Capítulo 6

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Imediatamente olhei pra trás, pra saber quem me deu aquela pegada estonteante.

- Tá me seguindo querido vizinho? - falei rindo.

- Você aflora meu lado piscicopata.

#Gargalhei.

- A é? - Falei no ouvido dele. Olho por olho, dente por dente.

Me afastei um pouco e comecei a dançar, ele segurou a minha mão e me puxou para si, ficamos cara a cara, claro que tive de olhar pra cima porque eu era mais baixa, esse lance de encarar já estava ficando obsoleto e frequente pra nós, já era freguês.

- Preciso beber. - Falei saindo, sim eu estava fazendo a difícil novamente, não queria que fosse algo fácil e que acabasse fácil, queria algo diferente.

Sentei novamente na mesinha do bar e o vizinho chegou por trás, sem tocar meu corpo e apenas alisando meu cabelo, esse lance de provocação estava claramente partindo dos dois lados. Ele me deu um beijo na bochecha e sentou.

- Me ver um whisky por favor.

- Dois. - O vizinho me olhou com cara de espanto.

Nosso whisky chegou e eu o tomei, antes que ele acabasse. Precisava parar de misturar ou ficaria bêbada e com uma ressaca pesada, então depois do whisky eu encerrei a carreira por hoje.

O João olhou pra mim e perguntou:

- Gosta de beber assim?

Sorri como uma criança que acaba de ganhar um doce e com brilho no olhar.

- Gosto sim.

Levantei e peguei na cintura dele e o chamei pra dançar. Ele levantou e caímos na pista. Dancei horrores, e o meu vizinho dançava meio sem jeito, sem tirar os olhos de mim, eu dançava loucamente e depois sensualmente sem tirar os olhos dele, às vezes a gente parava e ria, algumas dancinhas que eu fazia eram patéticas.

Quando olhei pra hora no meu celular já eram quatro da manhã, fui tomar uma água e como a onda passou, eu retomei a carreira com um copo de caipirinha, mas pararia por ali, palavra de escoteira, se um dia eu tivesse sido escoteira.

- Tô afim de embora. - Falei pro meu vizinho sem o olhar, apenas olhando pro copo de caipirinha quase seco.

- Então vamos princesa.

- Vamos. - Quando saimos ele fez questão de pagar toda a conta que com certeza teria sido bem cara.

- Não quero ir pra casa. - Gente não era eu, era a bebida.

- Sei de um lugar bem legal pra a gente ir. - Falou ele abrindo a porta do carro pra eu entrar. Não exitei, confiei nele e fui, qualquer coisa com o gato seria lucro.

- Pronto chegamos.

- Na praia?

- Olha seu relógio, já são 5:50, daqui a pouco seis e vamos acompanhar o nascer do sol juntos.

Mano, mano, mano!!! Conheci um príncipe?

- É verdade.

Ele tirou a blusa dele e colocou na areia então sentamos lado a lado e voialá (voalá).

A gente mal se conhecia e ele me envolveu em seus braços, ficamos apenas olhando o sol nascer e brilhar diante nossos olhos e nossos corpos. Ele começou a acariciar meu cabelo novamente, mas com muita ternura, eu que já tava jogada nos braços dele, adormeci que nem senti.

....

Quando acordei, vi que aquele quarto não era o meu, e quando olhei pro lado vi um par de olhos azuis olhando pra mim, sorri meio espantada e meu sorriso foi se esvaindo. Sentei desesperada e falei.

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