Capítulo 7

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  Me arrumei com short e uma regatinha decote v bem bonitinha, coloquei uma sapatilha soltei meu cabelo, passei muito rímel e um pouco de blush, pra parecer bem fofa, um batom rosa bem clarinho, nada exagerado, só o perfume. Quando sai do quarto ainda não tinha ninguém. Quando meu celular vibrou parecia que até o universo estava conspirando ao nosso favor.

   Mãe: " Vamos dormir na vovó, porque ela sismou que está tarde pra ir embora, beijos e toma juízo."

  Fui ver se tinha juízo na geladeira, mas não achei.

  Sai de casa e bati na porta ao lado, meu vizinho abriu e estava usando camiseta, chinelo e bermuda. Tá eu não me tava tão arrumada, mas qual era daquele chinelo? Ele me deu uma olhada e falou:

- Cléozinha, como você vai em um luau na praia de sapatilha?

  Eu ri. E disse:

- Vou trocar.

  Fui até meu quarto e tirei a sapatilha e coloquei um chinelo, retoquei o batom, peguei minha bolsa e fui.

Descemos de elevador direto pra garagem, o João já dirigia.

- Você já tirou a carteira tão novo?

- Eu já havia aprendido a dirigir com meu pai, acabei de tirar, foi fácil, não precisei de aulas extras, já sabia mesmo como dirigir, além do que meu pai me ensinou a dirigir conforme as leis.

- Desculpa perguntar, mas cadê os seu pais? - Quando eu fiz essa pergunta já estávamos no carro.

- Meu pai é desembargador, mas ele renunciou, porque eram foda as ameaças. Antes de se aposentar ele abriu alguns comércios e depois foi morar nos Estado Unidos com a minha mãe, mas eu não queria abandonar isso aqui e eu pedi pra ficar.

- Minha mãe nunca me deixaria ficar.- ri. - Você ainda estuda?

- Sim, eu estou no terceiro ano, eu reprovei um ano, por conta da troca de lares que a gente fazia por causa do emprego do meu pai. E você?

- Eu também. Terceiro ano. O que aconteceu ontem? Quer dizer. Então querido vizinho como fui parar na sua casa?

- Então querida vizinha, você dormiu no meu colo, eu te coloquei no carro e não sabia como sua mãe iria lidar com vc em um estado meio embreagada, meio não, completamente.- ele riu.- E saiba a senhorita que veio andando com as suas próprias pernas, estavam meio embaralhadas, mas veio. Eu poderia lhe trazer no colo, mas isso chamaria bastante atenção.- rimos de verdade.

- É verdade. Me desculpe por isso.- ele acentiu com a cabeça.- E obrigado por me trazer sã e salva, quer dizer, nem tão sã, mas pelo menos salva.

- Disponha.

  O carro ficou em silencio ate que:

- Chegamos.

  A galera toda da banda tava lá, Math, Marcelo, Diana, até a Jess tava, também havia uma galerinha que eu ainda não conhecia. A galera tava toda sentada em roda e no meio havia uma fogueira. Nem tinha percebido que o João tava com um violão na mão, até agora.

  Entramos na roda, sentamos um ao lado do outro e o João começou a tocar Natiruts e geral começou a cantar, todos juntos.

"Cresça, independente do que aconteça

Eu não quero que você esqueça

Eu gosto muito de você.

Chego, e sinto o gosto do teu beijo

É muito mais do que desejo

E da vontade de ficar, teu olhar

É forte como a água do mar

Vem me dar, novo sentido para viver e cantar à noite.

Quero ser feliz também, navegar nas águas do teu mar

Desejar para tudo que vem flores brancas, paz e iemanjá"

  Tava passando uma garrafa de vodka de mão em mão, embalada em um pacote de papel sei lá. A cada mão que passava era uma golada, inclusive na minha. Geral rindo, brincando, se divertindo, digno de um luau. De repente eu senti maior marolão e exatamente, o cachimbo da paz tava rodando. Eu nunca havia fumado maconha, nunca nem tinha visto de perto. Então o João deu um tapa e perguntou:

- Vai fumar linda?

- Não. Eu não. Eu nunca. É que eu nunca fumei.

Ele riu, eu fiquei com cara de tacho.

- Presta atenção Cleozinha, é fácil. Você puxa, prende e solta.- Após explicar ele fez uma pequena demonstração. - Quer tentar?

  Então eu pura e inocente, querendo ser vida louca fui tentar. Puxei. Prendi. Engasguei e depois soltei tossindo.

- Eita Cléozinha. - riu. - Quase lá. Vamos tentar de novo, tudo bem? Quando o efeito bater você vai gostar.

- Ok. - Falei rindo horrores da situação.

Então ele fez outra demonstração, não sei como conseguiu prender tanto tempo e depois me passou o baseado então eu novamente puxei, prendi e soltei. Dessa vez deu certo.

Depois de monopolizar o baseado a gente deu na mão da Diana. Eu olhei pro João e comecei a rir. Então a gente ficou lá mais um pouco, bebeu mais um pouco e deu mais um tapa. Mas queríamos privacidade. Nem precisamos falar nada, só a nossa velha e amiga linguagem dos olhos bastou.

-  Ei Diana tem alguma canga aí?- Perguntou o João.

- Tenho, toma aqui. - Falou a Diana jogando a canga e fazendo cara feia.

- Valeu Di. - Falou ele dando um beijo na testa dela.

  A gente se afastou um pouco do pessoal, mais perto do mar  e estendemos a canga. Deitamos  lado a lado. E eu comecei a rir, e depois ele e depois nós e eu já tava me achando uma idiota. Acho que nunca mais fumo esse troço.

- Você e a Diana já tiveram alguma coisa?

- Não.- ele riu. - A Diana tem ciúmes de todos nós. Sempre que aparecemos com alguma garota nova, ela fecha a cara.

- Ah, então você sempre aparece com alguma garota nova?

- Não foi isso que eu quia dizer. - Respondeu ele sério.

Comecei a rir.

- Eu sei, tô só tirando uma onda com a tua cara.

Começamos a rir.

- Poxa gata, assim não vale.

  Eu parei e comecei a olhar a lua ela tava divinamente linda, iluminado todos nós, cheia e refletindo na água, até parecia que estava perto de nós, quando olhei para o lado percebi que o João também observara a lua.

- Tá estonteante não é?

-  É, assim como você, sempre que eu a vejo.

Eu ri desse clichê, mas eu achei lindo sabe.

- Você não acha engraçado a forma que a gente se aproximou, tão rápido e tão sei lá, intenso, quer dizer parece que já nos conhecemos a anos.

- Eu também acho Cléozinha.- Riu. - Gostei disso.

- Sabe o que eu gostaria? Cair nesse mar.

- Vamos cair?

- Vamos.

  A gente tirou as roupas eu fiquei só de calcinha e sutiã mesmo e ele só de cueca, claro. Tava me achando muito vida louca nesse dia. Dei um mergulho e quando olhei, o bonde todo se despindo pra cair. Geral caiu e começou a jogar água pra cima e um no outro e porra acho que eu nunca me senti tão viva quanto eu to me sentindo agora.

  

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