"JULIETA:
Por que partir tão cedo? Inda vem longe o dia...
Ouves? É o rouxinol. Não é da cotovia
Esta encantada voz. Repara, meu amor:
Quem canta é o rouxinol na romãzeira em flor.
Toda a noite essa voz, que te feriu o ouvido,
Povoa a solidão como um longo gemido.
Abracemo-nos! Fica! Inda vem longe o sol!
Não canta a cotovia: é a voz do rouxinol!ROMEU:
É a voz da cotovia anunciando a aurora!
Vês? Há um leve tremor pelo horizonte afora...
Das nuvens do levante abre-se o argênteo véu,
E apagam-se de todo as lâmpadas do céu.
Já sobre o cimo azul das serras nebulosas,
Hesitante, a manhã coroada de rosas
Agita os leves pés, e fica a palpitar
Sobre as asas de luz, como quem quer voar.
Olha! Mais um momento, um rápido momento,
E o dia sorrirá por todo o firmamento!
Adeus! Devo partir! Partir para viver...
Ou ficar a teus pés para a teus pés morrer!JULIETA:
Não é o dia! O espaço inda se estende, cheio
Da noite caridosa. Exala o ingênuo seio
O sol, piedoso e bom, este vivo clarão
Só para te guiar por entre a cerração...
Fica um minuto mais! Por que partir tão cedo?ROMEU:
Mandas? Não partirei! Esperarei sem medo
Que a morte, com a manhã, venha encontrar-me aqui!
Sucumbirei feliz, sucumbindo por ti!
Mandas? Não partirei! Queres? Direi contigo
Que é mentira o que vejo e mentira o que digo!
Sim! Tens razão! Não é da cotovia a voz
Este encantado som que erra em torno de nós!
É um reflexo da lua a claridade estranha
Que aponta no horizonte acima da montanha!
Fico para te ver, fico para te ouvir,
Fico para te amar, morro por não partir!
Mandas? Não partirei! Cumpra-se a minha sorte!
Julieta assim o quis: bem-vinda seja a morte!
Meu amor, meu amor! Olha-me assim! Assim!JULIETA:
Não! É o dia! É a manhã! Parte! Foge de mim!
Parte! Apressa-te! Foge! A cotovia canta
E do nascente em fogo o dia se levanta...
Ah! Reconheço enfim estas notas fatais!
O dia!... A luz do sol cresce e mais em mais
Sobre a noite nupcial do amor e da loucura!ROMEU:
Cresce... E cresce com ela a nossa desventura!"
— ROMEU E JULIETA, (Ato III, cena V.); Olavo Bilac
•Narrado por Junhee•
A biblioteca real se encontra silenciosa. Cada dia que passa sinto meu coração mais pesado, o palácio se tornou grande demais e muito quieto, mesmo com a movimentação de criados, me sinto só. Não sei o que fazer, mas não aguento ficar quieto, sabendo que Eunji está sofrendo novamente por minha causa. Não sei quanto tempo se passou desde que tudo ocorreu. Podem ter se passado dias, semanas. Caminho para fora da biblioteca, meus passos são suaves, mas meu coração está apertado. Sigo em direção ao meu quarto, ao adentrar no cômodo encontro Charlie assentado em minha cama, ele me lança um olhar reconfortante.
— Como está se sentindo? — sua voz sai suave, caminho em sua direção e tomo o lugar ao seu lado. Permito que um suspiro longo escape por meus lábios.
— Me sinto frustado, angustiado, completamente ansioso. Não consigo mais ficar aqui, sem fazer nada.
— Acho que você deve tentar resolver a situação com ela. Creio que com o tempo que se passou, ela dará a você uma chance para se explicar. Acho que foi tempo o suficiente para ela esvaziar a mente.
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My Romeo
FanfictionSeo Eunji, princesa e futura rainha do reino de Welyx, se apaixona por Park Junhee, príncipe e futuro rei do reino de Trakzus. Ambos os reinos são inimigos desde o ano de 1480, ano esse que a linhagem dos Park passou a reinar Trakzus. Com a tentativ...