A Era Napoleônica: o general, o cônsul, o imperador

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O golpe de Estado de Napoleão Bonaparte ficou conhecido como “18 de Brumário”, segundo o calendário revolucionário. O Diretório era substituído inicialmente por um Tríplice Consulado formado pelo general Napoleão Bonaparte, Emmanuel Joseph Sieyès, autor do célebre Considerações preliminares sobre o que é Terceiro Estado?, e Roger Ducos.

CONSULADO NAPOLEÔNICO (1799 – 1804)
O prestígio de Napoleão Bonaparte, em grande parte devido ao seu mérito militar nas batalhas contra as coligações europeias, eclipsou os outros cônsules, favorecendo a emergência do jovem general de 30 anos que acabaria arrebatando o poder sozinho, intitulando-se “primeiro cônsul”.

O Consulado pode ser compreendido como um período em que Napoleão Bonaparte buscou criar condições propícias para iniciar um projeto de desenvolvimento nacional que transforma a França em uma das grandes nações europeias, a ponto de questionar a hegemonia britânica no início do século XIX. As condições anteriores que favoreceram o crescimento do país estão associadas à busca de uma estabilização política inexistente desde que a Assembleia Nacional se reuniu em 1789. Napoleão não era um pacifista por natureza, mas entendia a necessidade de buscar um governo de união nacional que neutralizasse os inimigos da revolução e os radicalismos de esquerda, de tal modo que concedeu anistia aos monarquistas e jacobinos, normalizou relações com a Igreja Católica _ suspensas desde o Período Jacobino _ e celebrou a paz com as coligações europeias. A partir deste quadro de estabilidade política, ele iniciou um ambicioso quadro de ações tipicamente burguesas que favoreceriam o desenvolvimento econômico nacional.

O regime consular napoleônico foi uma bênção para a burguesia francesa. A perda do poder político com o 18 de Brumário foi compensada pelo ritmo de medidas de favorecimento e proteção aos indivíduos que gozavam do direito de propriedade privada. Napoleão criou uma Sociedade de Fomento Industrial, promoveu obras públicas que criaram infraestrutura para o desenvolvimento nacional, ergueu barreiras protecionistas, fundou o Banco da França com parte dos recursos provenientes da venda da Lousiana (1803) para o governo norte-americano, substituiu os assignats pelo franco, a nova moeda nacional, organizou os Liceus, que promoviam ensino e qualificação da mão de obra, coibiu a organização sindical e as greves e criou o Código Civil, instrumento de proteção das relações de propriedade privada. Com o fortalecimento econômico em plena marcha, a França acabaria entrando em rota de colisão com a Inglaterra em busca de uma nova equalização do mercado europeu.

IMPÉRIO NAPOLEÔNICO (1804 – 1815)
Napoleão Bonaparte, apesar da reconhecida prosperidade econômica que favorecia as classes burguesas, não estava ainda seguro no regime consular, enfrentando conspirações monárquicas articuladas pelo Conde D’Artois e novas movimentações externas oriundas de Londres. Napoleão, com entusiástico apoio popular, ampliou significativamente seus poderes ao determinar que o consulado passaria a ter caráter vitalício. Esta medida procurava garantir que os Bourbons não retornariam ao poder, o que significaria um retrocesso ao Antigo Regime, além de proteger o governo da remota possibilidade de um assalto jacobino.

Ao normalizar as relações com Roma, através da Concordata de 1801, Napoleão buscou legitimar seu regime através do papado, convidando o próprio Sumo Pontífice a coroá-lo em Paris, na catedral de Notre Dame, em dezembro de 1804. O gesto de consagração de Napoleão Bonaparte pela Igreja Católica era a mesma unção que os monarcas absolutistas do Antigo Regime recebiam e que denominávamos de “direito divino”. No momento em que o Papa Pio VII ia consagrar Napoleão, entretanto, a coroa foi retirada de suas mãos pelo líder francês que se auto coroou Imperador Napoleão I.

A coroação de Napoleão Bonaparte frustrou os liberais na Europa que o consideravam um ícone do liberalismo nascente do século XIX contra a sociedade aristocrática dos anos anteriores. Ludwig van Beethoven, que compusera a 3ª Sinfonia, denominada Eroika, para Napoleão, rasurou a dedicatória, compondo posteriormente a Wellington’s Victory, em homenagem ao comandante militar inglês que sobrepujaria Napoleão em Waterloo, em 1815.

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