Coração Selvagem

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- Eu li as cartas. - Kass dizia. Kai estava no jardim durante a mudança de tarde para noite. - Você ia embora... Por quê? - O herege se virou para a vampira que se aproximava.

- Eu não sei... - A aproximação continuou. - Acho que eu pensei que seria o melhor para você. - Parou na sua frente.

- "Vai ser melhor para todo mundo, se eu for embora. Eu sei que vai me entender. Mas para ser sincero, eu não dou a mínima para o mundo." - Repetiu uma parte da primeira carta que havia recebido. - Aqui vai a novidade, eu também não sou a mínima para o mundo. - Sorriu de lado para ele. - Também não dou a mínima para o que é melhor para mim. - Tinha ficado um pouco indignada com a resposta de Kai. "Acho que eu pensei que seria o melhor para você.". Não ficaria melhor sem ele.

- Você leu as duas cartas? - Resolveu confirmar o que o assombrava, desde que descobriu sobre a leitura das cartas. Ela havia lido a declaração dele?

- É, eu li. Achei um jeito legal de se declarar, mas devo dizer que eu prefiro declarações pessoalmente. - Sorriu e viu que Kai ficou um pouco nervoso. Ela correspondia seus sentimentos? Iria ser rejeitado? Muitas coisas passavam pela sua cabeça. Teve a ideia de ignorar tudo que passava pela sua cabeça, e apenas conversar.

- Desculpe... Não falar que te amava quando sabia que amava. - Se ela não prestava total atenção nele antes, agora estava prestando. - Acima de tudo, sinto muito por ter pensado em ir embora. - Kai realmente estava evoluindo. Ele havia pedido desculpas, isso feria o ego de qualquer vampiro, e agora ele fazia parte deles.

- Lembra de quando você me perguntou sobre se apaixonar? - Quebrou o silêncio que ficou entre eles depois do pedido de desculpas. Não era exatamente um silêncio, já que os grilos estavam cricrilando. Kai assentiu se lembrando da conversa. Foi exclarecedora, o ajudou a ter certeza sobre seus sentimentos. - Eu falei mal disso, e falei que quando se apaixona por alguém, é impossível tirá-la do seu coração. - O moreno não entendia em que lugar ela queria chegar. Dar um fora nele não seria mais rápido é fácil? - Acontece que eu estava errada. - Surpreendeu muito Kai. Ela não falaria isso se fosse dar um fora, falaria? - Eu me apaixonei por outra pessoa, isso fez o Enzo, por exemplo, ser tirado do meu coração. - A resposta é, sim ela falaria. Kai sentiu como se estivesse sendo torturado mentalmente. Qual era a necessidade de torturar o bruxo psicologicamente antes de dar um fora nele? O próprio fora não seria difícil? - Me apaixonei do mesmo jeito que alguém cai no sono: Gradativamente e de repente, de uma hora para outra. - Deu mais um passo, diminuindo ainda mais o pequeno espaço entre eles. - Me apaixonei por você, Malachai Parker. - Isso sim, surpreendeu Kai. Estava esperando por um fora, não por uma declaração.

Sua mão tremeu, e sua respiração acelerou quando acariciou a pele do maxilar de Kai. Era macia... E quente. Estranho, já que mortos devem ser frios.

Os lábios úmidos dele, a respiração tão irregular quanto a dela. Os dedos de Kai se contraíram contra a base da coluna de Kassandra, e deixou que ele a puxasse para perto, até que seus corpos se tocassem, e o calor dele passasse para ela.

- O que foi? - A loira perguntou, e apoiou a mão em seu peito, preparando para afastar o corpo. Mas a mão de Kai passou para baixo de seu cabelo, detendo-se na base da nuca dela.

- Estou pensando que talvez beije você - Disse ele, baixinho, e determinado.

- Então beije. - Corou diante da própria ousadia. Rebekah era muito mais ousada, principalmente em questões como essas.

Em vez de beijá-la de imediato, Kai apenas deu uma risada rouca e se inclinou.

Os lábios dele tocaram os dela... Eram macios e quentes. Kai recuou um pouco, Kass abriu os olhos. Ele ainda a encarava, e ela encarou de volta quando a beijou de novo, mais forte. O herege recuou mais intensamente dessa vez e olhou.

- É só isso?- A híbrida indagou, e ele riu e a beijou vorazmente.

Suas mãos envolveram o pescoço de Malachai, puxando-o para perto esmagando seu corpo contra o dele. As mãos do homem percorreram suas costas, brincando com seu cabelo, segurando sua cintura, como se ele não conseguisse tocar o suficiente de seu corpo de uma só vez.

A Mikaelson não percebeu quando os braços de Kai envolveram seus ombros ou quando ele assumiu o controle do beijo, como uma pessoa morrendo de sede que finalmente encontra água.

Kas não sabia dizer quanto tempo durou. Por fim tirou os braços do pescoço de Kai e recuou, ao mesmo tempo em que Kai soltou um gemido grave e se afastou.

- Eu não posso fazer isso. - Acabou assustando Kai. Não poderia beija-lo?

- O quê?

- Fingir que somos apenas amigos. - Um grande alívio percorreu o corpo dele. - Eu penso em você o tempo todo. Você pensa em mim?

- O tempo todo. - Sorriram um para o outro e colaram as testas.

- Se não vamos ser amigos, o que seremos? - Perguntou ainda sorrindo. Descolou as testas e abraçou sua cintura.

- Vamos ser nada. - Disse sério. Era a vez dela pagar pelos sustos que deu nele.

- Nada? - Ficou confusa. Tinha acabado de receber declarações dele e agora isso?

- É, dizem que nada dura para sempre. - Sorriu e levou um tapa dela. Um tapa forte, já que ela esqueceu de controlar a força sobrenatural que vinha da sua parte vampira e da sua parte lobisomem.

- Idiota! - Disse e ele voltou a sorrir para ela.

Kai também passou seu braços pela cintura dela e ficaram se encarando.

- Seu irmão não vai me matar? De novo. - Completou após alguns segundos. - Por que eu não quero ter que ficar fazendo feitiços protetores.

- Estragou o momento fofo, Malachai.

- Malachai? Então quem vai me matar vai ser você, não o Klaus. - Levou outro tapa no braço, desta vez ainda mais forte.

- Respeita o momento fofo!

Kassandra MikaelsonOnde histórias criam vida. Descubra agora