O Dia e a Noite Mais longos

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Capitulo 37

O que de mais há nesse maldito medalhão para trazer tanta discórdia aos seus portadores? Rhen traiu os próprios irmãos e filhos para consegui-lo e para entregar a um espirito da floresta, patriarca de toda essa maldita família cujo destino, além de sofrerem por si só, trazer tanto sofrimento a quem acredita nas suas palavras.

— Devo ser a criatura mais odiosa para você.

— Não consigo ver maldade em você... apesar de tudo o que fez.

Será que ainda não vejo? Será que não consigo distinguir razão de emoção? Quando o nosso grupo rachou no tocante a ajudar um Sirus a encontrar os irmãos eu não me posicionei. Quando soube que Caio Lawson desapareceria, eu queria que esse fosse um pesadelo; que estávamos naquela noite, com ele me apoiando sobre o seu corpo e eu reclamando do seu perfume muito forte.

Ele me deixou dormir, quem sabe não sejam consequências disso e esse seja o destino que tenho evitado há tantos anos; morrer dormindo?

Eu o aperto o mais forte que posso, doendo mesmo os nódulos da minha mão.

Não há perdão que suste o tudo o que aconteceu.

O medalhão está brilhando novamente. Um brilho fantasmagórico incomoda os meus olhos quando o agarro com a mão de magia.

— Atenção, todas as unidas próximas a Fiddler's Hill...

Cedric se aproximou de mim.

— Como você está?

— Ela foi a primeira pessoa com quem conversei aqui... eu estava confusa, me sentia sendo devorada por algo que era mais forte do que eu; eu mesma. Nunca dizer não para as exigências da minha cabeça, os devaneios tornando a minha vida um inferno antes e a realidade tornando-a um inferno agora.

— Ser escolhido por Deus nunca será uma atribuição sem martírio. Todos temos demônios para enfrentar, alguns somos homens e outros não.

— Valentin?

— No canto, não quer ver ninguém.

Entreguei-lhe o medalhão.

— Ele vai querer me ver.

O local de trabalho de Dália não é o mesmo sem ela.

Valentin está passando os dedos na lamina do machado grotesco de duas cabeças.

— Como você está?

— Disse que não queria ver ninguém.

— Eu não sou ninguém.

— É alguém que eu não queria ver.

— Por que acha que eu não entendo a sua dor? Agora eu entendo. Hoje, mais do que nunca, se eu morresse teria um motivo para voltar. Fazer justiça. É isso. É a justiça que você quer, ao contrário do que Caio cria.

— Você não entende, Meredith... fazer justiça é o que me trouxe aqui hoje. No mesmo campo de batalha onde morri, três dias depois eu renasci e não havia mudado nada. Nada exceto centenas dos meus homens trucidados ao meu redor por aqueles bárbaros. Eu me levantei, peguei uma espada, perdi o controle e a última coisa de que me lembro foi o meu próprio grito ecoando quando pulei no meio deles. Ali a minha vida mudou, eu me tornei um Sirus e levei séculos para aprender a me controlar... Dália sorriu, me estendeu a mão junto a Gertruida e me ensinou sobre a sua própria dor e como também matou os homens que invadiram a sua vila próximo a Jerusalém e mataram toda a sua família. Ela se tornou Sirus naquele dia. O que você acha que entende sobre isso?

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