A História da América colonial está intimamente ligada ao processo de expansão marítima e comercial atlântica. A chegada dos primeiros europeus, celebrada no cinema em 1492: A conquista do paraíso, inicia dois projetos de colonização distintos: os modelos ibérico e anglo-saxão. As consequências imediatas, entretanto, foram muito comuns: extermínio das populações americanas originais, importação do cristianismo católico ou protestante, tentativa de manutenção de sistemas de exclusividade comerciais, pirataria, tráfico negreiro para as plantations (latifúndio monocultor agroexportador) das colônias ibéricas e sul das treze colônias inglesas, busca de metais preciosos como formas de enriquecimento das metrópoles.
A colonização europeia na América seguiu, como citado acima, dois modelos básicos: o ibérico, denominado de “exploração”; e o inglês, conhecido como “povoamento”. O fator determinante para estes diferentes modelos foram basicamente os diferentes climas existentes nas respectivas regiões e a presença ou ausência de metais preciosos. As colônias de Espanha e Portugal encontravam-se em uma faixa entre os trópicos de Capricórnio e Câncer, isto é, em uma região de clima quente que favorecia o desenvolvimento de uma agricultura de exportação de produtos primários que não eram obtidos da Europa, como, por exemplo, cana-de-açúcar, e que por isso tinha alto valor no mercado do Velho Mundo.
A América inglesa estava localizada em uma região de clima temperado frio na qual não era possível adotar o sistema agrícola ibérico, o que não justificava uma empresa de colonização que aplicasse grandes somas. O metal precioso foi encontrado em abundância na América Espanhola ainda no século XVI, enquanto o ciclo minerador na América portuguesa ocorreu nos três primeiros quartos do século XVIII. Na América inglesa, o metal precioso seria encontrado na costa da Califórnia e apenas na metade do século XIX, ou seja, após concretizado o processo de independência.
As diferenças apontadas no parágrafo anterior explicam os motivos que levaram as Américas a possuírem projetos de colonização tão distintos. Enquanto na América ibérica assistiremos um modelo denominado “Pacto Colonial” ou “exclusivismo metropolitano”, na América inglesa a ausência de um rígido Pacto Colonial criou uma experiência de autogoverno (self-government) conhecido também como “negligência salutar”. A presença católica foi um dos traços marcantes da colonização de espanhóis e portugueses, enquanto na América Inglesa a regra foi a tolerância religiosa entre os grupos que fugiam das guerras e perseguições da Europa no século XVII.
COLONIZAÇÃO ESPANHOLA
Entre os anos de 1492 (descoberta da América) e 1572 (morte do último imperador Inca) os espanhóis derrotaram as principais resistências indígenas, praticamente fazendo sumir do mapa os impérios pré-colombianos. Os espanhóis exploraram as rivalidades existentes entre os ameríndios e utilizaram sua superioridade militar: armas de fogo, espada (metal resistente), cavalos, armadura, etc. O trabalho compulsório, aliado às doenças, causou, uma enorme mortandade. Veja o exemplo do que ocorreu com os povos andinos: em 1633 eram 40.115 indígenas, em 1662 diminuíram para 16 mil e, finalmente, em 1683 eram apenas 10.633.
Instalaram uma estrutura colonizadora da seguinte maneira: base localizada na Espanha com dois órgãos (Conselho das Índias – Funcionava como Supremo Tribunal de Justiça, nomeava funcionários e regulamentava a administração das colônias; Casa de Contratação – sediada em Sevilha, para organizar o comércio e fiscalizar o pagamento do quinto. Na América, a colonização a América espanhola foi dividida em 04 vice-reinos e 04 capitanias-gerais.
O Vice-rei representava o rei espanhol na América. Era escolhido entre a nobreza e possuía funções militares, jurídicas, fiscais, financeiras, religiosas e administrativas, em geral. Ainda existia as Audiências, que eram formadas pelos ouvidores e possuíam a função judiciária e com o tempo passaram a ter funções administrativas. No âmbito local havia os cabildos ou ayuntamentos, que eram equivalentes às câmaras municipais, eram formadas por elementos da elite colonial, subordinados as leis da Espanha, mas com autonomia para promover a administração local (municipal).
A sociedade era organizada da seguinte maneira: No topo estava os chapetones e o clero, que eram espanhóis, altos cargos, privilégios. Posteriormente, havia os Criollos, descendentes de espanhóis nascidos na América. Elite colonial, grandes proprietários e comerciantes. Integrantes dos Cabildos (Câmaras Municipais). Por último, os índios e os negros, explorados como escravos ou “semi-escravos” (Mita ou Repartimiento – trabalho forçado nas minas/ Encomienda – trabalho servil nos latifúndios agroexportadores, também chamados de haciendas ou plantations). Um último detalhe sobre escravidão era que para se vender escravos deveria se ter o Asiento (concessão de direito de venda).
A economia era baseada na Mineração: principal atividade. Destaque para a exploração de prata no México, no Peru e na Bolívia, principalmente na cidade de Potosí. A pecuária era forte na região do rio da Prata. Produtos tropicais para exportação ficavam, principalmente, na região do Caribe.
COLONIZAÇÃO INGLESA
Na América Inglesa, ao contrário, o processo de colonização não foi incentivado pela metrópole, pois não havia um fator econômico determinante que justificasse uma empresa que impusesse um rígido sistema de exclusivismo metropolitano. O rei Francisco I, da França, enviou Jacques Cartier para a região do atual Canadá. Até o século XVIII, franceses e ingleses disputaram a hegemonia sobre a região. Apesar da cultura latina do Quebec, esta região acabaria sendo incorporada aos domínios britânicos.
Os primeiros colonos ingleses chegaram apenas em 1607, quando Christopher Newport entrou em Hampton Roads fundando Jamestown, uma homenagem ao rei Jaime I (1603-25), monarca que daria impulso ao processo de colonização ao perseguir católicos e protestantes não anglicanos. Foi nesta localidade, na Virgínia, que John Rolfe casou com a famosa Pocahontas como forma de celebrar a paz com os indígenas. O ano de 1619 foi uma data simbólica para o processo de ocupação inglesa na América do Norte: reuniu-se a primeira assembleia de colonos, estabelecendo-se, desta forma, uma das principais tradições das Treze Colônias Inglesas: o direito de autogoverno.
Na América Inglesa, a mão de obra predominante era livre, familiar ou de servidão por contrato. Neste último caso, estabelecia-se uma espécie de contrato em que um colono pobre se comprometia a trabalhar para uma Companhia de Comércio, que lhe concedia passagem e estadia para morar na colônia, por um período determinado de tempo, ao final do qual estaria livre de suas obrigações e poderia obter trabalho livre. As propriedades rurais eram pequenas ou médias, sendo a produção destinada aos mercados interno e externo. O livre-comércio com as Antilhas e a África era diversificado, existindo produtos como tabaco, rum, açúcar e escravos negros para as colônias do sul. Este modelo era denominado de “comércio triangular”.
Os colonos se consideravam tão súditos da Inglaterra quanto aqueles ingleses que permaneceram em Manchester, Liverpool ou Londres. A experiência de autogoverno provinha em grande parte da tradição jurídica consuetudinária inglesa oriunda da Magna Carta de 1215, que estabelecia os princípios fundamentais da organização parlamentar. Esta experiência de self-government seria, na realidade, a peça chave para entender o processo de independência das Treze Colônias Inglesas no século XVIII.
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