Me arrumei com short e uma regatinha decote v bem bonitinha, coloquei uma sapatilha soltei meu cabelo, passei muito rímel e um pouco de blush, pra parecer bem fofa, um batom rosa bem clarinho, nada exagerado, só o perfume. Quando sai do quarto ainda não tinha ninguém. Quando meu celular vibrou parecia que até o universo estava conspirando ao nosso favor.
Mãe: " Vamos dormir na vovó, porque ela sismou que está tarde pra ir embora, beijos e toma juízo."
Fui ver se tinha juízo na geladeira, mas não achei.
Sai de casa e bati na porta ao lado, meu vizinho abriu e estava usando camiseta, chinelo e bermuda. Tá eu não me tava tão arrumada, mas qual era daquele chinelo? Ele me deu uma olhada e falou:
- Cléozinha, como você vai em um luau na praia de sapatilha?
Eu ri. E disse:
- Vou trocar.
Fui até meu quarto e tirei a sapatilha e coloquei um chinelo, retoquei o batom, peguei minha bolsa e fui.
Descemos de elevador direto pra garagem, o João já dirigia.
- Você já tirou a carteira tão novo?
- Eu já havia aprendido a dirigir com meu pai, acabei de tirar, foi fácil, não precisei de aulas extras, já sabia mesmo como dirigir, além do que meu pai me ensinou a dirigir conforme as leis.
- Desculpa perguntar, mas cadê os seu pais? - Quando eu fiz essa pergunta já estávamos no carro.
- Meu pai é desembargador, mas ele renunciou, porque eram foda as ameaças. Antes de se aposentar ele abriu alguns comércios e depois foi morar nos Estado Unidos com a minha mãe, mas eu não queria abandonar isso aqui e eu pedi pra ficar.
- Minha mãe nunca me deixaria ficar.- ri. - Você ainda estuda?
- Sim, eu estou no terceiro ano, eu reprovei um ano, por conta da troca de lares que a gente fazia por causa do emprego do meu pai. E você?
- Eu também. Terceiro ano. O que aconteceu ontem? Quer dizer. Então querido vizinho como fui parar na sua casa?
- Então querida vizinha, você dormiu no meu colo, eu te coloquei no carro e não sabia como sua mãe iria lidar com vc em um estado meio embreagada, meio não, completamente.- ele riu.- E saiba a senhorita que veio andando com as suas próprias pernas, estavam meio embaralhadas, mas veio. Eu poderia lhe trazer no colo, mas isso chamaria bastante atenção.- rimos de verdade.
- É verdade. Me desculpe por isso.- ele acentiu com a cabeça.- E obrigado por me trazer sã e salva, quer dizer, nem tão sã, mas pelo menos salva.
- Disponha.
O carro ficou em silencio ate que:
- Chegamos.
A galera toda da banda tava lá, Math, Marcelo, Diana, até a Jess tava, também havia uma galerinha que eu ainda não conhecia. A galera tava toda sentada em roda e no meio havia uma fogueira. Nem tinha percebido que o João tava com um violão na mão, até agora.
Entramos na roda, sentamos um ao lado do outro e o João começou a tocar Natiruts e geral começou a cantar, todos juntos.
"Cresça, independente do que aconteça
Eu não quero que você esqueça
Eu gosto muito de você.
Chego, e sinto o gosto do teu beijo
É muito mais do que desejo
E da vontade de ficar, teu olhar
É forte como a água do mar
Vem me dar, novo sentido para viver e cantar à noite.
Quero ser feliz também, navegar nas águas do teu mar
Desejar para tudo que vem flores brancas, paz e iemanjá"
Tava passando uma garrafa de vodka de mão em mão, embalada em um pacote de papel sei lá. A cada mão que passava era uma golada, inclusive na minha. Geral rindo, brincando, se divertindo, digno de um luau. De repente eu senti maior marolão e exatamente, o cachimbo da paz tava rodando. Eu nunca havia fumado maconha, nunca nem tinha visto de perto. Então o João deu um tapa e perguntou:
- Vai fumar linda?
- Não. Eu não. Eu nunca. É que eu nunca fumei.
Ele riu, eu fiquei com cara de tacho.
- Presta atenção Cleozinha, é fácil. Você puxa, prende e solta.- Após explicar ele fez uma pequena demonstração. - Quer tentar?
Então eu pura e inocente, querendo ser vida louca fui tentar. Puxei. Prendi. Engasguei e depois soltei tossindo.
- Eita Cléozinha. - riu. - Quase lá. Vamos tentar de novo, tudo bem? Quando o efeito bater você vai gostar.
- Ok. - Falei rindo horrores da situação.
Então ele fez outra demonstração, não sei como conseguiu prender tanto tempo e depois me passou o baseado então eu novamente puxei, prendi e soltei. Dessa vez deu certo.
Depois de monopolizar o baseado a gente deu na mão da Diana. Eu olhei pro João e comecei a rir. Então a gente ficou lá mais um pouco, bebeu mais um pouco e deu mais um tapa. Mas queríamos privacidade. Nem precisamos falar nada, só a nossa velha e amiga linguagem dos olhos bastou.
- Ei Diana tem alguma canga aí?- Perguntou o João.
- Tenho, toma aqui. - Falou a Diana jogando a canga e fazendo cara feia.
- Valeu Di. - Falou ele dando um beijo na testa dela.
A gente se afastou um pouco do pessoal, mais perto do mar e estendemos a canga. Deitamos lado a lado. E eu comecei a rir, e depois ele e depois nós e eu já tava me achando uma idiota. Acho que nunca mais fumo esse troço.
- Você e a Diana já tiveram alguma coisa?
- Não.- ele riu. - A Diana tem ciúmes de todos nós. Sempre que aparecemos com alguma garota nova, ela fecha a cara.
- Ah, então você sempre aparece com alguma garota nova?
- Não foi isso que eu quia dizer. - Respondeu ele sério.
Comecei a rir.
- Eu sei, tô só tirando uma onda com a tua cara.
Começamos a rir.
- Poxa gata, assim não vale.
Eu parei e comecei a olhar a lua ela tava divinamente linda, iluminado todos nós, cheia e refletindo na água, até parecia que estava perto de nós, quando olhei para o lado percebi que o João também observara a lua.
- Tá estonteante não é?
- É, assim como você, sempre que eu a vejo.
Eu ri desse clichê, mas eu achei lindo sabe.
- Você não acha engraçado a forma que a gente se aproximou, tão rápido e tão sei lá, intenso, quer dizer parece que já nos conhecemos a anos.
- Eu também acho Cléozinha.- Riu. - Gostei disso.
- Sabe o que eu gostaria? Cair nesse mar.
- Vamos cair?
- Vamos.
A gente tirou as roupas eu fiquei só de calcinha e sutiã mesmo e ele só de cueca, claro. Tava me achando muito vida louca nesse dia. Dei um mergulho e quando olhei, o bonde todo se despindo pra cair. Geral caiu e começou a jogar água pra cima e um no outro e porra acho que eu nunca me senti tão viva quanto eu to me sentindo agora.
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Flat 83
RandomCléo se muda para o Flat 83 de um condômino de classe alta na Tijuca, enquanto sua casa não fica pronta, após uma mudança. Lá ela se aproxima do gatinho João Pedro, vugo JP de uma maneira romântica, mas diferente do romântico que estamos acostumados...