O Nazifascismo: a utopia de estado e a ascensão de Hitler

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As décadas de 1920 e 1930 assistiram ao processo de falência das democracias liberais em diversos países ocidentais. O fascismo, fenômeno que nasce primordialmente na Itália em 1922, é uma manifestação política de extrema direita que procura se opor aos preceitos de internacionalismo proletário de classe do comunismo soviético. O fascismo tem como valor máximo a ser exaltado o nacionalismo.

O marxismo revolucionário, por outro lado, advoga que as diferenças de classe estão acima da idealização de Nação. O debate entre esquerda e direita, portanto, seria uma constante nas décadas que antecederam a Segunda Guerra Mundial. Ironicamente, parecia que o fascismo só encontrava sua razão de ser na luta contra o comunismo, ou seja, se não existisse o “perigo vermelho”, não haveria fascismo. A consideração talvez possa estar sendo levada ao extremo, contudo, o que vale registrar é que o fascismo teve como grande catalisador, nos países em que deitou raízes, o medo dos grupos mais conservadores da sociedade de um avanço dos comunistas.

A Itália não perdeu a Primeira Guerra Mundial, no entanto, o sentimento posterior ao conflito não era de animação ou vitória, mas de tremenda frustração pelas demandas nacionalistas, previstas no Pacto de Londres de 1915, não terem sido atendidas. Há de se ressaltar que os italianos se retiraram da conferência de paz na França. Benito Mussolini, o grande líder fascista, era, assim como Adolf Hitler, um veterano da Primeira Guerra Mundial e defendia um discurso nacionalista, expansionista e belicoso.

Em 27 de outubro de 1922, Mussolini reúne cerca de 40 mil “camisas negras” e promove a célebre “Marcha sobre Roma”, espécie de intimidação ao governo do rei Vitor Emanuel III. Os fascistas, devido ao discurso nacionalista e anticomunista, eram saudados entusiasticamente pela multidão. O rei, pressionado pelos militares e conservadores, não tem outra alternativa senão convidar Mussolini a integrar o governo.

A doutrina fascista de Mussolini, além de nacionalista e anticomunista, prega que os indivíduos devem servir ao Estado, e não o contrário, como em um Estado democrático. Após chegar ao governo, Mussolini institui o Grande Conselho Fascista, que substituiria, posteriormente, o Parlamento democrático. Em abril de 1924, os fascistas conseguem cerca de 65% dos votos nas eleições nacionais, confirmando a hipótese de que o movimento gozava de considerável prestígio popular. Não podemos ignorar, entretanto, que os squadri, as milícias fascistas de Mussolini, calavam a oposição através da intimidação e da violência.

Após a vitória de abril, o deputado socialista Giacomo Matteotti é assassinado por elementos ligados aos grupos fascistas depois de fazer um discurso no Parlamento denunciando a ameaça de ditadura de Mussolini. O rei Vitor Emanuel III não se manifesta e Mussolini assume a “responsabilidade histórica e moral” pelo crime, defendendo a tese de que Matteotti não era um verdadeiro italiano, mas um comunista a soldo de Moscou que ameaçava a ordem interna. O Parlamento é dissolvido e substituído pelo Grande Conselho Fascista. É o início efetivo da ditadura de partido único. Mussolini torna-se il Duce, o ditador.

Mussolini passa a organizar o Estado fascista através de certos preceitos, como a instituição do corporativismo. Como o fascismo nega o princípio marxista de luta de classes, colocando o nacionalismo acima de tudo, trabalhadores e empresários deveriam cooperar para tornar a Itália uma grande nação. As organizações sindicais somente podem existir se subordinadas ao Estado. As greves e os lock-outs são proibidos. O corporativismo, que seria imitado pelo Estado Novo de Getúlio Vargas, estava consubstanciado na Carta Del Lavoro de 21 de abril de 1927.

Em 1929, buscando apoio dos católicos, Mussolini celebra com o Papa Pio XI o Tratado de S. João de Latrão, no qual a Itália indeniza a Igreja Católica pela perda dos territórios anexados no século XIX no processo de unificação, reconhece o bairro do Vaticano como território de soberania papal (Estado Nacional) e protege o catolicismo na península. A Igreja, em contrapartida, reconhece a soberania italiana nos Estados conquistados pelo Piemonte, encerrando as hostilidades entre as partes.

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