Capitulo 26
Quando se é pego com uma arma na escola, você é levado ao orientador e suspenso, e se torna um dos alunos reclusos que tem medo até da própria sombra e não fala com mais ninguém — tanto porque o temem, quanto porque acham que você é um perigo.
Quando um aluno cujo laudo psiquiátrico forense enviado a instituição de ensino aponta sua instabilidade mental e os cuidados especiais que se deve ter com o aluno em caso de um surto se exalta, você é levado a sala da direção, seus pais são chamados e os guardas que antes estavam do lado de fora agora apoiam o polegar e o dedo indicador sinalizando que podem usar as armas que carregam para a segurança de todos.
Eu dobrei os lábios, rendida e perdida. Não sabia o que aconteceria, mas eu provavelmente seria expulsa — se não fosse levada para um sanatório sob os cuidados do estado.
Quem não quero ver, mais uma vez se apresenta a uma mesma situação que já vivi, porém mais grave. Claro, sei que não tenho culpa. Não fui eu quem puxou um canivete, mas foi eu quem eles flagraram com ele.
O diretor Darius Mcfee é um negro imponente de cabelos grisalhos encaracolados e marcas de idade na pele, acompanhado dele está a minha mãe em seus trajes sociais.
— Meredith, você está bem, minha filha?
— Devia se perguntar se a sua filha causou alguma intempérie, senhora Mason. Carol, nossa inspetora de corredor, flagrou a sua filha com um canivete na mão enquanto ameaçava três membros das casas fundadoras de Bloodale.
— Algum motivo tinha.
Olhei para a minha mãe, tocada pela ousadia.
— Eu não puxei nada, mãe... Anabeth roubou a minha roupa, suas seguidoras tentaram me machucar com o canivete.
— Você tem provas, senhorita Mason?
Em verdade, eu queria ter. Queria ter nem que fosse uma marca, mas como eu procuraria marcas naquele momento com cinco pessoas me olhando; Carol analisando tudo o que eu fazia enquanto estava ao lado do diretor impassível.
— Não.
— Filha, você tomou os remédios?
— Não.
— Então...
Minha mãe censurou o diretor ao erguer a mão na sua direção.
— Você tem consciência do que fez?
— Mãe, eu não fiz nada. Eu juro... em nome de Deus.
— Eu acredito na minha filha, ela não mente — ela enfatizou. — Ela não mente, diretor. Desde antes Meredith vem falado que Anabeth tem causado desconforto nela e vocês mais do que ninguém deviam tomar providência contra essa menina. Não interessa se ela é filha do papa ou de quem seja, o meu marido passa o dia defendendo a liberdade do coletivo para que ninguém se sinta oprimido na América.
Minha mãe não costumava desafiar a autoridade daquela forma, parecia estressada.
— O que Anabeth disse a você, Meredith?
— Que não devia me relacionar com Caio Lawson.
— E você reagia as provocações?
— E-
Dessa vez foi o diretor quem censurou a minha mãe.
— Não, eu não reagi... o senhor precisa acreditar.
— Eu quero, senhorita Mason, senhora Mason, mas a testemunha ocular do fato está aqui sobre juramento. Ela não mentiria sobre a cena que viu. E de acordo com a documentação enviada para essa escola sobre o histórico e necessidades de Meredith, essa é uma situação diferente de outras que tivemos no passado quando alunos se ameaçaram. O que virou essa escola? Um campo de guerra? Nossos alunos são formados para serem americanos decentes, honestos e íntegros. E ameaçar quaisquer pessoas é uma falta imperdoável.
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Diarios Malditos
VampiroOs quatro diários que Meredith Mason encontrou no porão foram responsáveis por todo o mal que se abateu sobre ela e sua família. Atormentada por um quadro grave de psicose, a jovem estilista tenta ter uma vida comum e normal, porém acaba herdando pa...