XI

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-Não.. por quê?

-Eu não sei. Qualquer pessoa formada e com uma boa consciência não faria isso.

-Eu preciso falar com ele. - Me levantei e fui em direção a porta.

-Não vai! Eu preciso da sua ajuda para continuar. Mistky mudou desde meus 14 anos, então aquele lugar também.

Estava prestes a ir embora, mas ela me fez ficar. - Ok, como posso lhe ajudar?

-O que notou? Algo diferente?

Suspirei, não me lembro de quase nada. - Me lembro apenas das florestas que percorri. Eram podres, parecia estar morto faz anos. E as pedras que eu vi, elas tinham uma cor avermelhada, mas eram bem escuras, sua textura era sólida e bruta.

Ela começou a procurar algo na mala. Pegou todas as pedras e as botou no chão- Algumas delas a pedra que viu?

Tentei procurar, as que estavam por cima não eram nada parecidas, as de baixo eram poucas, mas logo avistei a mesma pedra e apontei para ela.

-Esta é uma das que ele te ofereceu? - Ela se assustou.

-Sim, me lembro bem dessa pedra em sua mão.

-Essa pedra é fatal, apenas se ficar por muito tempo com ela na mão, pode pegar uma forte alergia que te leve a morte. - E mais uma vez, meu mundo caiu. - Todos os formados sabem disso, é essencial para a medicina.

Dessa vez eu estava decidida, eu ia falar com Skyler agora. Ele tentou me matar, meu companheiro de anos tentou me matar! Não me despedi da Malu, mas pude sentir seu olhar assustado. Saí da casa e corri até a dele, extremamente furiosa. Dessa vez não hesitei em abrir.

-Skyler! - Gritei, assustando os animais que estavam em sua janela.

Alexy veio até mim, e logo em seguida, Skyler. Fui diretamente a ele e não pensei duas vezes antes de dar-lhe um tapa na cara.

-O que é isso?! Você tá doida! - Gritou em meu rosto.

-Eu estou doida? EU ESTOU DOIDA?! SUA INTENÇÃO SEMPRE FOI ME MATAR, POR ACASO?! - Gritei, causando um alvoroço do lado de fora da casa. Não era muito comum conflitos por aqui. Skyler não me respondeu, ele apenas se assustou. - Eu sei de tudo, você sabia muito bem a consequência que aquelas pedras poderiam ter dado na minha vida!

Pude perceber o desespero de Alexy, ele não foi capaz de soltar uma palavra. Apenas fugiu como se não tivesse amanhã.

-Eu juro que não entendo. Você é um professor, praticamente um enfermeiro e além de tudo, meu irmão. Como pôde ter feito isso?

-NÃO FOI MINHA INTENÇÃO! - Ele gritou desesperadamente.

-Há alguns meses atrás, você era simplesmente o ser mais cuidadoso desse lugar. Agora, você tentou me matar. - Falei em prantos, quase chorando.

-CHEGA! SAI DAQUI!

-Tá. - Dei de costas e saí da casa. Procurei Alexy, ele deveria estar arrasado. Procurei ele pelo bosque inteiro, mas não o encontrei.

Estava desistindo de procurá-lo, cansada, frustrada e acabada, caí no chão e fiquei. Chorei, gritei, pus tudo o que tinha dentro de mim para fora, mas nada melhorava. Fechei os olhos e por segundos, desejei morrer naquele instante. Mas ouvi a voz de quem procurava.

-Oi. - Ele havia me encontrado. Ele deitou-se ao meu lado e apenas observamos o céu. - Eu não entendo, ele não é assim.

-Estou cada vez mais próxima de desistir de entender. - Não era capaz nem de mover minha cabeça para vê-lo, me sentia fraca, e minhas lágrimas já haviam ido embora.

Já estávamos aqui faz vinte minutos, não falávamos nada, acho que era melhor assim.

-Eu gostaria de conhecer sua amiga. - Não o respondi, mas o levaria para conhecê-la depois.


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