Prólogo

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Assim que adentrou o quarto da hospedagem concedida pela senhora Blackmore, Anne percorreu os olhos por todo o espaço desejando imensamente ter a presença de Diana. Era surpreendente como o vazio e o silêncio lhe atormentava. Já não bastava a falta que sentia da amiga, ainda, teria que viver e aceitar o fato de que Gilbert, havia ido embora para Paris estudar na Sorbonne, e se casaria com Winifred Rose.

Ela respirou fundo e tirando a medalhinha de amizade caminhou pelo quarto e a deixou em cima da cama a qual seria de Diana. Como poderia suportar aqueles dias? Isso era algo que não procuraria suportar, estava entrando em profundo desespero apesar de estar realizando o sonho de estar na faculdade.

Sem poder ficar presa aos seus pensamentos, foi interrompida pelas garotas que adentraram o recinto cheio de tristeza, o contagiando com toda alegria que transbordava de dentro delas.

Anne procura sorrir e fingir que estava tudo sob controle, mas era inegável não saber; se bem a conheciam, ela estava muito triste.

— É uma pena mesmo Diana não estar aqui — disse Josie Pye com sinceridade, pois, o seu desejo era que a morena desfruta-se daquele momento.

Anne soltou o ar com força como se estivesse tirando o peso de tudo que sentia.

— Ao menos, estamos aqui, juntas! — tagarelou Ruby.

— Vocês viram as regras da casa? — Josie pegou o folheto que estava posto sobre o criado mudo e começou a lê-lo em voz alta carregando muita ironia.

Faltou gritar bem alto o horário em que os cortejos eram permitidos.

Mas Anne só conseguia se atentar a uma coisa, se não fosse Gilbert que a iria cortejar, ela não queria mais ninguém.

Definitivamente, o destino a escolheu para ser casada com as aventuras.

Aquele era o romance trágico, o qual antigamente ela acharia lindo. Agora, ela só conseguia pensar no quanto era doloroso.

. . .

Gilbert assim que chegou na estação olhou uma última vez para o que estava deixando para trás, sentia-se aliviado por conseguir entrar na universidade de Toronto, ao menos, tinha isso.

Entrou no trem das oito, relembrando momentos que ficariam eternizados em sua mente, inclusive, a lousada a qual o fez se apaixonar por uma certa ruiva muito geniosa.

Perdido em seus pensamentos, não percebeu que em seus lábios se formou um sorriso discreto. E quando se atentou já era tarde demais, o homem a sua frente o encarava com um olhar de represália.

Mas para que se importar com aquilo?

Era inevitável não sorrir ao se lembrar de Anne. Apesar de toda paixão que sentia ao pensar nela, ele não poderia esquecer que ela não havia respondido sua carta de despedida. Seria isso uma maneira menos dolorosa de dizer a ele que não sentia nada?

Talvez fosse melhor assim, mas seria menos doído se ela dissesse a verdade, assim, sua mente estaria livre de qualquer questionamento. Ambos estavam seguindo rumos diferentes, e se ela não respondeu a carta, existia um belo e detalhado motivo para isso.

. . .

Diana pegou o trem das oito e meia, juntamente de seu pai. Finalmente depois de muito insistir, acabou os convencendo a deixá-la seguir sua vida na Queen's, desde que, suas notas fossem boas e ela estudasse etiqueta por conta própria.

Apesar do grande tédio que seria ter que reservar parte do seu tempo para se dedicar a algo que ela não tinha a mínima vontade, ela estava feliz a ponto de sentir as batidas de seu coração dentro do peito, iria para Queen's, estaria ao lado de Anne e poderia ser considerada uma mulher que seguia os padrões da atualidade naquele mundo o qual estava passando por grandes mudanças.

Enfim, depois de tanto batalhar, ela conseguiu as asas que tanto tentaram lhe tirar.

. . .

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