Meu coração acelerou em ritmo de escola de samba, com umas cinqüenta rainhas de bateria sambando em cima, respirei ofegante.
- O que você está fazendo aqui Bruno? - Falei tirando as mãos deles de mim e sem me virar.
- Eu que pergunto, como você não convida um velho amigo pra uma festa dessas. - Olhei pra trás e ele riu debochado, o Bruno era gato, seu sorriso mais lindo ainda, estava vestindo um moletom gap cinza, uma calça jeans escuro e um tênis que eu havia ajudado escolher, antes de conhecer o João, quando ainda éramos amigos.
- Você disse certo. - Digo ríspida. - Não lhe convidei, logo, você não deveria está aqui.
O Bruno segurou minha mão e olhou dentro dos meus olhos, a mistura da bebida e dos sentimentos abalados fizeram com que meu corpo tivesse um esparmo, me arrepiando de ponta a ponta, apenas com o encostar de nossas mãos, mas eu tinha uma técnica, nessas ocasiões fecho os olhos e imagino as coisas ruins que o Bruno já me fez, mas dessa vez foi diferente, só consegui pensar no João, quando eu abri os olhos o nariz do Bruno estava colado com o meu, uma lágrima percorreu o meu rosto, não consegui destinguir se era de tristeza ou de alegria.
- Não. - Disse o empurrando, antes mesmo que nossos lábios pudessem se encostar. - Eu finalmente consegui, eu não te amo mais, eu não penso mais em você e eu quero que você suma da minha casa, na verdade Bruno, eu quero que você suma da minha vida. - Quando disse isso senti um peso sair das minhas costas, sorri e chorei ao mesmo tempo. Não entendo por que o João está demorando tanto, então decido ir atrás deles. - Se você não vai sair, saio eu.
Antes que cruzasse a porta o Bruno segurou meu braço com força, tanta força que mal conseguia revidar, apenas fiquei me debatendo no batente da porta a fim de sair dali.
- Eu não entendo, toda vez que me aproximo de você, você se arrepia, chora, eu percebo suas reações Cléo, eu sinto que você quer me beijar. - Falou ele jogando seu corpo contra o meu me imprensando na parede, virei meu rosto, ele o segurou, arranhei o rosto dele com toda minha força, sempre possuí unhas grandes, ele colocou a mão no rosto, então eu tentei fugir, comecei a gritar, porém não tive sucesso, a música estava alta demais, o Bruno segurou em minha cintura, sentia vontade de beijar ele, mas agora só sinto nojo, chutei ele com tanta força que ele caiu, fui correndo em direção as escadas, ouvi a maceneta sendo girada, mas tava trancada, em seguida batidas na porta, deveria ser o João, senti o Bruno puxar meu pé fazendo que eu caísse de bruço, sentir uma dor instantânea, meu rosto estava sobre o chão, senti o corpo do Bruno sobre meu que ainda estava seminu, chorei tomada pelo medo.
- João. - Gritei o mais alto que pude. - JOÃO ME AJUDA. - Gritei ainda mais alto. - João. -Dessa vez minha voz saiu embargada em meio as lágrimas. O Bruno colocou a mão em minha boca, abafando meus gritos. Me virou de frente pra ele, ele estava totalmente transformado, com uma cara de tarado e com lágrimas nos olhos, estava ... - Louco, você está louco Bruno.
- Eu te amo Cléo e você vai ser minha.
- Isso não é amor, isso é loucura, obsessão.
Ouvi um estrondo enorme em direção as escadas, inclinei meu rosto pra trás, ainda com as costas sobre o chão e avistei o João subindo, estava totalmente enfurecido.
- Tira as mãos dela, filho da puta. - O João suspendeu o Bruno o retirando de cima de mim em uma velocidade descomunal, começou a socar ele. - Mexa com alguém do seu tamanho. - Deu um soco no Bruno que o arrancou sangue dessa vez. Eu estava acoada no chão perto da cama, imóvel.
O Bruno revidou, então eu vi o João cair na minha frente.
-Amor. - Gritei chorando. Tava me aproximando dele e senti uma pancada muito forte em meu rosto, fazendo tudo que estava em minha volta ficar turvo, minha visão foi ficando cada vez mais escurecida, não vi mais nada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Flat 83
RandomCléo se muda para o Flat 83 de um condômino de classe alta na Tijuca, enquanto sua casa não fica pronta, após uma mudança. Lá ela se aproxima do gatinho João Pedro, vugo JP de uma maneira romântica, mas diferente do romântico que estamos acostumados...