SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, O CAPITALISMO MONOPOLISTA E AS POTÊNCIAS
O sentido da Revolução Industrial é o da mudança na técnica de produção de riqueza através da substituição da força muscular pela força mecânica. Não faz sentido perguntar quando a Revolução Industrial acabou. No século XX, por exemplo, tratamos de uma Terceira Revolução Industrial, na qual ocorre um fantástico salto qualitativo nas telecomunicações, robótica, informática, química, biotecnologia etc. Praticamente qualquer produto do cotidiano passa pelo processo de melhoria técnica, tais como automóveis, computadores, relógios, bens domésticos etc. Basta uma superficial comparação entre os bens de consumo duráveis, por exemplo, do início do século XX com seus similares do século XXI para constatarmos as diferenças qualitativas.
No final do século XIX, uma nova Revolução Industrial, a segunda, ocorria no mundo, sobretudo na Europa. Uma comparação superficial entre as duas primeiras revoluções industriais basta para comprovarmos que a melhoria no modo de produção de riqueza sofreu um impressionante salto. A Primeira Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra, em fins do século XVIII, promovendo o desenvolvimento do capitalismo industrial de livre concorrência. Comparativamente, poderíamos afirmar que a Segunda Revolução Industrial ocorreu quase que simultaneamente na Europa Ocidental, Estados Unidos e Japão. Ela assistiu, ainda, à emergência do capitalismo financeiro, isto é, a diversificação da atividade capitalista pelas grandes empresas, que passavam a diversificar suas atividades nas áreas bancária e industrial.
Ademais, a Segunda Revolução Industrial substituiu a livre concorrência pelo denominado capitalismo monopolista, isto é, aquele em que as grandes empresas passam a controlar o mercado, evitando a participação das pequenas empresas. O termo capitalismo monopolista, entretanto, está sujeito à crítica, pois invariavelmente um grupo de empresas dividia o mercado de tal modo a evitar a entrada de novos competidores. A expressão, portanto, poderia ser substituída por capitalismo de oligopólio. Desta nova modalidade de capitalismo surgiram os trustes, os cartéis, holdings e a ilegal prática do dumping, cujo objetivo era retirar concorrentes do mercado.
A vanguarda europeia da Segunda Revolução Industrial coube especialmente aos alemães, vitoriosos no seu processo de unificação aduaneira (Zollverein) e política (política de "sangue e ferro"). A industrialização do II Reich, entretanto, provocou o imediato crescimento do movimento operário, considerado pernicioso para a coesão social Junker. Em 1873, a Alemanha sofreu com uma depressão econômica, fenômeno de superprodução que provocaria uma crise de desemprego devido à competição com a indústria inglesa e com os produtos agrícolas dos Estados Unidos. As grandes empresas alemãs, BMW, Krupp e Bayer, começaram a procurar a tutela do Estado como forma de obter proteção contra a concorrência estrangeira.
Os operários alemães eram considerados por Karl Marx - pai do socialismo científico e profeta da revolução proletária - a provável vanguarda da revolução socialista europeia. Eles, contudo, seriam cooptados pelo Partido Social-Democrata alemão, a principal agremiação de massa da Europa. A Social-Democracia seria responsável por uma das maiores crises do movimento operário no século XIX, juntamente com a traumática cisão de socialistas e anarquistas na Associação Internacional dos Trabalhadores ou, simplesmente, I Internacional (1864-76). Entre 1889 e 1914, durante a II Internacional, a social-democracia alemã, de tendência nacionalista e moderada, entraria em acirrado debate com os bolcheviques russos, que renunciavam ao nacionalismo em favor de um discurso internacionalista de classe e revolucionário.
Após a vitória conservadora nas eleições de 1878, Bismarck aprovou no Reichstag, o Parlamento alemão, leis antissocialistas, que baniam as atividades de imprensa e políticas deste grupo. Em 1889, o Reichtag, por recomendação do primeiro-ministro, aprovou um conjunto de leis de bem-estar social, dentre as quais figuravam a assistência médica, o seguro por acidente ou invalidez e a aposentadoria. Essa iniciativa foi pioneira na história ocidental e teria parâmetros somente no século XX, quando o presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt (1933-45) anunciaria o New Deal. Bismarck percebia a necessidade de conceder benefícios para a classe operária como forma de cooptá-la junto ao Estado. A ação do chanceler de ferro empurrou a social- -democracia definitivamente para a moderação.
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