Capítulo vinte e dois
O caminho para Avonlea nunca foi tão longo, a ansiedade, misturada com a preocupação, faziam que um certo jovem apaixonado ficasse inquieto. Por outro lado, o silêncio de Jerry tornava o ambiente pesado e angustiante, o rapaz não sabia o que faria caso algo acontecesse com Matthew, havia se afeiçoado a ele e perdê-lo seria uma grande tragédia, não só isso, Marilla ficaria arrasada e como cuidaria da fazenda?
E Anne? E os animais? E...
— Jerry? — Gilbert interrompeu o silêncio atormentador — consegue falar?
Ele assentiu, respirando profundamente enquanto continha a lágrima que havia se formado em seus olhos, se permitisse que ela escorresse, choraria mais do que queria, e não apenas pelo fato de Matthew estar muito doente, mas também, por saber que estava perdendo Diana aos poucos para Fred Wright.
— O que quer falar?
— Sobre Matthew — Gilbert falou — o que ele está sentindo? Você se lembra de algum sintoma?
— No silêncio da noite só é possível ouvir sua tosse, é forte e ele perde o ar, foram dias
correndo até o quarto dele para ter certeza que ele ainda respirava, ele tem febre... muita dor no peito e fica o dia todo deitado. Mas quando perguntamos, ele diz que está tudo bem.
Um leve lampejo permeou os pensamentos de Gilbert, parecia um quadro acentuado de gripe, mas por tanto tempo? Uma gripe comum duraria apenas alguns dias. Seus pensamentos estavam concentrados no caso, precisava ajudar Matthew. Tal responsabilidade só o fez lembrar do quanto doeu perder alguém importante para ele, e agora que podia ajudar, não queria nunca que Anne passasse pelo mesmo.
— Você tem ideia do que pode ser?
Gilbert movimentou a cabeça, confuso. Não tinha certeza, antes precisava examiná-lo, ouvir sua tosse, observar se havia secreção e qual era sua cor, e depois de todas as suas observações, buscar um tratamento adequado.
— Pode ser pneumonia — ele considerou — mas existem vários tipos.
— E existe algum remédio pra isso? — questionou Jerry, esperançoso.
— Estou estudando uma planta que é usada pelos indígenas para a melhora de algumas doenças, como essa, por exemplo. Mas, é um estudo recente, e não tenho muitas comprovações. Violet disse que sem um quadro clínico, não será possível afirmar a eficácia, contudo, temo usar Matthew para isso, e se não der certo?
— Eu não entendi.
— Seria a primeira vez que eu tentaria usar esse medicamento...
— Ah... entendi.
Novamente o silêncio se apoderou do lugar, e a viagem tornou-se ainda mais melancólica.
E em falar em melancólico, diante de todo o cenário complicado que se estendia ao redor de Anne, ela estava em um impasse.
De alguma forma, havia nutrido um sentimento especial por Roy Gardner, e ao mesmo tempo que pensava avidamente no garoto com o olhar mais melancólico que já vira na vida, que tinha um quê um tanto romântico até, seu pobre coração indeciso batia dentro de seu peito em um ritmo mais intenso do que o de costume, afinal, mesmo não sabendo se Gilbert estava a caminho, ela sentia que ele estava próximo.
Mas o que fazer diante de tamanha indecisão? A última vez estava convicta de que Gilbert era o homem de seus sonhos, e depois de um tempo sem suas surpreendentes cartas, acabou passando tempo demais com Roy e se interessando por ele.
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(Des)encontros - SHIRBERT
FanfictionOnde Gilbert e Anne seguem caminhos diferentes, ele vai para Toronto e Anne para a Queens, e o último episódio de Anne With an E, é o oposto, dando margem a uma digna e extraordinária continuação.