Seis Mil Almas

5 1 0
                                    

Capitulo 38

Eu estou viva.

Eu estou viva.

Terra e gosma grudam nos meus cabelos, nos meus cílios, mas sinto que estou viva. É Valentin quem está me arrastando até um terreno sólido acima, assim como a Cedric que tosse seco por causa poeira e depois vira de barriga para cima.

Eu me apoio sobre os meus braços enquanto olho ao redor.

Parece diferente.

São... janelas?

É como um castelo de areia, uma construção muito antiga com janelas que refletem uma luz pálida e a terra descama e cai próximo a nós. Existem escadas, é uma subida. Até certa altura Cedric consegue iluminar, mas muito além a sua luz não chega.

— Que droga é essa?

— Parecem... luzes naturais — supôs Valentin.

Ele se transformou parcialmente e pairou até lá, escalando as paredes e se surpreendendo quando a luz pálida o fez esconder o rosto e gemer.

— Mas que...

Ele voltou a nós, desabando pesadamente sobre o chão e sobre o próprio peso antes de encarar os próprios braços.

— Está de noite... é a luz da lua — ele olhou para cima. — Mas está me queimando — ele se moveu rapidamente, apalpando as partes do corpo até encontrar na camisa xadrez um pedaço de pano azul escuro grosso. — Minha mortalha não está funcionando.

Então eu notei no porquê.

— Valentin — agarrei o seu braço. Manchas avermelhadas pulsavam nele e algo como uma gosma manchava a sua roupa. — É o sangue-de-lobo.

Ele puxou o braço, grosseiro. Encarou a manche e depois levantou os olhos.

— Deve ter respingado em mim quando Cedric golpeou o demônio.

— O que quer dizer?

— Que eu não estou mais tão imortal — ele dobrou os lábios, ressentido.

Olhei mais para baixo em mim mesma, o medalhão continuava a brilhar.

— Isso está brilhando desde antes de sairmos.

— Me entregue, eu vou destruí-lo.

— Ei — Cedric interviu a minha frente quando Valentin ameaçou tomar. — Não é assim que as coisas funcionam, vamos manter esse medalhão seguro até encontrarmos uso nele.

— Que uso? É o que o anjo quer, transforma o dia em noite. O que mais tem para saber?

— Não precisamos nos importar com o medalhão, Valentin. Ele está conosco. Derrotamos a Legião, temos que destruir a tumba do anjo.

— Como pretende fazer isso, Mason? Você faz ideia de onde está ou como sair daqui?

— Cedric?

— Tudo isso é novo para mim — ele olhou ao redor, perdido. — Se aquela luz é natural, quer dizer que estamos em algum lugar acima da terra.

— Mas o que há acima da terra é a cidade.

— Então estamos sobre a cidade.

— Isso só pode ser uma torre — eu supus.

— Atenção, todas as unidades se deslocando para Sagecon Ave... — Cedric recebeu um rádio.

— Patrulha, 1300. QAP.

— Perdi o meu machado — resmungou Valentin.

Todas as unidades se deslocando para Sagecon Ave. Movimentação atípica não identificada, civis estão relatando ataques simultâneos em diversos pontos da cidade, incontáveis feridos.

Diarios MalditosOnde histórias criam vida. Descubra agora