Capítulo um.
Tomada por sua inquietação Anne decidiu cantarolar em seu quarto, seu coração estava tão despedaçado que ela não conseguia encontrar uma forma de fazê-lo cicatrizar.
Como podia ser tão azarada? Sua vida sempre fora uma lástima até chegar em Green Gables, e agora, estava experimentando novamente aquela sensação de abandono tão atormentadora.
Encarou o reflexo no espelho, suspirou fundo e disse com bastante coragem:
— Viverá experiências únicas na faculdade Anne, e conseguirá seguir em frente.
Foi quando repentinamente escutou batidas sutis na porta do quarto, o som a fez sair de seu transe emocional, ela secou a lágrima solitária que trilhava seu rosto, e abriu a porta.
Sentiu os neurônios se esbarrarem no meio de suas sinapses. Como assim Diana Barry estava bem a sua frente?
Ela olhou para a amiga com o coração prestes a explodir, principalmente quando se deu conta de que ao lado dela, encontrava-se uma mala.
— Você... Você veio!
Ambas se abraçaram sentindo seus corações encherem de emoção. Já estavam desacreditadas de que os Barrys permitiriam a formação de Diana.
— Posso estudar desde que eu me dedique a mesma proporção ao curso de etiqueta — ela ergueu os ombros — ao menos estaremos juntas!
A morena entrou no quarto e identificou rapidamente o seu lado, principalmente quando viu a medalhinha de Anne posta sobre o travesseiro.
— Vejo que preparou o meu lugar — ela pega a medalhinha e entrega para a Anne — obrigada por lembrar de mim, Anne.
Anne não contém suas emoções e começa a chorar por tê-la lá.
— A amo com devoção, Diana — elas se abraçam novamente — não sabe o quanto é bom tê-la próxima a mim. Eu estava me sentindo tão sozinha, por um segundo lembranças do passado martirizaram a minha mente.
— Não se prenda a isso, o que importa é que agora estamos aqui. Não é?
— Sim, acho que não existe nada melhor do que estar ao lado de quem amamos.
— Sinto muito por você e Gilbert — Diana segura na mão de Anne em consolo — mas não se prenda às coisas que não deram certo, tenho certeza que em breve esquecerá dele, se assim desejar, e encontrará um amor que seja duradouro e verdadeiro.
— Sinto que fui destinada à solidão e como bônus vieram as aventuras — Anne diz desanimada — E sua mãe, já preparou a extensa lista de pretendentes para cortejá-la?
— É claro, e o primeiro garoto da lista se chama Fred. Ele é um rapaz muito bonito, dedicado e inteligente, antes de tudo, pensa em construir uma família. Brincamos algumas vezes quando éramos crianças. — Diana caminha pelo quarto — mas não me lembro dele... Isso foram coisas que minha mãe me disse.
— Acredito que é essencial conhecer com antecedência quem você deverá amar futuramente. — opina a ruiva — não acha uma tremenda injustiça ser prometida a alguém que sequer vivenciou suas manias? Imagina a decepção ao descobrir que "a esposa" gosta de bebidas em excesso.
— Casar sem amor está longe de meus pensamentos, mas minha mãe não pode suspeitar sequer disso. — murmurou Diana. — seria trágico, e a propósito... Eu não sou uma alcoólatra.
Após uma longa conversa, Anne e Diana conseguiram colocar os assuntos em dia. Estavam bastante entusiasmadas com o dia seguinte, seria o primeiro dia de aula na Queens.
Antes de se arrumarem para passear na cidade, visitaram o quarto de todas as meninas.
Ruby ficou muito contente por ver Diana, na verdade, todas as garotas ficaram, inclusive Jane, apesar de não ser o tipo de pessoa que demonstra tanto seu afeto.
. . .
O primeiro lugar o qual visitaram, foi a casa de Josephine Barry, onde Cole morava desde que fora adotado por ela.
Ele estava radiante, feliz com a nova vida e com as novas oportunidades que lhe sucederam.
Anne não se conteve em abraça-lo e dizer o quanto estava alegre por ele poder se aproveitar de sua liberdade. Logo que Diana e Josephine saíram para conversar, Anne sentou-se com Cole na sala de visitas e eufórica perguntava sobre a nova vida do amigo.
— E então, vai para onde?
— Pretendo ansiosamente ir para Paris, finalmente minhas mãos voltaram a ter um bom funcionamento — ele diz empolgado — meus desenhos estão cada dia melhores.
— Um dia terei um quadro desenhado por Cole Mackenzie em minha parede — Anne diz convicta — tenho certeza que seu talento alcançará milhares de lares.
— Eu tenho certeza que o seu alcançará milhares de corações.
Anne jurou para si mesma guardar aquelas palavras para sempre, seu maior desejo era ser uma grandiosa professora, e quem sabe, o futuro havia lhe preparado experiências brilhantes e muito gratificantes?!
Sua vida merecia um direcionamento, ela não precisava de Gilbert para ser feliz, lhe bastava uma única coisa, ser uma professora memorável e importante para a sociedade.
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(Des)encontros - SHIRBERT
FanfictionOnde Gilbert e Anne seguem caminhos diferentes, ele vai para Toronto e Anne para a Queens, e o último episódio de Anne With an E, é o oposto, dando margem a uma digna e extraordinária continuação.