Saída Do Mundo Prisão

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Ele continuou encarando a loura, que havia parado de andar e estava o encarando de volta. Kai queria dizer algo, mas não estava dizendo. Não conseguia proferir as palavras e não sabia o porquê daquilo.

- Você não vai me julgar? - Não soube como, mas conseguiu falar o que queria. Sua expressão não era mais como a dos outros dias.

- Por que eu faria isso? - Não compreendia. O que ele queria dizer, exatamente, com o julgar?

- Eu matei quase todos meus irmãos, tentei matar a minha gêmea com o intuito de matar os filhos dela por... Por poder. - Cada vez sua voz perdida .aos força. Dizendo tudo em voz alta, começava a se envergonhar cada vez mais do que havia feito. Uma parte de si mesmo culpou a fusão.

Ficaram se olhando por um tempo. Kai pensava que seria deixado para trás, que ela estava achando que ele seria menos perigoso na prisão. Kass pensava que aquilo que ele falava era um tremendo absurdo. Como ele se atrevia a fazer tal pergunta? Como falava tudo aquilo para ela?

A expressão da original foi mudando e o bruxo teve certeza, seria deixado para trás.

- Eu sei o que está pensando. - Deu um passo a frente. - Te deixar aqui não adiantaria, você tem todas as chaves para sair daqui. Tem o ascendente - o ergueu -, o sangue - apontou para onde eles estavam. Uma das gavetas da enorme mesa de madeira de Kol - e a magia. Mas você quer um julgamento, não é? - Voltou a se aproximar. Somente um pequeno passo após sua fala. - Sinto muito, vai ter que pedir para outra pessoa o fazer, após sairmos daqui.

- Você realmente não me julga? - Perguntou preocupado e estranhando a situação. Ela realmente não era como Damon, Bonnie e seus amigos? Não havia feito amizade apenas por interesse? Realmente queria que ele saísse daquela prisão?

Era isso mesmo? Kai Parker, o sociopata, o assassino a sangue frio estava agindo de tal maneira? A mulher teve certeza, se o conhecesse antes, nunca diria que eram a mesma pessoa. Ele estava sentimental, preocupado com o que ela pensava dele. Parecia até que queria ficar lá para sua autopunição.

- Eu não posso te julgar, não depois de tudo que eu já fiz, posso julgar as suas ações, porém não vou! - Tinha certeza do que falava e transmitia sua segurança em sua própria fala. Ela o surpreendia a cada palavra. - Como eu posso te julgar, após fazer tudo que eu fiz? Após tudo que Klaus fez aos meus outros irmãos? Isso seria uma completa hipocrisia.

Ambos ficaram imóveis por um tempo, apenas se encaravam. Coisas totalmente distintas se passavam em suas cabeças.

- Não me acha um vilão? - Foi a única coisa que conseguiu dizer após o silêncio que havia sido instaurado no ambiente.

- Um vilão não passa de uma vítima cuja a história não foi contada. - Se lembrou da história de seu irmão mais velho, Klaus. Dessa vez dois passos foram dados.

- Depois de tudo o que eu te contei, você não me acha uma pessoa horrível? Você realmente me acha uma vítima? - Foi a vez dele se aproximar com um curto passo. Ainda tentava entender as coisas as quais Kass deixava explícitas.

- O mundo não é horrível. Pessoas não são horríveis. Elas querem ser boas. Algo as torna ruins. - Sorriu lado e tornou a falar. - O que alguns chamam de maldade, acredito que seja uma reação apropriada a um mundo cruel e injusto. - Não falava especialmente para Kai, falava para si mesma. - Pense em tudo que seus pais te fizeram passar, toda a dor, tudo por você ser diferente... - Abaixou a cabeça. Era um ato completamente raro na família Mikaelson.

- Você me diz isso por que se identifica, não é? - Compreendeu seu lado, mesmo não sendo o que ela queria que ele entendesse. Ela queria o dar uma chance que nunca teve. Kassandra se via em Kai, assim como via Niklaus no bruxo.

