Taylor
Era hora de nos despedirmos. Trocamos um último beijo com o coração apertado, as lágrimas não escorreram pela minha face, mas molharam, ou melhor, sangraram o meu coração. Lentamente nossos dedos foram se desvinculando, e eu senti a última pontinha dos dela tocarem os meus. Separados eles pareciam vazios, frios, sem o calor do amor que emanava pela nossa pele. Quando Sofia entrou na sala de check-in eu me virei de costas para ir embora, cabisbaixa deixei que enfim, as lágrimas caíssem pelos meus olhos. Não devia ser uma cena muito inédita dentro de um aeroporto, é um lugar de despedidas e reencontros. As pessoas se emocionam em ambas as circunstâncias.
Peguei o carro no estacionamento e comecei a trilhar o caminho de volta pra casa, enquanto pensava sobre todos os acontecimentos. Aqueles dias que passei com Sofia foram reveladores para mim, nem eu sabia que podia ser tão forte. Tá certo que às vezes dava um desânimo pensar na doença dela. Era tão estranho! A garota parecia saudável.
A minha esperança era que Sofia consultasse de fato um bom médico e tirasse a limpo toda aquela história de tumor. Por mim, ela ficava aqui no Rio comigo, buscaríamos um bom especialista e faríamos o tratamento que fosse necessário pra sua recuperação. Tudo o que eu queria era viver aquela história de... sei lá, amor? Pode ser. Eu estava parecendo com a Lauren . Acordava pensando em Sofia, passava o dia pensando nela, dormia lembrando dela; sonhava com a paulistana praticamente todas as noites. Ou era amor ou era obsessão.
Por falar em Lauren , minha irmã estava bem baixo astral. Se enfiou no seu quarto desde que a tal de Maceió deu um bolo nela. Fiquei triste, tinha visto a sua empolgação para conhecer a namorada. Agora que as coisas estão clareando na minha cabeça e no coração, fico realmente comovida ao saber que a espera pela pessoa amada dói pra KCT!
Cheguei em casa e surpreendi minha irmã sentada no sofá da sala com um balde de pipoca sobre o colo.
- Vai virar uma baleia dessa maneira – falei enquanto, exausta, me sentava ao lado dela. Apanhei nas mãos um pouco da guloseima.
- Sorte sua ter uma namorada que não é tratante. – falou rancorosa – Acho que você tinha razão, não vai dar certo.
- Ei! Calma! As coisas não se resolvem no susto. Vocês já conversaram sobre o que aconteceu?
- É advogada do diabo agora, é?
- Tá de TPM? – sorri.
- Tô amargurada, mal amada e a beira de um ataque de nervos.
- Acho que a Sofia tá com câncer. – falei num desabafo.
Lolo parou de comer imediatamente, tirou do colo a bacia de pipoca, pousou-a na mesa de centro. Estava assustada, as mãos elevadas até a boca reafirmaram a minha certeza.
- Tá brincando, né?
- Bem que eu queria, mas... não, não tô! – falei e meus olhos se encheram de lágrimas. Ela me abraçou, eu deitei a cabeça no seu colo (tomando de vez o aconchego da pipoca), senti seus dedos passarem suavemente pelos meus cabelos.
- Igual o da... Miley ?
- Com a probabilidade de não ser um erro de diagnóstico.
- Nossa, Tay! Eu lamento...
- Parece castigo, sabia? – falei desanimada - Eu nunca gostei de mulher nenhuma, agora que encontro a Sofia... – ergui a cabeça, consequentemente ergui também os olhos para encara-la. “Queria que ela lesse neles os meus sentimentos” – Agora que consegui acreditar que sim, é possível amar uma outra pessoa incondicionalmente; querer bem a ela e ficar junto... construir uma história, sabe? Namorar... amar de verdade...
- Não fica assim, Tay! Vai dar tudo certo...
- Tô com medo, Lolo Eu queria poder protegê-la, mas não sei como... As vezes penso que preferia que tudo estivesse acontecendo comigo, que este tumor estivesse na minha cabeça e não na dela.
- Tay! Pelo amor de Deus, não diga isso! – assustou-se.
- É verdade... me sinto impotente. Odeio não ter o domínio das coisas.
- Mas, tay... aprenda que em questão de amor, ninguém tem domínio de nada.
- Eu sei, mas isso tá me matando.
- Vocês vão superar... – beijou minha testa – E, quando vai vê-la novamente?
