A Guerra Fria I: os tempos da bipolaridade

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Com o fim da Segunda Guerra Mundial e derrotadas as potências totalitárias na Europa e Ásia, outra questão começava a tomar corpo nas relações internacionais: os soviéticos, outrora aliados contra o nazifascismo, voltavam ao status de inimigos das democracias ocidentais.

O INÍCIO DA BIPOLARIDADE

A Grã-Bretanha, tradicional potência europeia, arrasada e esgotada, não tinha condições de zelar pelo equilíbrio europeu. Os Estados Unidos passaram a assumir o papel de liderança mundial desempenhado pelos ingleses até então.

O discurso do presidente Harry Truman ao Congresso, em 12 de março de 1947, solicitando auxílio econômico para Grécia e Turquia, demonstra a emergência dos Estados Unidos como nova potência mundial, em detrimento da Grã-Bretanha, exaurida por quase seis anos de guerra. A Doutrina Truman, explicitada no artigo Três fontes da conduta soviética, de George F. Kennan, publicado em Foreign Affairs, determinou a linha de conduta externa americana do pós-guerra: a contenção do comunismo.

Eis parte do discurso de Truman que seria a tônica da política externa dos Estados Unidos até o colapso do sistema soviético no final da década de 1980:

Os Estados Unidos receberam do governo grego um apelo urgente de assistência financeira e econômica. Os relatórios preliminares da Missão Econômica Americana, ora na Grécia, e os relatórios do embaixador americano na Grécia corroboram a declaração do governo grego de que a assistência se faz imperativa para que a Grécia sobreviva como nação livre.

A própria existência do Estado grego é hoje ameaçada pelas atividades terroristas de milhares de homens armados, dirigidos por comunistas, que desafiam a autoridade do governo em vários pontos.

A Grécia precisa receber assistência para poder tornar-se uma democracia capaz de sustentar-se e respeitar-se.

Aos Estados Unidos cabem fornecer essa assistência.

A vizinha da Grécia, a Turquia, também merece nossa atenção.

Acredito que a política dos Estados Unidos deve ser a de apoiar os povos livres que estão resistindo à subjugação tentada por minorias armadas ou por pressões vindas de fora.

Solicito, portanto, ao Congresso, que autorize o presidente a prestar assistência à Grécia e à Turquia no montante de 400 milhões de dólares.

Além dos fundos, solicito ao Congresso que autorize o envio de pessoal civil e militar americano à Grécia e à Turquia, a pedido desses países.

A máxima moral de Washington de “passar ao largo das alianças permanentes” perdeu seu sentido. Nada mais que acontecesse no mundo seria estranho aos Estados Unidos. A despeito do discurso ideológico dos líderes norte-americanos apelarem para o idealismo de Woodrow, isto é, a defesa dos valores de democracia e liberdade, EUA e URSS travaram, em realidade, uma verdadeira batalha por áreas de influência.

O intervencionsimo estava associado diretamente com as questões de segurança nacional. Os presidentes americanos passariam a seguir a “Teoria da Contenção”, desenvolvida por George Kennan, isto é, a ideia de que a área de influência soviética deveria ficar restrita aos limites obtidos ao final da Segunda Guerra Mundial. A contenção foi colocada em prova, com vitórias para ambos os lados, diversas vezes: Berlim (1949), Coreia (1950-53), Cuba (1962), Vietnã (1961-75) e Afeganistão (1979).

A principal característica deste período (1945-89) foi a ausência de um confronto direto entre norte-americanos e soviéticos, pois devido aos armamentos nucleares os soviéticos detonaram sua primeira bomba atômica em 1949, ambos os governos temiam uma guerra nuclear. O pensador francês Raymond Aron, um dos grandes especialistas sobre Guerra Fria, sintetizou o período com a máxima “paz impossível, guerra improvável”.

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