IV- Gilbert Blythe

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Capítulo quatro.

Como se não bastasse a insistência de suas amigas em comentarem sobre Gilbert, ela tinha que lidar com seus pensamentos que não tinham a mínima pretensão de esquecê-lo.

Qualquer coisa que fazia, ouvia e sentia, a direcionavam para o  sentimento que nutria por ele. Era incrível como em semanas, a imagem dele persistia em dominar sua mente.

O dia havia amanhecido cinzento, e apesar de um dia nebuloso trazer uma leve sensação de tristeza, Anne conseguia encontrar pontos positivos para que o dia ficasse mais colorido.

Estava se arrumando para ir até a cidade, quando, Diana entrou no quarto com a mão no peito como se houvesse passado por um terrível apuro.

— As coisas estão ficando cada vez piores para mim — disse a menina — minha mãe quer passar a tarde comigo, ela está com a intenção de me levar na Jane do Matthew para comprar um vestido novo para mim — a garota ladeava inquieta de um lado para o outro — sabe o que isso significa?

— Um cortejo, certamente — Anne deduziu assim que prendeu o penteado — mas, você não disse que Fred deve ser alguém adorável?

— Provavelmente é — insistiu ela — mas, não estou preparada para me apaixonar por alguém.

— Acho que esse é o mal que nos rodeia — murmurou Anne — Gilbert Blythe não me deixa esquecê-lo. Faz muito tempo que não o vejo, mesmo assim, não consigo tirá-lo dos meus pensamentos.

— Apesar de eu e Jerry não termos uma bela história, posso afirmar com propriedade que eu gostava dele.

— Tem certeza que quer falar disso? — Anne se sentou — pelo que me recordo, a primeira e última vez que falamos dele, tivemos uma considerável discussão.

— Eu estava errada, mas ainda era jovem para compreender que o amor quando é sincero não se pode ser esquecido. Eu o magoei e não me perdoo por ter sido tão egoísta com seus sentimentos.

— Nunca é tarde para voltar atrás de um erro — Anne segura na mão de Diana — você acha que não pode porque se sente culpada por isso, mas, isso não é difícil de resolver. Difícil mesmo é querer alguém que se casou e está em outro país.

— Talvez Bash saiba algo sobre ele.

— Não posso perguntar sobre alguém que se casou, Diana. É desonroso.

— Sim, com toda certeza, mas, quem sabe eu...

— Ainda mais desonroso — Anne diz com veemência — imagine o escândalo que seria para sua família.

— Acalme-se Anne, Bash não é uma senhora fofoqueira como a senhora Lynde. Ele não vai me defamar.

— Tenho certeza que não — Anne disse após permitir que uma leve risada saísse — faça o que tiver vontade de fazer.

Diana ajeitou a postura e com o queixo erguido falou:

— Bom, isso eu faço com prazer!

. . .

Estava combinado de Anne e Roy de encontrarem na casa de chás de Charlottetown, era óbvio que para ela isso não era um encontro, na verdade, não passava de uma tarde para conversar sobre seus estudos.

Assim como Roy, ela estava empenhada em ser uma das melhores alunas da sala.

Chegou um pouco cedo demais, já que pelo que lembrava, haviam combinado para tomar o chá às quatro e ainda eram três e vinte.

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