Entrevista

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POV. Meredith
Mais uma vez tinha dezenas de chamadas não atendidas do lar. Sabia que tinha contas em atraso, mas era difícil exercer medicina e arranjar um trabalho que pagasse as contas todas. Tinha pensado muito na decisão que estava prestes a tomar, mas sabia que seria o melhor para a minha família. Fiz o meu caminho até ao escritório do Dr. Webber.
Formei-me em medicina, algo que sempre achei impossível de acontecer. Eu nasci no meio de álcool e drogas, acabando por ter de cuidar das minhas irmãs e da casa, sendo que os meus pais estavam sempre caídos nalguma valeta. Quando consumiam em casa, era eu que cuidava deles, tendo tido vários sustos com overdoses. Essa foi uma das razões porque quis fazer medicina, mas tudo o que é bom tem um final, e o meu chegou mais cedo.
Quando sai dos meus pensamentos, já estava em frente do escritório. Bati duas vezes na porta e ouvi um "Entre".
-Dra. Grey, que surpresa.- Richard era como um pai para mim, sempre me apoiou na minha decisão e me ajudou em tudo o que necessitava e por isso mesmo é que ter esta conversa com ele seria tão doloroso.
-Podemos falar?- ele assentiu e pediu para me sentar. Recusei, sentia-me mais segura de pé.- Venho apresentar a minha carta de resignação, com efeito imediato.- ele perdeu o sorriso.- Preciso de arranjar um emprego que pague as contas de casa. O lar não pára de ligar, o Thatcher arranja sempre problemas que eu tenho de resolver...
-Sinto muito Meredith. Se necessaries de dinheiro, eu posso ajudar, sabes que gosto muito da Ellis.- assenti.
-Eu sei, mas é a minha família e eu tenho de conseguir fazer as coisas sozinha. Obrigada por tudo, foi uma experiência que nunca irei esquecer.- ele levantou-se e abraçou-me. Ele e Adele não tinham filhos e sabia que ele me considerava como tal. Sai do escritório e fui buscar as minhas coisas. A caminho de casa, parei e comprei o jornal, já que era desempregada tinha de ver o que estava disponível. Ao bebericar o meu café passei os olhos pelos empregos que existiam, até que um me chamou à atenção.
Recruta-se cuidadora de bebé.
Salário a definir.
O anúncio não dizia mais nada. Era o melhor que tinha visto até agora e tentar não matava ninguém. Liguei e marquei a minha entrevista, que seria daqui a 30 minutos.
Fui até casa, que estava silenciosa e preparei-me para a entrevista.

Quando vi o anúncio não liguei muito à morada da entrevista, mas assim que cheguei e me deparei com um enorme edifício em tons de preto e dourado com Shepherd escrito em letras enormes, fiquei um pouco confusa. Tirei esses pensamentos da minha mente e adentrei o edifício.
Vi uma rapariga ruiva e pequena circular com uma bandeja de cafés.
-Olá, deves ser a Meredith. O Dr. Shepherd irá atender-te dentro de alguns minutos.- aquela devia ser April, a pessoa com quem falei ao telefone. Sentei-me nas cadeiras que estavam perto e analisei o espaço. Era tudo tão elegante e luxuoso.
-Meredith, podes entrar.- April estava na porta do escritório, dando-me espaço para entrar.
Aqui vai nada...

POV. Derek
Se alguém me dissesse à 6 meses atrás que seria pai, eu ter-me-ia rido na cara da pessoa. Não sou homem de ficar com apenas uma pessoa. Sou jovem e gosto de sair e me divertir. Claro que quando falamos de negócios, o tom muda. No mundo dos negócios sou sério e detalhado em tudo o que faço.
Quando saí naquela noite e acabei na cama com uma loura, nunca achei que depois de alguns meses ela me dissesse que estava grávida. Passei-me completamente. Como assim grávida? E como ela sabia que era meu? Na mesma semana fizemos testes de paternidade, ainda a criança estando no ventre da moça. Tinha de saber se era mesmo meu, o que não faltam por aí são loucas desesperadas por dinheiro.
Apesar de não querer a criança, prometi que a registaria como minha e ajudaria com tudo, deixando a educação com ela. As coisas complicaram-se quando à 3 semanas atrás ela sofreu um acidente, tendo de ter o bebé em cesariana, mesmo estando apenas com 6 meses. Infelizmente ela não resistiu aos danos causados, deixando-me com uma criança prematura. Pelo que sabia, ela não tinha família, por isso a ideia de deixar a criança com parentes estava fora de questão. Callie, a minha sócia, ajudou-me muito. Ela disse que devia ficar com a criança e arranjar alguém que me ajudasse com ela. E assim o fiz. Estamos à espera de candidatos à 2 semanas e ainda ninguém apareceu, até hoje.
-Dr. Shepherd, recebi uma chamada a pedir para marcar uma entrevista. É sobre o anúncio de babysitter.- os meus olhos arregalam-se. Por fim alguém tinha visto o meu anúncio. Mandei April marcar a entrevista para os 30 minutos a seguir e procurei Callie. Ela tinha de me ajudar a entrevistar as pessoas.
-Não vais aceitar a primeira pessoa que vires à frente Derek, tem de ser competente. Não estamos a falar de cuidar de um peixe, é uma criança. Um bebé que requer cuidados redobrados pelo seu estado prematuro.- eu sabia disso, mas precisava urgentemente de alguém. Ainda não tinha visto o bebé. Arizona, a esposa de Callie, é médica pediatra e ficou encarregue do caso, então tenho algumas notícias por ela.
-Já sequer perguntaste pelo sexo do bebé?- neguei com a cabeça. Não conseguia ter interesse. Eu sei que é totalmente cruel da minha parte, mas não consigo ver aquela criança como meu filho ou filha.- É uma menina.
April bateu à porta. A candidata já estava pronta.
-Meredith, podes entrar.- sentei-me na minha cadeira, quieto, enquanto Callie quase pulava em excitação ao meu lado.
Espero que ela seja adequada para o trabalho, queria acabar com isto para conseguir voltar a concentrar-me nos meus negócios.

Olá olá!
Estava com esta ideia de fic à algum tempo na minha cabeça, e decidi escrever.
O que estão a achar até agora?
Um beijo!

A cuidadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora