eles para o resto da minha vida, o que acredito que não seja muita coisa.

-Fada Melanie. - Era a voz rouca da Paymin, ela estava aqui. Tentei me acalmar e me virar lentamente, para não demonstrar o apavoro que sentia perto dela. Ela estava atrás de mim, dessa vez sem capuz, e me olhava nos olhos.

-O que você quer? Perguntei.

-Imagino que já tenha descoberto a verdade.

-É, eu descobri. Agora não preciso mais da sua ajuda, me deixe em paz!

-Achei que já tínhamos passado desta fase.

-Nunca irei esquecer de sua traição. Você me dá nojo.

-Pare de acreditar em tudo o quê escuta! - Gritou, estava enfurecida. Me senti inferiorizada. Engoliu seco, abaixando seu tom de voz. - Desculpe, eu me exaltei.

-Eu apenas quero entender, por que eu? Não tinha alguém melhor para descobrir isso? - Choraminguei.

Ela botou sua mão fria na minha bochecha. - O destino não pode ser mudado. - E mais uma vez, ela sumiu. Quem estava em minha frente era Alexy.

-Alexy. - Chamei por ele, mas não consegui antes de desabar em seus braços. Estava acabada de tantas preocupações.

Olhei em seus olhos, e as lágrimas começaram a descer novamente. Ele não disse nada, apenas me abraçou. Acho que é tudo o que eu queria no momento. Ficamos alguns segundos abraçados, até sentir que era a hora de ir.

-Obrigada. - Sorri e me virei.

Andei até um lugar que havia descoberto com 12 anos, geralmente fico sozinha e em paz lá. Me sentei na beira da pedra, e apreciei a linda vista que se encontrava naquele lugar. Havia uma cabana velha atrás de mim, alguém já deve ter morado aqui.

Estava apenas ouvindo a linda melodia dos pássaros. Me deitei no chão e deixei a brisa me levar, era encantador o quanto esse lugar me fazia esquecer de tudo. Fechei meus olhos e comecei a cantarolar uma melodia, que não me lembro de ter aprendido, apenas sei. Essa melodia e o canto dos pássaros foram se entrelaçando com uma voz, era meiga. Estava encantada com a doçura desta voz, e fui procurando-a. Ela parecia estar vindo do outro lado das árvores.

Tirei as plantas trepadeiras de minha frente, e vi uma elfa cantando. Observei-a por alguns instantes. A elfa se levantou, e começou a dançar em sintonia com a melodia, as borboletas começaram a voar em sua volta, elas pareciam estar conectadas. Infelizmente, a elfa abriu os olhos e me avistou, envergonhando-se e parando de cantar.

-Ai minha majestade! - Ela murmurou para si mesma.

-Não se envergonhe! Você estava cantando muito bem, você tem um dom belo!

-Ah, obrigada.. - Suas bochechas avermelharam-se. Ela sentou ao lado de seu ukulele.

Me sentei ao seu lado, perguntando seu nome

-Minha família me chama de Malu.

-Meu nome é Melanie.

-Há uma sereia que fala muito de uma Melanie Askja, é você?

-Sou tão conhecida assim? - Ri brevemente, ela riu comigo. - Eu irei para a costa daqui dois dias.

-Eu moro na costa! Talvez possamos ir juntas. - O silêncio predominou o local por alguns segundos, deixando apenas os sons naturais entrarem em nossos ouvidos.

Agora parecia estar mais confortável, começou a falar sobre assuntos que gosta, se destacando um deles. - Eu gosto de estudar sobre universos paralelos, dimensões alternativas, portais! Você gosta?

-Estou aprendendo sobre, ainda.

-Podemos falar sobre isso! Na minha casa há muitas coisas sobre.

-É. - Por alguns segundos hesitei, antes era normal ir para a casa de uma "estranha". Agora meio que corro perigo em qualquer lugar. - Podemos sim.

Isso seria perfeito, aprender mais sobre o assunto me ajudaria a entender essa situação.

-Aonde você está se hospedando? Qualquer coisa podemos nos encontrar.

-No Claryal Bosque, C12. Estou sempre por lá. - Claryal Bosque era aonde ficava a casa de Skyler, isso poderia ser bom ou não. Assenti com a cabeça.

Ela pegou seu ukelele. Pensou um pouco antes de tocar, e logo tocou as cordas formando uma melodia.

-O perigo da realidade que ninguém acredita, irá destruir nossas maravilhas. Amei-a por uns instantes, até perceber seu desejo constante. O reino se desfará, deixando o apenas o mal para lhe reinar. (...)

A partir deste mesmo trecho, já não prestava mais atenção na música. Olhei para os seus olhos claros enquanto ela cantava sua canção. - Foi você que escreveu a música? É realmente.. linda.

-Fui eu, me inspirei em um caso que li.

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