Sarah trabalhava concentradíssima procurando algo que talvez mudasse sua vida para sempre.
"Como pedir a mulher com quem você está saindo em namoro?"
Essa é a pergunta? Talvez eu devesse especificar que eu também sou uma mulher? Sarah se questionava.
_Major Sarah! _Dilson se apresentava naquele som desconfiado de sempre. Adentrando a sala de Sarah.
_Oficial Dilson!
_A que devo a honra? _ O homem ainda parecia tenso, tenso demais para o gosto de Sarah.
Enquanto o homem se sentava Sarah levantou, fechou a porta, e voltou para sua mesa.
_Eu tenho uma missão para você, uma bem secreta.
O homem levou a mão ao pescoço visivelmente nervoso.
_De que tipo de missão estamos falando Sarah? _ O homem abandonara toda formalidade e evocava os dias de academia, Sarah não aceitaria esse comportamento em público, mas ali era quase um papo entre amigos.
_Eu preciso que você investigue o Caio, nada formal, só quero saber se ele pode estar envolvido com algo ilícito.
_Eita Sarah. Isso vai me quebrar. Logo o Caio? _O homem estava ficando nervoso.
_A gente não quer o nosso menino fazendo merda por aí, eu gosto muito do Caio mas tenho ouvido algumas coisas, e eu preciso de você. _Sarah podia ser persuasiva.
_Não é uma investigação formal, eu sei que você é capaz, aliás, está decidido que você é capaz, dispensado oficial. _E também podia ser dura.
O homem queria protestar mas sabia que era melhor não o fazer, Sarah tinha o poder de tornar a vida dele ali muito complicada. Se retirou deixando a major sozinha.
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Sarah e Juliette passaram a semana inteira sem se ver, o que para Sarah era terrível, ela descobriu que estar apaixonada tornava o foco no trabalho complicado.
Ela ainda precisava encontrar uma forma de prender Arcrebiano, comandar uma operação e não ser infernizada pelo secretário de segurança.
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O clima na ONG era de festa.
Depois de incansáveis semanas de organização a mostra de cinema seria na semana seguinte, Juliette, Lucas e todos os professores e alunos estavam muito empolgados, Carla que era voluntária e dava aula uma vez por semana estava aos prantos, até a recepcionista Thaís se sentia muito feliz.
_Turma de 2021, eu tenho orgulho de cada um de vocês, eu comecei aqui como todos vocês e na minha adolescência diziam que trabalhar com arte era impossível, tentavam calar as nossas vozes de toda forma, mas vendo os filmes que vocês fizeram, vendo a potência de vocês, a arte não é uma propriedade, acessível para uma elite, a arte é revolução! _Lucas discursava para todos os 30 alunos e funcionários envolvidos, que se encontravam na maior sala do local.
Eles ainda não haviam contado para os alunos mas um dos filmes fora selecionado para o festival de cinema do Rio e seria inscrito e possivelmente selecionado para festivais internacionais.
A sensação que o trabalho que faziam era realmente relevante, e não era uma premiação que determinava isso, era a dedicação e estudo que os alunos empregavam, era a dedicação de cada um deles, tudo isso deixava os dois amigos em êxtase, Juliette e Lucas não poderiam se orgulhar mais.
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Juliette se sentia completamente contaminada pela alegria e decidiu que pediria Sarah em namoro naquela noite de quinta mesmo.
Sarah por outro lado tinha a mesma idéia, marcara jantar e uma surpresa, comprara alianças. Para o sábado.
Elas estavam comendo um hamburguer e Juliette não parava de sorrir.
_Abriu um karaokê, muito bonito, tem um palco Sarah, a gente devia ir lá hoje. _Juliette tinha um plano, não tão elaborado quanto o de Sarah, mas ela tinha.
_Eu trabalho amanhã. _A verdade é que Sarah nunca queria dizer não para a morena de verdade.
_De noite. _Juliette rebatia.
_Você trabalha amanhã.
_Meu chefe vai entender se eu ficar rabugenta, por favor. _ Juliette fazia beicinho sabendo que Sarah não resistiria a isso.
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Não é que Sarah não gostasse de karaokês ela só não achava que cantava bem, Juliette parecia ansiosa e Sarah não entendia porquê. Talvez ela fosse realmente fã da atividade.
Algum tempo se passou, o local estava cheio e a fila era grande. A iluminação não era das melhores com luzes de balada, mas o palco era realmente bom, havia uma pequena tv no chão passando a música para quem cantava e um projetor exibindo a letra e as imagens para a plateia.
Finalmente a vez dela de cantar chegou. Juliette esperava que Sarah gostasse ou pelo menos levasse na esportiva.
Sarah começou rindo da escolha de música, Me Usa, da banda magníficos era incrivelmente brega para o gosto de Sarah.
Mas então a loira se surpreendeu, Juliette cantava incrivelmente bem, Sarah sentia seu queixo cair, estava encantada, impactada, como se de alguma forma ela pudesse se apaixonar mais. E a multidão parecia tão encantada quanto ela, todos estavam fazendo muito menos barulho agora.
Mas foi no último refrão que Juliette realmente a surpreendeu.
Amor, me leva faz de mim o que quiser
Me usa, me abusa
pois o meu maior prazerÉ ser tua mulher
Sarah Andrade, você aceita namorar comigo?
Todas as pessoas que dançavam na frente do palco agora gritavam.
Um coro de "Sarah aceita" foi iniciado por toda multidão presente.
Sarah era uma muito boa em se manter séria, mas por dentro estava morrendo de vergonha, todos no bar agora pareciam tentar encontrar a Sarah, quando Juliette apontou na direção dela, Sarah gritou:
_EU ACEITO! _Sarah gritou sem sair da mesa alta para duas pessoas localizada bem atrás de toda aquela multidão.
Juliette deixou o microfone para trás e atravessou a multidão para encontrar Sarah. Ela a beijou, um selinho demorado, ovacionado pelo público do karaokê.
_Me desculpa se foi demais. _Juliette agora se sentia incrivelmente nervosa.
_Sarah eu amo você, eu me sinto tão bem perto de você, como se você me passasse toda confiança que eu sempre busquei na vida, que eu sempre precisei, eu não me importo com nada, eu só quero você.
Sarah estava levemente marejada.
_Eu também te amo, sabe eu comprei aliança e preparei algo muito grande pra te pedir em namoro depois de amanhã e você estragou tudo, mas não de uma maneira ruim, você sempre muda tudo na minha vida Juliette, numa velocidade que me dá medo, mas eu te amo, você sabe que eu te amo.
Agora elas estavam novamente naquela bolha que excluía todo resto do mundo e trocavam pequenos beijos e carícias sem saber o que acontecia lá fora.
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Ah que fofo.
Me usa pra mim é o hino Sariette.
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Ilegal
RomanceOnde Juliette Freite, advogada e militante dos direitos humanos tem sua vida virada de cabeça pra baixo depois de se apaixonar por Sarah Andrade, major da polícia militar, será o amor capaz de superar as crenças pessoais de ambas?