_A culpa vai ser minha.
_Não vai.
_Ela vai morrer, porra Rodolffo! Eu só faço merda, é tudo que eu tenho feito desde que cheguei a essa cidade. Ela é uma menina linda, inteligente, com um futuro brilhante pela frente e vai ser morta porque eu não consigo me conter.
Sarah dirigia ignorando todas as placas de velocidade e apertando o volante como se sua vida dependesse disso.
Rodolffo começava a se assustar.
_Eu não sei mais o que fazer, eu nunca não soube o que fazer.
Além de tudo ela agora dirigia sem olhar pra estrada, olhando na direção do rapaz enquanto falava.
Um barulho de buzina foi ouvido a tirando do transe de auto piedade, ela havia acabado de quase bater a viatura no carro de um civil.
_SARAH VOCÊ TÁ TENTANDO MATAR ALGUÉM?
O homem perguntou aos berros.
_Desculpa. _Ela parou o carro e respirava pesadamente.
_Eu não tô muito bem. _A verdade é que Sarah não era uma pessoa que manifestava muitas emoções mas nos últimos dias esse nervosismo parecia o estado constante dela.
_Nós estamos procurando ela, o batalhão inteiro, a polícia civil, ela vai aparecer. _Rodolffo tentava tranquilizá-la.
_Rodolffo você não entende, eu montei um dossiê contra uma pessoa perigosa, e entreguei tudo pros investigadores, isso não era nem o meu escopo, essa não é a função da policia militar. E sabe o que vai acontecer? Ela vai ser morta por eu ser tão intrometida.
_Pelo que sabemos ela pode até já estar._ Sarah sentia a garganta fechando toda vez que verbalizava esse pensamento.
_Você não vai ter a chance de saber se acabar morta num acidente de trânsito.
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_Truco!
Juliette bateu as cartas pela terceira vez seguida.
_Você está roubando!
_Não, eu não estou!
_É claro que está. _O homem afirmava categoricamente.
Enquanto estava ali Juiette aprendera algumas coisas sobre Scooby, o nome de bandido do rapaz que a vigiava.
A primeira era que ele não era tão mal quanto ela imaginara inicialmente, quando ele falava com ela duas vezes por dia sempre de maneira muito ríspida.
"Você precisa usar o banheiro?"
"Anda logo."
"Se fizer qualquer gracinha eu te mato."
Ele parecia um boneco programado com apenas 3 frases.
Em algum momento ela desistiu de perguntar porque estava ali e tentou outras abordagens.
_Que horas são?
_Pra que você quer saber isso?
_Ué, pra saber que dia é. Eu tô aqui a 3 dias? A 4? Eu não sei.
O homem continuou a encarando.
_Vai lá, me conta alguma coisa, não tem muito pra fazer aqui. Eu passo o dia presa nesse quarto, vocês não tiveram a decência de colocar uma janelazinha, eu nem sei se tá de dia.
_É porque não é uma colônia de férias. _Ele respondeu seco, fechando a porta.
_Só uma informação, qualquer coisa. O Flamengo perdeu? O Bolsonaro fez algo de bom hoje? Está chovendo?

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Ilegal
RomansaOnde Juliette Freite, advogada e militante dos direitos humanos tem sua vida virada de cabeça pra baixo depois de se apaixonar por Sarah Andrade, major da polícia militar, será o amor capaz de superar as crenças pessoais de ambas?