Depois de uma longa viagem, Anne finalmente chegou em Green Gables. Já era noite, o lugar estava silencioso e uma certa melancolia pairava no ar. Seu coração palpitava forte a cada passo mais próximo a porta. Seria terrível se não tivesse chegado a tempo.
Antes que pudesse se aproximar mais, a porta se abriu e a voz de Marilla preencheu seu coração, dizendo:
— Anne!
As duas se abraçaram por um bom tempo.
— Matthew ficará feliz em vê-la. Olha só como está linda — disse ela, orgulhosa.
Anne adentrou as portas da humilde casinha, onde o brilho da limpeza exagerada de Marilla reluzia no chão, nos móveis, no jogo de chá e em cada canto de Green Gables.
O cheiro do pão fresco fez sua barriga clamar por um pedaço, mas antes de qualquer mordomia, precisava ver seu querido Matthew.
Marilla a acompanhou até o quarto, ela bateu na porta e não obteve resposta. Desesperada, abriu a porta e notou que ele apenas dormia, profundamente.
— Não sei se fico aliviada por ver que ele dorme, ou se me desespero. Há dias ele não descansa, era impossível com tanta tosse. Entretanto, temo que seu sono seja profundo demais e que ele não acorde mais.
— Marilla! — Anne a repreende — pensaremos da seguinte forma, o sono é essencial para o descanso e recuperação de qualquer ser vivo. Certamente Matthew ao acordar, estará melhor.
Anne olhou para ele, por um instante, observado o quanto estava difícil respirar e como ele parecia exausto e apesar de pensar positivamente, sabia que ele precisava de cuidados especiais, só não sabia de que forma arcaria com essas despesas.
As duas desceram para o jantar, em silêncio, pensando o quão estranho era não tê-lo por perto.
Contudo, a presença de Jerry surpreendeu Anne. Ela havia se esquecido que agora ele possuía um quartinho então, automaticamente, os acompanhava durante as refeições diárias.
Ele lavou as mãos e se sentou no lugar que outrora fora de Anne, e quando a viu encarando-o insatisfeita, se levantou imediatamente.
— Pode se sentar, Jerry — ela sorriu — está tudo bem.
O rapaz de sentou e retribuiu a gentileza de Anne com um sorriso.
— Olha só, vejo que realmente amadureceu, Anne.
— Finalmente compreendi que esse é o meu lar, e será para sempre. Não existe mais a opção de me mandar de volta para o orfanato — riu — finalmente!
Marilla serviu os pratos e ambos aproveitaram a refeição sem muita conversa, ainda estavam preocupados e como era de costume, a anfitriã não gostava de conversar na hora do jantar.
. . .
Pela manhã, Anne acordou com o barulho que vinha da cozinha. Era um som abafado, mas era impossível não reconhecer que a pessoa que estava na cozinha chorava feito um bebê.
Ela se vestiu rapidamente, prendeu seus cabelos em um coque e correu em direção ao cômodo.
Rachel Lynde estava sentada em uma das cadeiras, aos prantos e a Marilla a confortava enquanto segurava em seu ombro.
— Oh Anne — ela se levantou e a abraçou — eu estou arrasada.
— O que a deixou assim, senhora Lynde?
Marilla a olhava com compaixão.
— O meu cavalo... Ele se foi.
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(Des)encontros - SHIRBERT
FanfictionOnde Gilbert e Anne seguem caminhos diferentes, ele vai para Toronto e Anne para a Queens, e o último episódio de Anne With an E, é o oposto, dando margem a uma digna e extraordinária continuação.