XVIII

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Ouvi uma voz ecoando pela minha cabeça, enquanto ainda voltava para o meu corpo depois de um longo sono. - Bom dia. - Abri os olhos, apenas eu e Malu estávamos acordadas. Havia uma xícara de café e biscoitos ao meu lado.

-Obrigada! - Sentei-me e olhei para o espelho em minha frente, estava completamente descabelada. Ri baixo para não acordar ninguém, Malu começou a rir também.

Peguei o café para despertar de uma vez, bebi dois goles. A Malu jogou a escova encima de mim e logo minha cabeleira foi embora, cabelo ondulado era complicado. A Gio, com seu cabelo cacheado, deveria ter muita paciência para cuidar dele toda manhã.

-Eu gosto do seu cabelo ondulado, me lembra o mar.

-Obrigada!

-Será que vão demorar para acordar?

-Desde que me conheço por gente, Gio dorme mais que um urso hibernando.

-Então, imagino que ela só acorde meio-dia. - Rimos baixo para não acordá-los. Me lembrei das coisas de Malu e olhei para o armário.

-Sua mãe já saiu?

-Você quer ver agora? - Assenti.

Ela levantou da cama e pegou as caixas encima do armário e as abriu. Olhei com atenção tudo o que havia ali, mapas, pedras, plantas, medicamentos, anotações, e muito mais.

-Esse caderninho foi onde minha amiga anotou tudo que ela viu. - Ela me entregou e comecei a ler.

"Acabei de chegar, tem um portal igual ao do palácio atrás de mim. Têm umas folhinhas avermelhadas, mas secas. Os galhos têm espinhos e parecem venenosos, estão cheios de pintinhas. O chão está cheio de folhas secas e galhos, faço muito barulho a cada passo que dou. As árvor"

-O que houve?

-Ela ouviu um barulho e correu. Tem mais nas outras páginas. - Virei a página e voltei a ler.

"A rainha estava do outro lado de portal, se ela entrasse, poderia me ver. Estou procurando coisas de que eu posso levar para casa. Acabei de achar umas pedrinhas, irei levar para casa."

Fechei o caderno e procurei outras coisas na caixa. Achei um gravador escondido nos fundos.

-Têm alguns sons que aquele lugar emite, uns ruídos, algumas recordações. Mas tudo está cortado, o sinal não pega entre dimensões, eu acredito. - Fiquei curiosa e ouvi as gravações.

"Est...  t..do  ..ca....ad..   e..le..  va..  de....tru....  ..  m..un..d.."

Desliguei, pois não estava entendendo.

-Não consigo ouvir perfeitamente, principalmente por causa desses ruídos. 

Guardei o rádio e comecei a ver o que mais tinha nas caixas.

-Meninas? - Ouvi a voz sonolenta e rouca de Gio. Virei o rosto para ela, sorrindo sem mostrar os dentes.

-Bom dia!

-Acordou cedo, hein! - Comecei a rir.

-Você é muito engraçada, Melanie. Eu acho que posso ter um infarto de tanto que eu estou rindo. - Ela revirou os olhos e engatinhou até nós. - Estão falando sobre Guerys?

-Sim. - Mostrei a ela tudo o que já vi.

-Essas ervas são venenosas?

-Sim, podem causar alergia, não tire do saquinho. - Malu mandou.

-E a sua amiga? - Perguntou Gio. Fiquei preocupada com a reação de Malu. Ela mal conseguiu falar nada.

-É um assunto delicado.. 

-Ah, me desculpe. - Gio ficou mal.

-Está tudo bem. - O clima acabou ficando pesado, ninguém falava nada. Eu decidi procurar mais coisas, mas não achei nada além do que já vi.

-É só o que tem, é meio difícil estudar sobre um lugar que não pode ir.

-Eu também não gostaria de voltar para lá.

Todas ficamos quietas, o clima pesado continuava. O primeiro a quebrar o silêncio foi Alexy, que acordou confuso e desnorteado. - Ainda é de manhã? 

Todos começamos a rir, o clima pesado se foi. Ele tem esse poder.

-Isso tudo é de Guerys? - Perguntou chegando perto das caixas. Peguei as anotações e joguei para ele, ele começou a folhear.

Todos já estávamos sem ideias, e para dar um ânimo para a nossa missão, comecei a gravar uma recordação: - Nós vamos ganhar, não me importa o quanto eu tenha que lutar. Não vou deixar a Justy ganhar.


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