Capitulo 29
Estou preocupada. Há meia hora não ouço nada, não vejo nada, não tenho sinal de celular ou o retorno de Dália e Valentin. Não pensei que a solidão e a incerteza fossem tão nocivas a sanidade mental de uma pessoa que acredita correr risco de vida.
Agora lucida, no entanto, sinto como isso é devastador.
Há conhecimentos guardados em livros armazenados em vãos nas paredes, papiros escritos em linguagens europeias e chinesas que parecem muito antigos. Selos e documentos que parecem importantes e, claro, estacas de madeira com o Sangue Real encapsulado. Esse é mesmo um refúgio; contra a ignorância, contra o medo, contra as trevas.
Então, eu suspirei quando ouvi algo chegar a porta e não hesitei ao pegar uma das estacas e me mover lentamente, o suficiente apenas para que eu ouça o som do vento contra as minhas orelhas e os meus próprios passos do couro no piso antigo.
Mais sacolejares e mais próximo eu estava da porta quando toquei a maçaneta — sabida de que eles não invadiriam — e engoli em seco, perdida, encurralada. Foi quando um choque atingiu a minha testa e me jogou no chão com o golpe pesado que fez a minha cabeça girar e toda a luz da tarde entrar quando notei uma silhueta feminina com os braços estendidos mover a cabeça para o lado quando os abaixou.
Porém, surpresa maior foi saber que não era quem eu esperava.
— Senhorita Maryjean?
Seus olhos luziram em verde esmeralda e ela inspirou de forma afetada.
— Eu posso te ver, Meredith. Não há lugar onde possa se esconder deles. Você tem o que eles querem.
Não era ela. Não era a sua doce voz, a soberba com que exaltava os seus trejeitos e os seus feitos.
— Quem é você?
Me arrastei para trás.
— Você sabe quem eu sou... mas nesse momento não pensa em quem eu possa ser. Não importa, na realidade. Eles enviaram uma mensagem: entreguem Crawford até a meia noite de amanhã ou o destino para os seus pais será o mesmo de Maryjean.
— Não a machuque.
Ela abriu mais os olhos, então estendeu a mão na frente do corpo e eu esbugalhei os meus próprios ao notar nas molduras da porta uma aura flamejante emanando.
— Não...
Ela deu mais um passo, sua mão começou a atravessar a barreira e então começou a pegar fogo.
— NÃAAAAO!
Quando me levantei, já era tarde demais. Eu ouvi o gemido e os grunhidos de Maryjean no instante em que todo o seu corpo inclinou para dentro do templo e ela inteira foi tomada de chamas. Seus olhos, seus cabelos, sua pele foram consumidos mais rápido do que eu conseguia apagar enquanto ela gritava e se debatia e eu gritava junto já indistinguindo o nosso desespero.
Até ela silenciar e se tornar um amontoado de carne e ossos esfolados, tendo espasmos, com olhos abertos e vítreos que me viram pela última vez.
— Não... não! — chorei aos seus pés, me permitindo desabar ao seu lado e me arrastar para evitar as chamas sobre o meu próprio corpo e roupas.
†
— Por Deus — de repente, uma segunda voz se sobrepõe ao meu choro e eu me arrasto para trás, vulnerável. — O que aconteceu aqui?
Porém, quem vem através de uma porta ao lado direito não é ninguém menos que o reverendo Adrian, abismado.
— Reverendo — sequei as minhas lagrimas de dor, minha maquiagem borrada.
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Diarios Malditos
VampirosOs quatro diários que Meredith Mason encontrou no porão foram responsáveis por todo o mal que se abateu sobre ela e sua família. Atormentada por um quadro grave de psicose, a jovem estilista tenta ter uma vida comum e normal, porém acaba herdando pa...