A descolonização afro-asiática e o surgimento de novos atores internacionais

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Com o fim da Segunda Guerra Mundial, as relações internacionais passaram por um processo de total transformação. A Europa perde seu tradicional papel de centro político hegemônico e o eixo de decisões mundiais é deslocado para Estados Unidos e União Soviética.

DESCOLONIZAÇÃO
A decadência dos grandes “Impérios colonialistas”, isto é, Grã-Bretanha e França, auxilia no processo de independência estratégia de conceder a independência para as suas colônias como forma de manter laços econômicos, o que ficou sendo conhecido como “processo pacífico”. A França procurou manter suas colônias pela força militar, desencadeando guerras sangrentas na Indochina, sobretudo Vietnã e Argélia. Os historiadores denominaram este processo de “descolonização violenta”.

Outros países, como Holanda e Portugal, também mantinham colônias nos continentes africano e asiático. No caso de Portugal, a descolonização ficou sendo conhecida como “tardia”, devido ao fato de Angola e Moçambique só conseguirem suas independências na década de 1970, quando a ditadura salazarista foi derrubada em 1974, na chamada “Revolução dos Cravos”, e a social-democracia de Mário Soares iniciou a negociação para a libertação destas colônias. Os movimentos de guerrilha marxista nestes países, entretanto, enfrentaram outras oposições armadas, levando os países a um longo período de guerra civil.

A descolonização foi ainda favorecida pelo princípio de “autodeterminação dos povos” estabelecido na Carta do Atlântico (1941), na Carta das Nações Unidas (1945) e na Conferência de Bandung (1955); esta última, reunindo os países denominados de não alinhados, condenou a Guerra Fria, a corrida armamentista e o racismo. Novos países surgiram da descolonização. Dezenas de novas unidades políticas na África e na Ásia passaram a participar de modo independente do mundo contemporâneo.

O número de países-membros da ONU quase quadruplicou em cerca de 50 anos. Entretanto, nem sempre o processo se deu de modo pacífico ou ordeiro. O sonho de Gandhi de uma descolonização a partir da desobediência civil, isto é, da não agressão, que mantivesse a unidade indiana, revelou-se uma utopia, pois a Índia acabaria fragmentando-se em mais outros três Estados independentes: Bangladesh, Sri Lanka e Paquistão, este último de maioria muçulmana e enfrentando, ainda hoje, gravíssimos problemas de fronteira com a Índia hindu.

CASOS ESPECÍFICOS
INDONÉSIA
A presença holandesa na Insulíndia remonta ao século XVII, quando da fundação de Batávia (atual Jacarta), em 1619. No século XX, já nas primeiras décadas, existem registros de movimentos nacionalistas e de resistência ao domínio holandês na Indonésia. Em 1939, oito organizações indonésias formaram uma frente, denominada Gabusan Politik Indonesia (GAPI), exigindo liberdades democráticas, unidade e independência. Os símbolos de união nacional preteridos pelo GAPI foram o idioma bahasa indonesia e a bandeira nas cores vermelha e branca. Contudo, somente com a Segunda Guerra Mundial e a consequente invasão e ocupação alemã na Holanda (1940) e japonesa na Indonésia (1942), o colonialismo holandês perderia seu ímpeto e prestígio.

Em 1946, incapazes de recuperar o controle militar sobre a região, os holandeses firmam o Tratado de Lindggadjati, que previa uma união da Indonésia com a Holanda, o que na prática jamais aconteceu. Em 2 de novembro de 1949, na “mesa redonda” de Haia, a Holanda renuncia formalmente a qualquer pretensão territorial sobre a Indonésia. Entre os anos de 1954 a 1956, a suposta confederação entre Holanda e Indonésia deixa de existir formalmente. Nos anos seguintes, ocorrem manifestações, sobretudo em Sumatra, contra o governo centralista de Sukarno, que governará de maneira ditatorial, apoiado pelo Exército.

Entre 18 e 25 de abril de 1955, ocorre a Conferência de Bandung, reunindo os chamados “países não alinhados” ou de Terceiro Mundo, isto é, aqueles que rejeitam a liderança norte-americana ou soviética. Os 29 países condenam o colonialismo, a discriminação racial e o armamento atômico.

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