O ritmo de mensagens que Juliette e Sarah trocavam era frenético, ambas levavam vidas tão diferentes que eram capazes de trocar informações muito detalhadas sem que se tornasse entediante.
Juliette por exemplo aprendeu que Sarah geralmente estava mais focada no trabalho de inteligência, ela arquitetava operações organizadas pelo batalhão e não ia realmente patrulhar nas ruas a menos que fosse dia de operação ou fosse necessário, como no dia do protesto onde quase todo plantão estava presente.
O Superintende solicitara uma reunião e hoje Sarah estava muito tensa, Juliette tentara confortá-la dizendo que Sarah se sairia bem dessa porque para Juliette naquele momento, Sarah parecia incrível em tudo.
Sarah também aprendia muito sobre Juliette, como braço direito do fundador e coordenadora da ONG Juliette acabava tendo trabalhos além da sua formação, ela não reclamava, amava o que fazia, mas com a proximidade de um evento aparentemente importante ela estava sobrecarregada.
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Reunião com o secretário de segurança da cidade, e o superintendente no 17º Batalhão
_O complexo do Projac é rota essencial de distribuição de drogas dessa zona inteira_ O superintendente Hadson apontava no mapa_ E é vital que a polícia aja o quanto antes.
_Com licença. _Sarah interviu.
_Major Andrade. _O superintendente anunciou
_Atrás do complexo do Projac, tem o morro do Bispo, que no quesito tráfico compete diretamente, mas toda essa zona de divisão_ Agora era a vez da loira fazer apontamentos no mapa_ é rota de fuga. É impossível atacar o complexo sem intervir na outra anteriormente, é mandar meus homens pra morte ou causar um banho de sangue, ou investir em um fracasso onde todos eles vão acabar fugindo e voltando quando for propício.
_E o que a Major sugere?
_No momento? Mais trabalho de inteligência, o atual dono do morro, Arcrebiano Araújo, também conhecido como Bill, existem pouquíssimas informações na inteligência sobre ele.
_A Major sugere que sentemos aqui e não façamos nada? _O homem soava impaciente.
_Eu sugiro cooperação com a Polícia Civil, eu sugiro políticas voltadas para investimento em iinteligência, eu sugiro armamento que não exploda na mão dos meus homens. _Sarah era impassível.
_Senhores_ era a vez do secretário de segurança, Tiago Leifert falar_ Podemos adiar essa operação, por um ou dois meses. Mas tem eleição vindo aí Major Andrade, eu conto com você.
Sarah odiava todas as pessoas que ganhavam seus cargos em função de alianças políticas e pareciam não entender nada de nada.
_Senhor Leifert, nós seguiremos fazendo o melhor a serviço do estado. _Sarah se mostrava totalmente neutra com a disciplina militar de sempre.
_OK, reunião encerrada, vocês tem um mês para estar com tudo pronto. Eu quero ação. _Tiago sorria como se mandasse em todos ali.
Tiago e seus homens saíram da sala deixando uma Sarah bufando de ódio, Capitão Caio e Tenente Rodolffo também ficaram para trás.
_Esse babaca acha que pode chegar aqui fazendo todas as exigências que quiser? Ele sabe o que uma operação dessa ia custar? _Sarah respirava fundo bufando de ódio.
_Ô Sarah, manda quem pode, obedece quem tem juízo _Rodolffo dizia numa tentativa de consolar que soava bastante indiferente até para os padrões de Sarah.
No outro lado da mesa Caio permanecia quieto e pensativo, como se planejasse algo.
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A existência de uma ONG como a de Lucas e Juliette num local como o complexo do Projac exigia uma convivência harmoniosa com seja lá qual fosse a pessoa no poder no momento.
Muitas vezes eu seus projetos os alunos acabavam optando por filmar o próprio dia a dia ou o local e era importante garantir que isso não causasse nenhum transtorno, muitas vezes isso acabava sendo função da própria Juliette.
E para sorte ou azar de Juliette, Bill apreciava muito aquela convivência.
Enquanto até mesmo os alunos faziam hora extra trabalhando na pós produção de seus curtas no laboratório da ONG, 3 caras armados apareceram na recepção, procurando pela paraibana.
_Ju, ele tá aí. _Thaís foi muito enfática no ele, e Juliette sabia de quem se tratava.
_Não é possível!. _Juliette fechou os olhos, respirou fundo, fechou seu notebook e deixou sua sala rumo a recepção, onde Bill e seus seguranças armados com armas ridiculamente desproporcionais para alguém que não estivesse literalmente na guerra a esperavam.
_Arcrebiano! A que devo a honra? _ Juliette tentava a diplomacia.
_Poxa Ju, me chama só de Bill. Que nem todo mundo. _ O homem fizera um beicinho que chegava a ser ridículo para alguém daquele tamanho.
_Bill! _Juliette sorria amarelo.
_Eu ouvi que vai ter um festival de cinema, como que é isso? _Bill sorria numa tentativa de ser galanteador que não surtia nenhum efeito em Juliette.
_Bom, nós temos turmas anuais, então todo final de curso os alunos produzem um curta, não cada aluno, eles geralmente se dividem em equipes, esse ano acabou surgindo um patrocínio legal e a gente vai fazer um evento maior, você quer comparecer? _Juliette estava dando tudo de si para manter a cordialidade.
_Como seu par? _Bill não parecia ter ouvido uma única palavra sobre o evento.
_Como uma pessoa que pode retirar um ingresso gratuito e limitado. _Juliette sorriu sendo o mais cordial que podia.
Bill riu muito alto, forçando seus seguranças a rirem também.
_Ju, você é tão engraçada. Eu venho sim, guarda a área vip pra mim. Bom, acho que minha hora já deu. _ Bill bateu em retirada com seus seguranças a tira colo.
Juliette sabia que uma cena como aquela envolvendo armas e seguranças arruinaria o evento então decidiu por algo que ela sabia que se arrependeria no futuro:
_Bill _ Ela gritou, correndo até a porta_ Quando vier, vem sozinho, sem _Ela gesticulava com o indicador, fazendo círculos sem sentido mas na esperança que ele entendesse e não se sentisse ofendido.
Bill abriu um sorriso imenso.
_Claro que eu venho minha linda. _O moreno novamente sorriu todo galante e Juliette precisou se esforçar para não revirar os olhos.
Sem que Juliette soubesse, Thaís informava sua amiga Vitória, namorada de Arcrebiano, da visita mais recente dele ao local.
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O início do drama minha gente.
Cara eu tô muito feliz até aqui, obrigada por quem lê e por quem comenta.

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Ilegal
RomansaOnde Juliette Freite, advogada e militante dos direitos humanos tem sua vida virada de cabeça pra baixo depois de se apaixonar por Sarah Andrade, major da polícia militar, será o amor capaz de superar as crenças pessoais de ambas?