A Terra Amaldiçoada

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Capitulo 22

Há muitos becos e vielas em Bloodale. O clima úmido, o cheiro de lixo provocado pelos sacos pretos deixados pelas empresas me deixam enjoada, mas sei que estou no lugar certo quando reconheço a paisagem que Petra indicou; o prédio de cor calcário que hospeda um dos três bancos da cidade. Abaixo, o beco sem saída com um portão de metal e pontas de lança cruzadas acima. Três latões de lixo verde-esmeralda estão no canto direito e próximo dali está a latrina, coberta por uma rede metálica.

Eu olho para trás, vendo se ninguém me segue ou está próximo. Há notas de dólares pequenas no chão, próximo à entrada. Eu me aproximo da entrada e olho lá dentro onde há um tubo cilíndrico daqueles de esgoto, mas está mais limpo que o esperado e um saco de pano está no canto. Agarro a rede metálica e percebo que posso desliza-la para a esquerda, há um compartimento onde ela se encaixa. Porém, não posso pegar sem descer; está longe. Me agarro na abertura e estico a mão para pegar, mas continuo longe. O que me resta é pular e recuperar o saco molhado de limo malcheiroso.

Há uma quantidade significativa de notas grandes e cheques assinados, mas, além do dinheiro roubado por Petra, o que está as minhas costas me chama a atenção. É uma galeria, acredito. Ela continua além do tubo cilíndrico, dando num corredor dividido pela encanação exposta; como um metrô, e do outro lado onde há portas e provavelmente o sistema de esgotos da cidade.

Por que ainda estou aqui?

A lanterna do meu celular me ajuda a ver melhor o caminho estreito seguindo a direita até uma moldura de porta que me leva a um lugar funesto e malcheiroso. Através dessa moldura há um curto corredor até um anexo onde no fundo há uma espécie de armário ou compartimento em madeira no formato de um arco e muita terra avermelhada com brotos apodrecidos.

De repente, um pigarro me faz voltar pelo corredor e me esconder próximo. Eu olho novamente. Há um homem lá, diante do amontoado de terra apoiando o cotovelo sobre a perna e notadamente fumando um charuto — pela quantidade de fumaça.

Pior, ele funga o nariz e depois, quando percebo que está vindo, eu me escondo e os meus olhos esbugalham na menor possibilidade de ele me notar.

Quem é? O que quer? O que está fazendo ali?

Ele não diz. Eu não sei. Ele apenas passa por mim e segue pelo corredor, virando à esquerda na direção da saída.

Os cabelos claros, um terno justo com calças altas e chapéu não me lembram ninguém que conheço a princípio.

Agora posso me aproximar de seja o que for, mas não quero sujar os meus sapatos então entro no lugar apenas para fotografar tudo e depois sair, enfim.

— O que a dama deseja? — de repente, um dos seguranças de Jackson me aborda estendendo uma mão a minha frente.

— Vim falar com Jackson Courts.

— Esse não é um lugar para garotas.

— Meu pai é o prefeito de Bloodale.

O segurança de expressões mexicanas olhou na direção do companheiro, um negro de óculos escuros.

— Tudo bem, pode entrar.

Eu olhei para os dois, confusa. Talvez o título tenha causado esse efeito, mas eu não tinha intenção e não me orgulho de tê-lo usado dessa forma.

O interior da casa continua movimentado, a parte da academia recebe muitas pessoas e a arquibancada do ringue está cheia. Jackson está longe, próximo a uma mulher. Eu aceno para que me note e ele acena para ela, pedindo licença.

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