26 Cap: Desgraça pouca é bobagem

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Sofia

Eu poderia descrever os dias que passei junto a Taylor de varias maneiras, mas a verdade é que não existe palavras para expressar tudo o que senti estando junto a ela. Não sei colocar em palavras a sensação maravilhosa de acordar ao lado da mulher que meu coração aprendeu a amar em tão pouco tempo. Ela era um furacão avassalador que chegou na minha vida e tirou tudo do lugar. Prova disso foi que nem me importei com o trabalho. Não sei o quanto ia durar, mas eu queria que durasse pela eternidade. Eu não sei se tria todo esse tempo, mas ela era a única pessoa que havia e marcado de tal forma.
Passamos tardes inteiras na cama comendo pipoca, fazendo amor... Taylor era minha namorada. Eu era uma sortuda. Por mais que eu tivesse uma das piores doenças que alguém podia ter, não importava. Eu tinha sorte. Aquela mulher havia se doado a mim, estava do meu lado. Taylor quis me levar no medico na terça, mas fui contra sua ideia. A única coisa que queria era ficar abraçada a ela sentindo nossos corpos trocarem energias positivas e envolventes. Mas como nem tudo é como queremos, eu tinha que voltar pra casa.

- Não pega esse avião não... - Falou Taylor abraçada a meu corpo fitando meus olhos. Estávamos no Galeão esperando meu voô.

- Queria tanto ficar, mas não posso. Já te expliquei isso... - Falei apertando-a com um profundo medo de perde-la.

- Eu sei. Sexta a noite eu chego em São Paulo.

- Eu vou estar no aeroporrto te esperando...

- Vou sentir sua falta... Parece incrível, mas adorei cada minuto que você ficou comigo... Quero você perto sempre...

- Não é tão simples. Rio... Sampa...
- Só não é simples quando não queremos. Não importa a distância...

- Eu quero você. Não importa pelo tempo que seja.

- Não diga besteiras - me silenciou Taylor com um beijo - Vai ser pra sempre.

- Eu tenho que ir - falei enquanto ouvia o vôo sendo anunciado - Te espero na  sexta.

- Eu vou estar lá... E Sofia ... Eu vou ficar do seu lado. Pra tudo. Sorri e a beijei., um beijo longo, calmo e cheio de carinho e sentimento. O avião decolou e metade do meu coração ficou naquele saguão.

Cheguei em casa as energias renovadas, me preparando para ouvir tudo o que mamãe com toda a certeza me diria. Tinha ficado cinco dias fora e a bronca era iminente. Entrei em silêncio jogando minhas coisas em um canto e sai ao encalço da minha mãe.

- Sofia ! Onde você se meteu? - perguntou minha mãe em um misto de raiva, alivio e decepção.

- Estava no Rio de Janeiro - respondi sincera. Não tinha mais motivos para mentira.

- Você estava onde? Você tá ficando maluca? Quanta irresponsabilidade! Nunca imaginei que você tivesse coragem para fazer isso...

- Mãe para! - Falei alterando a voz para sobrepor a sua - Tenho algo serio para te contar.

- O mais sua irresponsável?

- Cadê o pai?

- Ele está trabalhando. O que você tem para me contar?

- Lembra que eu tive aquelas convulsões?

- Não foi apenas uma? - me perguntou incrédula.

- Não. Eu tive três no total.

- E você teve coragem de esconder isso de mim? E se tivesse acontecido algo com você? E se está acontecendo algo com você?

- Eu estava com medo. Fui no médico com o Leandro e fiz alguns exames... Eu tenho um tumor mãe.

- Que brincadeira mais sem graça Sofia . Se você acha que vai escapar da bronca que eu vou te dar por você ter ido para o Rio... Olha o absurdo...

- Queria que fosse uma brincadeira sem graça do destino, mas não é. - respondi deixando meu corpo cair em uma cadeira. - Sexta agora eu vou começar uma bateria de exames para fazer uma cirurgia exploratória. Eu posso ficar bem, mas minhas chances não são muitas.

- O médico te disse isso?

- Sim - respondi analisando minha mãe. Sua expressão era de pesar. Exatamente o tipo de olhar que eu não queria receber.

- E porque você  estava no Rio?

- Porque eu tenho outra coisa para te contar...

- E o que é?

- Eu estava na casa da minha namorada.

- Como assim namorada?

- Como se fosse um menino, porem é uma menina.

- Para de palhaçada Sofia! Nem brinca com um negócio desses...

- Não é brincadeira mãe. Não quero morrer sem que você saiba de toda a verdade. Não quero ir para o tumulo contando mentiras.

- Eu não sei o que é pior... Saber que você tem câncer ou que você tem essa doença ai...

Eu não sei o que me doeu mais. Talvez um tapa na cara não tivesse doido tanto quanto as suas palavras. Querer comparar minha orientação com um possível câncer? Não podia ser verdade.

- Que horror mãe! Eu quero apenas ser sincera com a senhora...

- Pois eu te prefiro morta a saber que você é sapatão.

Minha ideia era ir para o quarto descansar, mas ao invés disso peguei minha bolsa e sai para a rua tentando esfriar a cabeça para não voar no seu pescoço. Minha mãe estava nervosa. Ela ia se ligar da besteira que tinha falado. Não se fala isso para um filho. Não podia se falar um negócio desse para um filho. Cheguei na casa de Leandro e pedi abrigo a ele por aquela noite. Tudo iria se resolver. O mais importante era que Taylor  estava do meu lado.



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Prévia do próximo capítulo

Era hora de nos despedirmos. Trocamos um último beijo com o coração apertado, as lágrimas não escorreram pela minha face, mas molharam, ou melhor, sangraram o meu coração. Lentamente nossos dedos foram se desvinculando, e eu senti a última pontinha dos  dela tocarem os meus ...

ՏOTᗩY ✓   Kɴᴏᴡɴ SᴛʀᴀɴɢᴇʀsOnde histórias criam vida. Descubra agora