Aos poucos a moça levantou a cabeça. Ela estava tendo vários flashbacks, durante a conversa com seu novo amigo. Estava se lembrando do que Mikael a fez passar, do que fez todos seus irmãos passarem, principalmente Klaus. Essas memórias a aterrorizavam. Mil anos se passaram e ela ainda sofria com aqueles tempos.

- Acho que é melhor irmos, não podemos perder o ápice da lua cheia e não quero passar mais um dia aqui. - Decidiu não responder a pergunta com falas, a expressão em seu rosto já havia feito isso.

- Pensei que nunca fosse perguntar. - Percebeu que sua amiga não estava bem com o assunto, decidiu não voltar a falar naquilo.

Se dirigiram para o centro do cemitério. Era um lugar que pegaria o ápice da lua cheia e conseguiria os levar para casa. Kai pegou o ascendente em seu bolso e esticou sua mão

- Vai querer fazer as honras? - Perguntou para a Mikaelson.

Ela sorriu, colocou a mão embaixo da de Kai, de uma maneira que tocasse no instrumento de magia. Depois jogou o sangue Mikaelson no meio do ascendente e Kai começou a recitar o feitiço. Era a hora de voltarem para o mundo real.
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Rebekah estava na cripta da família, onde estavam os corpos dos mortos de sua família por parte de pai. Ela não estava muito bem, sentia muita falta da irmã. Estava com uma garrafa de bourbon na mão. Era a bebida favorita de Kassandra. Deu um gole, se sentou no banco que havia na cripta e começou a falar.

- É... Está acontecendo. Falarei em voz alta com uma cripta repleta de meus familiares mortos. Todos menos você, Kass.- Fez uma pausa curta. - Porque onde quer que você esteja, não é aqui. Eu devo dizer, não estou me saindo tão bem sem você. Continuo tentando recomeçar, mas... Não consigo ir a lugar nenhum. Porque estou perdida, irmã. Estou perdida...

Bekah fica um tempo olhando para o chão, se lamentando, até que se levantou com raiva e jogiu a garrafa. Ela não quebrou, nem mesmo bateu em algum lugar. Alguém a segurou. Rebekah ficou sem saber o que fazer, dizer ou expressar.

- Sério? Eu sumo por um tempo e acha que é motivo para desperdiçar uma garrafa de bourbon? - Tomou um gole.

- Kassandra? - Perguntou baixo, ainda tentando digerir tudo.

- Sim. Em carne e sangue. - Fez uma piada.

- Como eu estou te vendo agora? - Sua irmã não entendia o que estava acontecendo. Ela estava morta e ninguém havia dito nada sobre um feitiço de ressurreição.

Sim, elas viviam com bruxas e seres sobrenaturais, o que não tornava a ressurreição algo tão difícil, mas quem iria querer trazer uma Original de volta? Se sua família não tinha a dito nada, certamente não foram eles. Se tivessem sido, ela estaria em Mystic Falls e não em New Orleans.

- Porque eu não estou morta, Bekah... - Começou a caminhar lentamente em direção a sua irmã mais nova. - Digo, o bourbon é bom, mas não do tipo que te faz ver mortos. - Se aproximou mais. - É uma longa história, maninha. Mas... Eu voltei. - A loura mais nova permaneceu petrificada. - Eu voltei! - Repetiu na esperança de trazer sua irmã de volta a realidade.

Rebekah levou uma de suas mãos ao ombro da mais velha, na intenção de ter certeza de que ela estava parada a sua frente e não era apenas frito de sua imaginação. Ao ver que era real, instantâneamente, a puxou para um abraço.

- Eu voltei. - Sussurrou e sentiu lágrimas em seu ombro. Rebekah estava emocionada com a sua volta. Emocionada e feliz.

Kassandra MikaelsonOnde histórias criam vida. Descubra agora