O Frio e os Traumas

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Capitulo 16

As portas de entrada da escola já estão abertas quando subo. Há pouca gente na garagem e nas escadas, todos já começamos a entrar e eu aproveito que ela está entreaberta com a entrada de um garoto e entro junto, ganhando os corredores sem ademais pretensões.

Estou eufórica como raramente me sentia. Quero contar para alguém o que puder, esconder o que for necessário, mas, principalmente ter em mente que a partir de então tenho mais que um objetivo a cumprir. Assim, quando tiver coragem de contar aos caçadores que o motivo do cheiro estar impregnado em minhas roupas era a minha aproximação com Caio Lawson, eles veriam que ele estava limpo e nos deixariam em paz. Pelo menos pelo tempo em que, quando me distrair, a aproximação de alguém pelas minhas costas me faz bater contra o armário com um susto.

— Vocês me assustaram.

— Tem certeza? Nossos cabelos estão impecáveis — observou Anabeth Blackwell, acompanhada de duas outras garotas e Beaulegard a tira colo. Anabeth trajava num vestido preto e brilhante, as outras duas combinavam no vestido branco; uma era loira e a outra era negra com cabelos cacheados.

Encostei a porta do meu armário.

— Não nos conhecíamos bem, Meredith Mason. Você conheceu a minha mãe, ela me disse.

— Sim.

— Então, apesar da intempérie que eu perdoei de forma a massagear o meu ego enquanto a mais generosa, receba bem os cumprimentos dos Blackwell, dos Rockstad — ela apontou para a loira. — dos Vanderbelt — apontou Beaulegard. — e dos Windsor — apontou para a negra que fez um aceno de mão.

— Igual da realeza britânica?

— A própria realeza — Anabeth apontou com o polegar para trás. — Minha mãe disse que esteve com Caio Lawson. Observo que, apesar de bem quista entre os cidadãos de Bloodale, você e sua família não são tradicionais ao grau de haverem envolvimentos entre você e a família Lawson. Assim, ficam recomendações de boas condutas e comportamento... compreendeu?

Não correspondi de forma alguma.

Beaulegard fez uma arminha com a mão e piscou um dos olhos quando os quatro partiram e eu os acompanhei até desaparecerem no corredor. Não fiz caso. Não tinha porquê.

Os corredores estão cheios, faltam alguns minutos até a aula começar e, apesar de gostar muito de Petra e dos seus amigos esquisitos, eu não correspondo quando ela acena a minha aproximação porque é quando Caio, Jayden e os Príncipes passam conversando pelo corredor e pela primeira vez na minha vida estou seguindo-os com o olhar, admirada com a beleza e o carisma daqueles que no primeiro dia me receberam com uma bola.

Acho que estou num bom dia — apesar de tudo —, tanto que traço o que se assemelha a um sorriso quando Caio me nota, entrega a bola aos amigos e vem na minha direção ao meu aceno. Ele está com os cabelos longos úmidos, a pele morena tem um brilho gentil sob a luz branca do teto.

— Oi, você. Vi o que parecia um sorriso a distância e vim correndo conferir. Você está bem? Parece ótima.

— Estou... bem — admito, também pela primeira vez. — Apesar de Anabeth me intimidar a pouco... censurou minha relação com você, disse que não estávamos no mesmo nível social.

— Anabeth é um pouco severa com esse negócio de sangue, ela quer marcar território e reivindicar todos os pares que conseguir. Em breve deve te convidar para almoçar na mesa dela e então você será humilhada diante de todos, mas ela vai fazer parecer um show que não deve te incomodar, mas deve te transformar em alguém nessa escola dependendo da sua reação; a zoada, a estranha, a antissocial, a legal. Algumas meninas costumam ficar marcadas até o fim do ano.

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