•°S i x°•

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•Narrado por Eunji•

Todos os olhares estão sobre mim. Não posso recuar por mais que eu queira, caso contrário eu serei considerada cúmplice dele e terei o mesmo destino. Contra a minha vontade ergo a espada, lutando contra o seu peso levanto o objeto o máximo que posso. Com dois golpes graças ao peso da lâmina, a cabeça rola no chão. Meu pai me encara e então caminho até o crânio e o seguro pelos cabelos longos do criado. Por estar de frente às câmeras, luto para não vomitar. Meu vestido, cabelo, rosto e seios estão sujos com o sangue do homem que com o primeiro golpe da lâmina, havia esguichado. Meu pai ri feito um louco, talvez ele seja mesmo, a corte ri também. Caminho até ele e o entrego a cabeça, ele a recebe dando risos altos. Depois de segundos que mais parecem durar uma eternidade, a gravação é encerrada. Eu caminho até o guarda e o entrego a espada ensaguentada, posteriormente sigo em direção a saída da sala do trono sendo seguida por toda a corte.

Vou para meu quarto, Youra ao ver meu estado vai preparar meu banho rapidamente. Eu preciso esquecer sobre o que aconteceu, definitivamente meu aniversário acaba de se tornar horrível. Cinco de Agosto de mil quinhentos e dez, a data, mês e o ano em que matei pela primeira vez. Youra logo me chama com um aceno de cabeça indicando que o banho está pronto. Eu entro no banheiro, retiro meus saltos e o colar, a criada me ajudou a tirar as vestes ensanguentadas e logo sai me deixando nua e só. Caminho até a banheira e entro devagar na água, o líquido toma uma coloração avermelhada, prendo a respiração e afundo na banheira, após contar até trinta volto a superfície respirando profundamente.

Fecho meus olhos. A imagem do cadáver juntamente de todo o ocorrido de segundos atrás surge em minha mente. Começo a chorar me sentindo arrasada, suja, me sentindo a pior pessoa na face da terra. Ouço depois de alguns minutos, passos caminhando em minha direção.

— Você está bem? — a voz doce de Chan soa por todo o cômodo.

Nego com a cabeça e solto um suspiro profundo e frustrado. Abro os olhos para encarar a parede.

— Você não teve escolha. — ele diz analisando minha expressão. — Assim como eu não tenho a escolha de ficar aqui para cuidar de você.

— Ele sabe o quanto eu odeio violência. Eu nem acredito que o matei, mesmo que fosse um traidor.

— Nossa mãe tentou o convencer mas ele disse que você precisa amadurecer, caso o contrário o reino se tornará fraco quando você o assumir.

— Foi o que ela te contou ter conversado com ele? — encaro o maior o vendo assentir.

Ele começa a me lavar, eu choro com a lembrança do sangue espirrando em mim, me sentindo um monstro. Chan termina meu banho depois de alguns minutos, eu me levanto, saio da banheira e ele me veste com o roupão. Caminhamos para dentro de meu quarto, me sento na penteadeira, o garoto desembaraça e seca meus cabelos rapidamente, assim que termina, me deito na cama. Chan caminha até meu closet demorando uns dois minutos no local, ele sai de lá e se aproxima de mim, ao meu lado ele deposita um vestido preto, curto e com mangas longas que deixam os ombros a mostra. O observo tirar saltos agulha de dentro de uma caixa, sua cor também preta. Chan segura em minhas mãos e me ergue.

— Você precisa ser forte, esqueça a morte desse cara! Ele era um traidor e é assim que você deve enxerga lo. Não quero que fique sofrendo por isso! Sorria!

Me forço a sorrir, por mais que eu não queira admitir ele está certo, preciso mostrar que sou forte caso o contrário serei obrigada a matar outros e já tenho sangue demais nas mãos. Chan sai do cômodo para que eu me vista e assim que termino, chamo o maior que entra em meu quarto. O garoto aponta para a penteadeira onde me sento, ele encara meu rosto que está vermelho por conta do choro!

— Você precisa mostrar a ele que será uma rainha incrível, forte e que não se abala com qualquer coisa! — diz, apenas concordo com a cabeça.

Chan é rápido ao fazer uma maquiagem leve com tons neutros em mim. Eu me perfumo enquanto ele arruma meus cabelos em um coque chignon. Me pergunto com quem ele aprendera tudo isso, muito provavelmente foi com Youra.

— Você está pronta para o chá da tarde e para ter sua aula de Trazyu.

Nós saímos do meu quarto de braços dados e caminhamos em direção a frente do palácio onde todos se encontram. Eu e meu irmão nos sentamos lado a lado. Para a minha infelicidade o conde Suk toma seu lugar ao meu lado, Chan parece não perceber a presença do mesmo. O chá da tarde caminha de forma tranquila para mim, isso até eu sentir uma mão acariciar minha pele. A mão passa por meu joelho até minha bunda, o toque vem do lado direito de meu corpo, ou seja, a mão pertence ao conde. (Fato sobre a autora, a descrição do assédio é real, o assediador era meu colega de classe.)

Entro em estado de choque, sem ter uma reação, duvido dos meus próprios olhos, duvido de minha própria mente. Não é real, não pode ser, eu estou imaginando isso, certo? Reprimo a vontade de chorar. Tento me afastar de seu toque mas ele se aproxima mais e continua a me tocar. Me afasto tanto que fico na ponta da cadeira, quase caindo no chão. Chan não repara na situação, assim como os outros ali presentes. Sinto a mão dele passear pela parte interna de minha coxa quase tocando minha intimidade. Retiro sua mão de mim mas logo ele a retorna tocando minha pele novamente. Isso continua até o final do chá da tarde tendo quase uma hora e vinte de duração. Ao me levantar sinto seu toque em minha bunda novamente, eu corro a procura de Chan. O vejo ao lado de Donghun, rapidamente me aproximo e de uma forma desesperada, o levo comigo para meu quarto. O garoto parece confuso com meu ato. Finalmente liberto as lágrimas que tanto queriam cair e o abraço.

— Eunji, o que houve?? — ele passa seus braços em volta de minha cintura.

— O c-conde Suk, ele m-me assediou. — digo com a voz falha, seu abraço se torna mais forte.

— Aquele filho da puta! Eu vou matar aquele desgraçado!! — eleva o tom voz.

— E-ele ficou tocando minha perna direita e quase tocou em m-minha intimidade. — digo aos soluços.

— Me desculpa por não ter notado, me perdoa pequena? Eu sou um idiota! — ele trinca seu maxilar e beija minha testa em seguida.

O garoto me solta e sai do quarto, completamente furioso. Eu me jogo na cama e fico por lá aos prantos esperando ele voltar enquanto repasso todo o acontecimento como um filme na minha mente.

My RomeoOnde histórias criam vida. Descubra agora