A crise da República Oligárquica e a revolução de 30

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A FUNDAÇÃO DO PCB
O ano de 1922 foi um dos mais importantes da história republicana brasileira. Três episódios simbolizaram o crepúsculo das oligarquias cafeeiras. Em primeiro lugar, a fundação do Partido Comunista do Brasil, seção da III Internacional, evidencia a tendência de surgimento de uma classe média esclarecida que buscava organizar o movimento operário brasileiro em nome dos princípios marxistas-leninistas. Os postulados de luta de classes e de vanguarda revolucionária de um partido disciplinado foram incorporados pelo primeiro grande partido que usava o nome “Brasil” em seu registro. Não deixa de ser irônico e contraditório o emprego do “Brasil” na inscrição do partido, pois o Partido Comunista, ao se filiar ao Komintern ou III Internacional, submetia-se aos 21 pontos estabelecidos por Lênin em 1919, os quais basicamente exigiam uma fidelidade total ao socialismo soviético e à renúncia do nacionalismo patriótico.

A fundação do Partido Comunista em 1922 e a vitória da Revolução Bolchevique em outubro de 1917 determinaram a ascensão dos socialistas no movimento operário brasileiro e a franca decadência dos anarquistas, os quais praticamente desapareceriam da cena proletária nacional. O Partido Comunista, entretanto, sofreria com as perseguições dos governos republicanos brasileiros, em princípio durante a República Velha – com os presidentes Arthur Bernardes e Washington Luís – e, posteriormente, durante o governo do general Eurico Gaspar Dutra (1946-51). O Partido Comunista, que ficou mais tempo na ilegalidade do que na legalidade em toda a sua história, representou a tendência de organização da classe operária contra a situação de espoliação oriunda da exploração capitalista.

O Partido Comunista do Brasil, de tendência soviética, ficaria sendo conhecido mais tarde como Partido Comunista Brasileiro (PCB) ou Partidão. Na década de 1960, após a cisma comunista provocada pelo relatório Kruschev no XX Congresso do PCUS em 1956, o nome Partido Comunista do Brasil seria utilizado por uma dissidência de seu congênere moscovita, que elegeria a linha maoísta como o verdadeiro caminho para a revolução.

MODERNISMO
Além da fundação do Partido Comunista – o qual tentaria posteriormente organizar as classes operária e camponesa através do Bloco Operário e Camponês (BOC) -, podemos destacar a Semana de Arte Moderna, ocorrida em São Paulo naquele mesmo ano de 1922, como um dos marcos da agonia da República Velha. A Semana de Arte Moderna, um grande evento artístico com propostas de tendência nacionalista desenvolvido no Brasil, contou com a presença de grandes artistas, intelectuais e pensadores, como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Heitor Villa-Lobos, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Plínio Salgado, dentre outros. A participação feminina era importante no evento, pois na época as mulheres cumpriam papéis de sujeição ao domínio masculino, sendo proibidas, inclusive, de exercer o direito do voto.

A elite brasileira preocupava-se em reproduzir no Brasil um modelo estético europeu tipicamente francês. As reformas de Pereira Passos, por exemplo, evidenciam uma preocupação em modernizar a capital da República de modo a torná-la uma espécie de Paris dos trópicos. A criação das grandes avenidas em estilo de boulevares parisienses, como, por exemplo, a Avenida Central (atual Av. Rio Branco) e a construção de Teatros Municipais em diversas capitais do país como espaço público de sociabilidade para a reprodução de música europeia, evidenciam a proposta de tomar a Europa como modelo a ser seguido. Na Semana de Arte Moderna houve uma crítica aberta às elites nacionais que queriam ser francesas. Os revolucionários de 1922 se tornariam os clássicos do futuro. Villa-Lobos, por exemplo, a despeito de ser um autor de música clássica, desenvolveu temas tipicamente nacionais em suas obras, como O Trenzinho Caipira.

Muito diferente, por exemplo, do maestro e compositor Carlos Gomes que, durante o II Reinado, realizou uma produção operística de molde tardio e italiano, apesar das temáticas indianistas proporem uma suposta valorização nacional. Mário de Andrade, um dos grandes autores literários do Brasil, escreveu Macunaíma, obra de difícil acesso que trata sobre um anti-herói que, juntamente a seus dois irmãos, representa o paradigma brasileiro da miscigenação racial, da luta contra a espoliação estrangeira e do nosso modelo de herói sem caráter. Tudo escrito com mitos e lendas indígenas servindo de pano de fundo. Em 1969, o cineasta Joaquim Pedro de Andrade produziu Macunaíma, com brilhantes participações de Grande Otelo e Paulo José. Recentemente Nos anos 2000, a família do cineasta trabalhou na recuperação da obra de Andrade, em DVD.

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