O Outro Oficio

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Capitulo 17

Música exalta a celebração após a posse do novo prefeito, a noite fria forçou os cidadãos a voltarem as suas casas e se trocarem antes de voltarem a prefeitura; um prédio enraizado nos anos vintes. Madeira envernizada, corrimãos texturizados, escadas espaçadas, quadros nas pares, pilares decorados e diversas mesas de trabalho onde posso ver computadores desligados.

Todos estão vestidos em trajes sociais, Maryjean não negou a noite e chegou num rico vestido violeta e um chapéu de renda combinando. Na breve conversa que tivemos, fiquei revigorada por ter ouvido que Irelia encontrou seu isqueiro de pedras preciosas e devolvido.

Eu acenei com a cabeça enquanto bebia de uma bebida forte e movia os olhos na direção oposta para não expor minha culpa naquilo. Eu lembro de quando apontei o fogo para ela, seus olhos brilharam e vitrificaram; como se ela estivesse hipnotizada e assombrada pela ponta de luz do fogo.

Então, eu me encontrava entre tantos adultos — uma das poucas que não a maioridade por ser filha do novo prefeito. Toda a atenção estava nele e os gritos das pessoas estavam nos meus ouvidos. Não os meus gritos, meus pedidos de socorro silenciosos, mas os gritos da aglomeração e a minha vontade de ir para um canto qualquer e me distanciar o quanto puder.

Porém, sou falha ao dar um giro e topar de frente com Caio Lawson. Meu copo vai ao chão, mas com um reflexo ele consegue pega-lo e ainda dar um passo para trás — evitando se sujar.

— Acho que derrubou alguma coisa.

— Eu não percebi.

Ele riu. Não era uma piada.

Uma senhora se aproximou.

— Deixa que eu limpo — ela disse.

Nós nos afastamos.

— Linda gravata.

— Não é de borboleta... Axel tem um péssimo humor.

Eu ri em silêncio.

— Por falar nele... onde ele está agora?

— Não sei. Não me importo. Quanto mais longe ele estiver das meninas, de você, melhor e mais tranquilos poderemos viver, não?

— Os amigos da Petra disseram que vocês se odeiam.

— Eu não odeio ninguém — ele me olhou de cima abaixo. — Ele que de repente começou a implicar comigo — eu levantei uma sobrancelha. — Posso conhecer os seus pais?

Eu engasguei com saliva, tal sua transição repentina de assuntos.

— O-o quê? Conhecer... os meus pais?

— O prefeito e a suposta melhor assistente de turismo da região... são esses os seus pais, não?

— S-sim, claro, mas... não sei se é uma boa ideia. Eles estão ocupados, conversando com gente importante.

— Eu também sou importante — ele disse. Nós seguimos pelo hall da prefeitura. — Tanto que você foi censurada porque Anabeth desacredita que você esteja no meu nível social. Você já esteve com alguém na sua vida?

— Nem sei o porquê de estar aqui hoje.

— Talvez haja um motivo maior, você que ainda não sabe. Continua ótima, sabia?

Olhei para ele, sem jeito.

Com ótima, o que queria dizer?

— Tudo bem.

— Ah, obrigada Caio! Você é um fofo e eu te beijaria na frente de todo mundo se não fosse deveras constrangedor.

Me escondi atrás dos cabelos, querendo rir. E pela primeira vez, estendi a mão para que ele a tomasse o guiei pelo lugar em direção aos meus pais que estavam no canto conversando com os vereadores até o meu pai me notar e ambos pedirem licença, se aproximando de mãos dadas; ternamente apaixonados.

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