A Vingança é Latente

5 2 0
                                    

Capitulo 30

Ainda era cedo e garoava fino quando atravessamos a floresta em direção a uma represa antiga que parecia fazer parte da paisagem do local. Era imensa. O som da agua sobrepujava o som do ambiente, do mato úmido e das cigarras quando chegamos a sua encosta. O cheiro de sal e o clima úmido incomodavam o meu nariz, era difícil de respirar ali. Nós demos a volta passando do cenário natural para o cenário humano em pouco mais de cinco minutos de caminhada até encontrarmos um acesso irrestrito onde uma porta enferrujada era o único impeditivo a nossa entrada.

— Ninguém trabalha nesse lugar?

— Apenas manutenções periódicas. No máximo alguns seguranças.

Nós acessamos as instalações e atravessamos todo aquele ambiente escuro e soturno onde o maquinário barulhento me manteve acordada pelo tempo em que permanecemos para examinar todo o local antes de sairmos e começarmos a fazer os preparativos para a chegada deles no instante em que fechamos as portas as nossas costas.

O rádio de Cedric tocou.

— Na escuta...

— Não vamos deixar que faça tudo sozinha dessa vez, Meredith. Eu prometo.

— Vou fazer o que for preciso... não vou perder a minha outra mão.

— Parece que as sombras da vingança são latentes ao homem — Valentin sorriu.

Cedric se aproximou.

— Eu tenho que ir, tenho uma urgência na East Prince.

— Na minha escola? O que houve?

— Petra enlouqueceu, se prendeu com Anabeth Blackwell e vai fazer uma loucura.

Eu suspirei, estupefata.

— Vão, vamos seguir com o plano e trazer o corpo — propôs Valentin.

Não imaginava que fosse capaz de correr daquela forma, sobretudo presa a tantas roupas. Mas a tensão do momento nos fez voltar a viatura o mais rápido que pudemos antes de sairmos da inercia levantando poeira e seguindo de volta para a cidade onde, claro, nos deparamos com uma carreata e movimentações de viaturas policiais, carro de bombeiros e camburões da imprensa local que notadamente seguiam em direção a minha antiga escola que, cercada de flashes e faixas de restrição, exaltavam a verdade da informação que Cedric recebeu.

Nós desembarcamos da viatura do outro lado da avenida e descemos a seguir, nos juntando a aglomeração.

— Meredith — ouvi uma voz conhecida. Era de Jenna, acenando. Ela e o namorado me convidavam, eu segui até eles enquanto Cedric atravessou a faixa delimitadora.

— O que está havendo?

Eles estavam vendo algo no celular.

— ... dessa vez, Anabeth Blackwell, você vai entender porque pessoas como você não merecem ter lugar nesse mundo.

Eu olhei a imagem mais de perto, Petra estava com Anabeth presa numa cadeira a cordas, segurando uma faca longa numa das mãos e uma garrafa de plástico na outra com um liquido que ela jogou sobre a cabeça de Anabeth que estremeceu.

— Você está descontrolada! — ganiu Anabeth, com os olhos esbugalhados e vermelhos e os cabelos espalhados no rosto.

— Você acha?

— Petra se trancou com Anabeth, quebrou uma garrafa na cabeça dela para conseguir amarra-la e começou a transmitir ao vivo nas redes sociais.

— Por que ela está fazendo isso?

Diarios MalditosOnde histórias criam vida. Descubra agora