- Tô indo pra Sampa no próximo fim de semana.
- Já?
- Sim. Quero ir com ela nas próximas consultas, para estar a par da real situação. Talvez Sofia tenha que operar, eu não sei! – coloquei as mãos na cabeça desolada – Eu só sei que preciso estar com ela. Não vou fazer como a Demi fez. Não vou!
- Eu sei que não, e sinto muito orgulho desta nova irmã que estou ganhando, sabia? Você nem se insinuou mais pra mim. – sorriu ao final da frase, tentei esboçar um sorriso. Eu não conseguia enxergar nada além de Sofia.
Minha mãe ficou louca quando soube que eu pedi demissão. Invadiu o meu quarto enquanto eu arrumava a minha bolsa de viagem, Lauren que vinha logo atrás pedia calma a ela.
- Eu não acredito que você fez isso, Taylor! – falou parada na porta.
- Que eu fiz o quê?
- Pediu demissão, e tudo para viajar! – apontou a minha bolsa em cima da cama.
- Sim, eu vou viajar, nem sei quando volto... – abri uma gaveta – Não é assim que você faz com a gente?
- Pare de me agredir, eu viajo a trabalho!
- Sim, e eu vou viajar por motivo de força maior, é muito diferente? – pedi que se afastasse da mala, coloquei alguns pares de meias dentro dela.
- Que irresponsabilidade! E quando o dinheiro acabar? – impediu que eu fechasse a bolsa – Um rabo de saia vale tudo isso?
Posso dizer que fiquei deveras irritada, pois para mim, Sofia representava tanta coisa, menos um simples rabo de saia. Eu me ofendi, sabia?
- Olha, aqui! Eu tô indo atrás, pela primeira vez na minha vida... de um sonho! – enfatizei a última palavra – Me desculpe por te decepcionar. Eu não presto mesmo, talvez seja a genética, sei lá! Você pode ter adotado a garota errada. – desabafei, ela recuou – Meus verdadeiros pais podem ter me deixado na porta daquele raio de redação porque descobriram que eu seria essa peste que te deixa de cabelos brancos, mas... A mulher que eu amo tá com um tumor na cabeça e nada neste mundo me fará voltar atrás e ficar longe dela. - disse e fiquei calada, com o rosto molhado de lágrimas. Ela me olhou como uma mãe que olha um filho.
- Meu, Deus, Tay! – abraçou-me – Jamais repita isso novamente. Você foi um anjo que escolheu a nossa família para abençoar, eu amo você e nunca me arrependerei por ter te adotado.
- Olha... – olhei-a desarmada - desculpa as minhas idiotices, mas... essa é a mais importantes de todas. Não posso ficar longe dela. Eu a amo! – falei num fio de voz.
- Filha... só não deixa de nos manter informadas sobre o seu paradeiro, tá? – falou suavemente. - A gente é tão parecida – sorriu – Sempre tiramos conclusões precipitadas de tudo.
Sorri ao final da frase dela, éramos intransigentes.
- Tudo bem. – beijei o rosto dela, pendurei a bolsa no ombro.
- Te levo no aeroporto, Tay! – disse Lolo com carinho.
- Obrigada! – falei, e antes de sair... – Mãe, eu amo você! – disse e dei-lhe as costas. Era difícil dizer eu te amo.
Cheguei no aeroporto de Congonhas no final da tarde de sexta-feira.
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Prévia do próximo capítuloEsperei a sexta chegar com ansiedade. Principalmente depois do que minha mãe tinha me feito. Ela pouco falava comigo e na maior parte da semana ignorou minha presença. Fiz uma serie de exames na sexta de manhã e foi o único momento em que ela se mostrou um pouco mais mãe me acompanhando no laboratório. Quando disse que ia sair ....
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ՏOTᗩY ✓ Kɴᴏᴡɴ Sᴛʀᴀɴɢᴇʀs
Fanfiction01 ¥ 𝗰𝗼𝗺𝗽𝗹𝗲𝘁𝗼 ✓ ➪ ᴄʀᴇ́ᴅɪᴛᴏs ᴘᴀʀᴀ ᴄᴀᴘɪsᴛᴀ ➪ edits_Fortamous_ ՏIᑎOᑭՏᗴ Nem todos os romances são contos de fadas, há alguns que podem matar. Esse é o caso de Taylor & Sofia. O que vocês sabe sobre o amor? - Esse negócio de exclusividade, as...