(Des)encontros - SHIRBERT

V- O cortejo de Diana.

Capítulo cinco.

Diana voltou para a hospedagem com muitas informações sobre Gilbert, o que ela não imaginava era que Anne também já tinha algumas informações bem relevantes sobre o assunto.

Assim que entrou no quarto, Diana correu em direção a Anne, que escrevia alguma coisa na escrivaninha, a ruiva estava muito concentrada no que fazia, tanto, que nem notou a chegada da amiga.

Diana falou em voz alta tirando Anne de seu mundo pessoal:

— Gilbert Blythe está em Toronto!

Anne pulou de susto assim que ouviu a voz da amiga, realmente estava muito concentrada no que estava fazendo, o que a propósito era uma carta para o garoto, ela só precisava do endereço para enviar a carta, estava muito decidida sobre a atitude que tomaria com relação a isso, só não imaginou que Diana lhe traria tal informação importante. A revelação do local onde supostamente Blythe residia, lhe deixou bastante insegura.

Ansiosa Anne se levantou, segurou a mão de Diana e as duas começaram a girar feito criança. Não tinha como conter tamanha alegria, finalmente Anne tinha respostas, não específicas mas tinha. O que era suficiente, se Gilbert não havia casado só podia ter um motivo, ele não estava apaixonado por Winifred Rose.

E se tinha uma coisa que Anne tinha certeza, era que Gilbert jamais iludiria uma garota, afinal seus princípios eram incontestáveis.

Mesmo assim, com todas as respostas e uma curiosidade que a tomava por completo, seus instintos lhe induziram a desistir do envio da carta.

Logo, tiveram a ciranda interrompida e ela encarou Diana com um olhar de arrependimento como se suas certezas não fossem suficientes para dar um passo tão grande; ela estava com medo.

Medo do que ele acharia, medo de como se adaptaria a situação, medo de se magoar novamente.

Apesar de ter o grandioso sonho e anseio de ser amada, sua vida lhe mostrou das maneiras mais horríveis o quanto era doloroso ser rejeitada.

Decidida ela respirou fundo e Diana notou que havia algo errado, Anne estava com os olhos arregalados e a pupila tão dilatada que ela imaginou que em breve, explodiria.

— Onde eu estava com a cabeça quando comecei a escrever isso? — ela aponta para o papel e o amassa — não posso, Diana. Ele me disse que não podíamos ter nada e ele nem teve coragem de dizer em minha cara. Mandou uma carta! — soltou ofegante como se estivesse em colapso.

— Na realidade, você rasgou a carta e não sabe o que ele escreveu. — Diana rebateu, bastante nervosa com a insanidade de Anne.

— É claro que sei, estava bem claro.

— Você pode ter simplesmente juntado as letras erradas.

— Se ele sentisse algo por mim, teria dito naquela noite quando passamos em primeiro lugar na Queen's. Diana, eu perguntei se ele tinha algo para me dizer e ele me parabenizou. Então, não acho que sinta algo por mim.

— Qualquer um sabia que ele sentia algo por você Anne, aquele dia na dança...

— Depois ele apareceu na feira junto de outra garota. Se isso é amor, eu tenho um conceito muito equivocado sobre.

— Mesmo assim correu atrás de você quando você errou no bolo. — ela tenta.

— Porque sentiu pena de mim!

— Porque ele sabia que te amava e era doloroso para ele vê-la sofrer sem dizer com palavras o que sentia.

— Diana! Você quer me ver indo atrás dele para dizer o que sinto, sabendo que não é correspondido?

— E por quê não seria correspondido? — a morena disse impaciente — diga-me um motivo.

— Por toda nossa rivalidade, a lousada, a inimizade que criei com ele e tudo de ruim que falei pra ele, minha ignorância e medo de sofrer!

— Meu Deus Anne, não é possível que não entende! Gilbert desistiu de Winnie na última oportunidade e desistiu de tudo que sonhava e foi para Toronto, não acha que existe algo que vá além de tudo isso? Um motivo grandioso?

— Sim, seu caráter. Ele jamais se casaria por interesse.

— Se ele entendesse que seu coração pertencia a outra pessoa, ele não se casaria sem amor. 

— Pode até ser isso, mas claramente o motivo não era eu.

— Por favor Anne, é tão difícil aceitar que ele ama você?

— Se ele me ama Diana, por que não está aqui?

Diana respirou fundo e preferiu manter o silêncio, claramente perplexa com as atitudes de Anne, ela decidiu ir para a casa de Josephine se arrumar para a tão esperada noite em que conheceria Fred Wright.

A garota, não estava animada. Na verdade seu coração batia em ritmo descompassado por simplesmente imaginar que se Jerry soubesse de tal informação ficaria arrasado, precisava resolver isso, o quanto antes.

Apesar de seu enfoque ser em sua vida projetada por seus pais, ela não ficaria em paz consigo mesma sabendo que Anne estava passando por apuros.

Assim que chegou aos aposentados que sua tia Jô preparou para sua breve estadia, a morena, pegou uma folha junto de uma caneta, encorajou-se enquanto analisava os objetos, ficou com um pouco de receio ao imaginar Anne descobrindo tal atitude sua, mesmo assim, ela não podia ficar sem respostas, então mesmo tomada por sua insegurança ela começou a escrever...

Olá Gilbert,

Talvez você esteja completamente surpreso com essa carta vinda de minha pessoa, mas, preciso que me diga algo.

Vou ser direta, acho que fazer rodeios acerca disso seria uma perda de tempo, principalmente sendo um assunto de suma importância.

Acho que conhece a senhora Lynde, não é? E sabe que ela consegue fazer uma boa fofoca, até mesmo, de assuntos que estão escondidos a sete chaves.

Bom, o assunto da vez foi você e seu suposto término de noivado. Isso é verdade?

Não queria ser invasiva a ponto de fazer-lo revelar seus motivos, mas, preciso de uma única resposta.
Foi por causa de Anne?

Espero que me diga a verdade, pois, não conseguirei viver imaginando que tudo que aconteceu entre vocês foi fruto de minha imaginação, eu não seria capaz de criar-lo em minha mente com tantas características, como por exemplo, olhares apaixonados acompanhados de suspiros.

Por favor, seja honesto consigo.

Atenciosamente, Diana.

Assim que terminou de escrever, ela dobrou a folha e a colocou em um envelope, lacrou e colocou o destino do envio.

Entregou o objeto para o mordomo de Josephine e pediu para que aquele envio fosse sigiloso.

Estava orgulhosa de si mesma, apesar do medo em brigar com Anne por causa disso.

Agora sim, poderia aproveitar a noite a qual sua mãe preparou para que ela conhecesse Fred.