As unificações tardias: Itália e Alemanha

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A UNIFICAÇÃO ALEMÃ

O expansionismo napoleônico contribuiu para o processo de unificação alemã ao criar a Confederação do Reino entre os Estados germânicos, iniciando um processo de afinidade política entre os Estados de cultura germânica, que culminaria com a unificação em janeiro de 1871. O mosaico político formado por Napoleão, contudo, foi momentaneamente fragmentado pela política reacionária de Metternich, líder austríaco preocupado em restaurar o equilíbrio de poder na Europa de tal modo a consolidar o absolutismo vienense no continente, em detrimento dos nacionalismos.

A unificação alemã enfrentaria o desafio de integrar cerca de trinta e nove Estados independentes, dentre os quais o Reino da Prússia, o mais importante. O processo político de unificação teria um nome: Otto von Bismarck, ministro do rei Guilherme I e representante da aristocracia militarizada Junker, caricaturada sempre com seus tradicionais capacetes de aço. O projeto de criar uma grande Alemanha (Grossdeutsche) foi obra de Bismarck, na qual a Prússia assumiria o ônus de ser o Estado de vanguarda na luta contra o conservadorismo austríaco.

O primeiro passo para a unificação da Alemanha foi a criação do Zollverein, em 1819, espécie de união aduaneira entre os Estados alemães liderados pela Prússia, da qual a Áustria não foi convidada a participar. A união aduaneira tinha como princípios básicos a livre circulação de mercadorias, serviços, capitais e mão de obra entre seus Estados-membros, além da existência de tarifas externa e interna comum aos Estados signatários e a padronização do sistema de pesos e medidas. Pode- -se dizer, portanto, que a unificação política alemã foi precedida por uma unificação econômica.

Em 1862, Guilherme I designou Bismarck para o governo, no qual o líder político declarou que “os grandes problemas de nossa época não se resolvem com discursos ou votações majoritárias, mas através do sangue e do ferro”. A estratégia de Bismarck, portanto, conhecida como “política do sangue e do ferro”, consistia em obter a criação da Confederação Alemã (Deutscher Bund) através de guerras de unificação nacional.

No plano interno, o “chanceler de ferro” buscou anular os movimentos democráticos e liberais através de um regime autoritário que cerceava as manifestações das oposições. No quadro das relações internacionais, Bismarck procurou reduzir a influência da Áustria e da França através de uma política externa belicosa e pragmática que seria conhecida como Realpolitik.

Em novembro de 1863, com a morte do rei Frederico VII da Dinamarca, Bismarck iniciaria sua “política do sangue e do ferro”. O novo rei da Dinamarca, Cristiano IX, anexou formalmente os ducados de Schleswig e Holstein ao seu país, o que era proibitivo pelo Tratado de Londres de 1852. Em janeiro de 1864, o Reino da Prússia e o Império Austríaco assinam um acordo que visava atacar os dinamarqueses e anexar os dois ducados, os quais seriam divididos como um espólio de guerra de tal forma que os prussianos receberiam Schleswig e os austríacos, Holstein. Bismarck, entretanto, sabia perfeitamente que o cálculo da unificação alemã passava pela eliminação da Áustria. A Prússia deliberadamente desrespeitou o Pacto de Gastein, no qual prussianos e austríacos dividiam os ducados dinamarqueses: Bismarck ocupou não apenas Schleswig, mas também Holstein.

Em outubro de 1865, o ministro visitaria Napoleão III em Biarritz para garantir a neutralidade francesa no caso de uma guerra entre os dois grandes Estados germânicos. Posteriormente, Bismarck assinaria um acordo com os italianos, engajados na unificação da península, objetivando acabar com a influência austríaca. Em 7 de junho de 1866, as tropas prussianas ocuparam Holstein, iniciando a segunda guerra de unificação da Alemanha. Este conflito, conhecido também como Guerra das Sete Semanas, marcou a emergência do Estado prussiano, o qual derrotaria os austríacos e lideraria a formação da Confederação Germânica do Norte. A vitória consolidou a posição interna de Bismarck como chefe político, apoiado doravante pelo Partido Liberal Nacional, o qual renunciava ao liberalismo político em favor do projeto de unificação política.

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