A região original dos Estados Unidos da América era extremamente modesta em comparação com o atual mapa do país: inicialmente, apenas uma faixa litorânea atlântica que compreendia as Treze Colônias cobria a área de colonização inglesa.
Como então os norte-americanos conquistaram todo o meio-oeste do país? A “marcha para o oeste” desenvolveu–se ao longo de todo o século XIX e sua ação foi justificada em termos ideológicos pelo chamado “Destino Manifesto”.
A expressão foi desenvolvida pelo jornalista John Louis O’Sullivan durante a década de 1840, nos periódicos United States Magazin e Democratic Review, apoiando a anexação de territórios mexicanos, o que ocorreria efetivamente em 1848. A ideia central do Destino Manifesto era a crença de missão civilizatória dos norte-americanos nos territórios do oeste. Ademais, esta ideologia apresenta uma característica de predestinação protestante, ao afirmar que a Divina Providência teria reservado estas regiões para a ocupação norte-americana. O presidente James K. Polk (1845-49) encarnou no Executivo Federal a tendência nacional expansionista às expensas do México.
A política de expansão para o oeste, entretanto, iniciou-se com o Tratado de Versalhes (1783), no qual a Inglaterra, além de reconhecer a independência dos Estados Unidos da América, cedeu uma longa faixa de terra contígua aos territórios das Treze Colônias, que englobava os atuais estados de Minnesota, Michigan, Illinois, Wisconsin, Indiana, Ohio, Kentucky, Tennessee, Mississippi e Alabama.
Na presidência de Thomas Jefferson (1801-09), o governo comprou o extenso território central da Lousiana dos franceses, em 1803, por cerca de US$ 15 milhões, que abrangia os atuais estados de Minnesota, Dakota do Norte, Dakota do Sul, Montana, Wyoming, Colorado, Kansas, Oklahoma, Nebraska, Iowa, Arkansas e Louisiana.
Napoleão chegou a declarar que vendendo a Louisiana aos norte-americanos a França estaria fortalecendo um futuro competidor atlântico para a Inglaterra. Na presidência seguinte, James Madison (1809-17) envolveu o país na desastrosa aventura canadense, episódio que ficou conhecido como a “Segunda Guerra de Independência”, que ao menos rendeu aos norte-americanos o hino The Star Spangled Banner. Em 1819, os EUA adquiriram a Flórida junto ao governo da Espanha. Em 1823, o presidente James Monroe (1817-25) estabeleceu as bases da doutrina que levaria seu nome, reservando o continente americano para a hegemonia norte-americana e reafirmando o isolacionismo dos tempos de Washington.
A expansão territorial para o oeste, entretanto, apresentou aspectos negativos para as populações nativas norte-americanas. Conforme os colonos forçavam a fronteira cada vez mais rumo ao oceano Pacífico, as populações indígenas (creeks, choctaws, chickasaws, cherokees, semíoles, sioux, comanches, apaches) eram forçadas a fugir cada vez mais para o oeste ou a entrarem em confronto com os novos colonizadores. Os filmes de faroeste americano idealizaram e minimizaram este terrível encontro. Na década de 1970, Arthur Penn, um dos ícones da contracultura norte-americana, realizou Pequeno Grande Homem, filme estrelado por Dustin Hoffman que mostra como a marcha para o oeste gerou um genocídio tão cruel quanto aquele perpetrado pelos ibéricos em séculos anteriores.
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