XVII- Cartas que vem e vão.

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Querido Gilbert,

Devo confessar que fiquei surpresa com o que aconteceu, não imaginei que você defenderia com tanto afinco a causa que eu estou defendendo. Mas, diante de tudo isso e toda essa terrível injustiça, escrevo para agradecer a sua ajuda. Suponho que seu discurso tenha sido incitado por meu artigo, ou isso foi mera coincidência?

Em todo caso, a união faz a força sempre. Aprendemos isso em Avonlea e acho que esse é o aprendizado que jamais nos esqueceremos.

Bom, acho que é isso. O mais importante é saber que mesmo distantes, continuamos sendo um T-i-m-e, fico feliz por isso.

Espero que não tenha sido punido e que eles valorizem sua iniciativa.

Atenciosamente, Anne Shirley-Cuthbert.

. . .

Anne leu e releu a carta um milhão de vezes, se encorajava e ao mesmo tempo desistia de enviá-la. Não sabia se havia agradecido da forma correta ou se tinha sido breve demais e formal demais. Deveria dizer que sentia sua falta?

Decidiu manter a brevidade e antes que se arrependesse, foi até o correio fazer a postagem da mesma. Assim que chegou lá lhe entregaram um envelope o qual era designado para ela.

Sabia que vinha de Green Gables, a letra de Marilla estava evidente no destinatário.

Um arrepio gelado percorreu seu corpo, logo, pôs o envelope em sua pequena bolsinha de mão e depois de postar a carta para Gilbert seguiu de volta para a pensão.

Encontrou Diana sentada na sala de chás, servindo-se. Ela parecia aflita e bom, ela realmente estava.

Sentou ao lado dela que imediatamente pegou uma xícara de porcelana e lhe serviu chá.

— O que faz aqui? — Anne a encarou, tentando interpretar a expressão de seu rosto — parece preocupada.

— Você não soube? — ela piscou, confusa — Ruby chegou de Avonlea hoje e trouxe uma notícia preocupante.

— Então me conte — Anne pressionou os olhos — vamos.

— Parece que Matthew não está bem.

Rapidamente Anne puxou a bolsinha que havia deixado de lado e pegou a carta que Marilla havia lhe enviado.

— Quando fui ao correio me entregaram essa carta, não acreditei em minha intuição quando senti um arrepio estranho se espalhar por meu corpo — confessou — acho que agora entendo o que senti.

Ela abriu a carta e começou a lê-la.

Querida Anne,

Queria estar lhe escrevendo para contar boas novas, porém, essa carta infelizmente não tem esse objetivo. Vou ser direta, Matthew está doente e temo que dessa vez ele não resista. Gostaria que viesse para cá, ao menos por alguns dias, ele quer vê-la apesar de teimar em não tirá-la dos estudos. Acho que você pode comunicar a diretoria da universidade para que te dispensem. Espero que consiga vir, Jerry chegará em breve em Charlottetown para as compras, ele passará aí, caso venha, ele a trará.

Com amor, Marilla.

Os olhos de Anne se encheram de lágrimas, Diana apertou suas mãos consolando-a.

— Sinto muito por tudo isso, Anne — falou — espero que ele fique bem.

— Tenho que resolver algumas coisas, ficarei um tempo fora e quando retornar, não sei se meu mundo estará tão colorido como antes. Matthew é tão especial para mim... Eu não...

— Só pense na melhora, Anne — Diana a abraçou — ele vai ficar bem.

. . .

Gilbert havia acabado de voltar de uma rotina intensa de estudo. Estava com a mente cheia de informações sobre o corpo humano e suas reações às doenças. Estava estudando incansavelmente, principalmente depois de declarar que pesquisava metodologias indígenas. Precisava demonstrar a efetividade daquilo e por isso, estava exausto.

Ao olhar para a mesinha a qual passava parte da sua noite, observou que havia um envelope muito bem dobrado, com letras cursivas muito bem feitas e no mesmo instante pensou em Anne.

Um sorriso bobo se instalou em seu rosto, ele caminhou até a mesinha e abriu a carta. Leu calmante, apreciando o capricho de cada palavra, imaginando as reações de Anne ao escrevê-la.

Ao término da leitura percebeu o quanto ficou extasiado. Sem pensar duas vezes pegou uma folha em sua mesinha e começou a escrever de volta.

Querida Anne,

Venho por meio desta carta, confirmar sua suposição, vi o quanto seu artigo causou um desconforto considerável em parte da população e decidi apoiá-la, realmente, a união faz a força. Não fui punido, na verdade, fui advertido, contudo, ainda poderei me aprofundar em medicina indígena e caso minhas pesquisas tenham resultados positivos, futuramente poderei  revelar a minha fonte.

É bom falar com você e confesso que sinto falta de estar em casa.

E é claro que mesmo distantes, somos um bom t-i-m-e, sempre seremos, agarre-se a isso.

Espero poder vê-la em breve, acho que temos assuntos pendentes que só poderão ser discutidos pessoalmente... Além disso, torço para que as correspondências sejam constantes... Como mencionei acima, é bom falar com você.

Obrigado por escrever.

Com amor, Gilbert Blythe.

. . .


Oi meus amorzinhos lindos!

Foi um capítulo breve, eu sei... Mas os próximo capítulos serão bem cheios então espero que vocês tenham apreciado a leitura. ❤️

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