A Nova Especialista

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Capitulo 4

— Meredith, seja enfática: quem é você?

— Por que acha que eu devo dizer algo sobre mim? Você com certeza não entende.

— Bem, os diplomas na minha parede me qualificam como uma boa ouvinte. Meu mal certamente é falar demais, falar muito, mas sendo você a parte que fala, o correto seria que eu pudesse te conhecer vide o que você já conhece sobre mim: eu me chamo Irélia, tenho alguns anos, sou natural do hoje estado de Israel e sou doutora em psicologia pela universidade de Oxford; terceira da turma, sem muito estardalhaço. O que me levou a ser psicóloga foi a necessidade de ensinar as pessoas o que levei muito tempo para compreender: controle e autocontrole do meu corpo e da minha mente. Alguma vez você já parou para pensar o que nos distingue de outros animais? Certamente a resposta é a mente. Porém e, no entanto, a mente não representa cem por cento do homem. Para tal, para os crentes, o espirito representa o equilíbrio entre a terra e o céu; os cinquenta por cento restantes.

Eu não entendi.

— Não tenho um demônio.

— Não disse que tinha — ela trouxe a mãos um bloco de notas e uma caneta que fiz um "clic" quando apertou para abrir. — Apenas insinuei que o seu quadro, assim como de muitas pessoas, são como demônios que não conseguimos controlar. O que é o seu demônio?

Me estirei na espreguiçadeira e pus as mãos sobre o meu ventre.

— Há uma voz histérica... ela insiste que eu nunca vou ser feliz, por mais que tente.

— Continue, está indo bem.

— Ela grita... ela me incomoda... ela me impede de ter medo.

— Você não sente medo? Nem mesmo do pior inimigo; a morte?

— Não.

— Continue.

— Eu ouço essas vozes... faço tudo o contrário do que ela me manda.

— Por quê?

— Porque o medo é o que vai me matar. Quando eu fechar os olhos e dormir... é o medo que vai me matar. É o medo que vai apertar o meu pescoço até eu — engoli em seco. — parar de respirar.

A médica ficou em silêncio, sobretudo quando olhei na sua direção e ela moveu a cabeça um pouco para trás, questionadora.

— Eu conheci alguém que dizia tirar coragem a partir de atos de ousadia... isso a transformava noutra pessoa, capaz de fazer o que desejava pelo o que mais desejava; liberdade. Ela tinha demônios, três demônios, eles a faziam acreditar que a reação era a resposta para as suas inibições, mas no final viu que a única forma de se redimir era perdoando-os. O que você acha de reagir?

— Eu reajo.

— Como?

— Enfrentando.

— Hum... então você está me dizendo que é incapaz de dizer não as suas vozes internas?

— Sim.

— Sim?

— Não.

— Não diz, eu entendo. Talvez, Meredith, o que você precise é de distração e ocupar a mente.

— Eu desenho.

— Desenha? É um hobbie?

— Um sonho.

— Que sonho seria esse?

— Moda.

— Ah, uma estilista. Pela forma com que se veste, pelo visto é fortemente influenciada pela moda gótica americana e pela moda vitoriana da Inglaterra do século 18.

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