As duas desceram as escadas na lateral da varanda e contornaram o local, chegando num jardim. Juliette estava feliz por estar de casaco apesar do vestido, o vestido de Sarah possuía mangas, o dela não, ventava e as duas não trocavam uma única palavra, o único som era o do vento.
Juliette observava o lugar, com pequenas árvore, bromélias e a grama bem aparada, apesar de muitos pontos com pouca luz a iluminação principal deixava tudo meio romântico, mas não era hora pra isso, ela precisava se manter irritada.
_Como eu disse antes, obrigada por não ter ido embora. _Sarah disse olhando para seus pés.
_Para onde diabos eu iria? São quase uma da manhã, minhas coisas estão na sua casa, eu não conheço essa cidade direito. _Juliette foi mais ríspida do que pretendia e se arrependeu imediatamente.
A loira se sentou em um dos muitos bancos distribuídos pelo longo jardim. Juliette se sentou também.
_O Bruno está se divorciando, eu nunca imaginei isso dele, quer dizer, ele também não imaginou que eu fosse gay, será que as pessoas estão sempre passando por algo que a gente não imagina?
Juliette continuou sem responder.
_Ele também não sabia como falar pros nossos pais. Minha mãe sempre foi uma pessoa muito dura, não por mal, ela escolheu uma profissão dominada por homens, muito sempre foi exigido dela, ainda mais por ser mulher, então acho que isso deixou ela exigente com todo mundo.
_Principalmente com a gente, em algum ponto eu só não queria decepcionar ela, sabe? Até hoje ela é a pessoa que eu mais admiro no mundo, e eu ainda tenho muito medo de desapontá-la.
Sarah agora chorava baixinho e isso sim quebrou Juliette de sua frieza fingida.
_Eu sei que ela não faz por mal, ela só queria que a gente soubesse que o mundo é difícil e não ficasse acostumado com moleza, sabe?
_E ela é muito religiosa, nossa, no civil mesmo meus pais só casaram 5 anos atrás, no religioso foi com 8 meses de namoro.
_Eu não sei como ela concilia um emprego na segurança pública, ela também começou na PM, com religião, mas ela consegue. _Sarah agora ria enquanto chorava.
_As pessoas sempre tem várias pequenas incoerências, talvez isso seja o que torna elas especiais. _Juliette agora abraçava Sarah e alisava as costas da loira enquanto ela chorava.
_Olha Sarah, eu não sei o que vai acontecer depois que você contar pra ela, talvez não aconteça nada, talvez ela nunca mais queira falar com você. Se a segunda opção acontecer, quem perde é ela que nunca vai conhecer nossa filha Isabella. _Juliette falava com uma segurança de quem já tinha imaginado todo um futuro o que surpreendeu Sarah.
_Nossa filha? _Sarah até mesmo parou de chorar.
_Pode ser um menino também, e ela pode conhecer se quiser. _Juliette deu de ombros.
_Você imaginou os nossos filhos? _Sarah agora sorria de orelha a orelha como se nunca houvesse chorado.
_Eu imaginei uma criança só. _ Juliette estava corando.
_Ok, desculpa, eu vim de uma família grande. _Sarah se divertia em como Juliette despejava seu coração tão facilmente, ela queria poder ser assim.
_Eu também, aliás você precisa ir pra Campina qualquer dia desses.
Sarah estava ignorando todo andamento da festa para estar ali e sabia que o jardim estava estranhamente vazio pois não era longe o bastante do salão, mas naquele momento decidiu ignorar tudo isso e apenas beijar Juliette.
A morena sentiu que todas as paranoias que ela sentira aquela noite eram apenas paranoias e aos poucos Sarah confiava cada vez mais nela, e ela não queria perder isso. Ela aprofundou o beijo pedindo passagem com a língua esperando que de alguma forma seu ânimo mostrasse seu amor. Mas antes que elas pudessem verdadeiramente se animar uma voz interrompeu tudo.
_Sarah? Filha? Eu te procurei por toda parte e você aqui? _Maria parecia chocada mas também cansada.
Sarah sentiu um carrossel de emoções, susto, medo, ansiedade, mas também realização, porque mostrar era mais fácil que falar sobre e afinal de contas ela não era uma adolescente com tudo a perder, ela era uma mulher adulta que tinha uma mulher maravilhosa do lado.
_Vai dar tudo certo. _Juliette sussurrou para Sarah, antes que ela se levantasse e corresse atrás da mãe que estava com a mão na boca e deixava o local a passos rápidos.
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Maria não era capaz de andar tão rápido quanto gostaria por causa do salto e do terreno mas sentia que Sarah mantinha certa distância, esperando que a aproximação partisse dela.
Ela subiu as escadas o mais rápido que pode e se virou para Sarah pela primeira vez desde a cena que presenciara poucos minutos atrás.
_Eu não posso ter essa conversa agora Sarah Caroline. _Ela foi seca e sincera.
A mulher voltou pro salão e para a surpresa de Sarah decidira fingir que absolutamente nada havia acontecido, e Sarah quem diria, estava desesperada para conversar.
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Boa noite bbs, perdemos ontem no aniversário da Sarah né?
A Ju cantando melhor a cada live que passa meu coração tá como? Essa live me deixou inspirada a escrever, perdoem a demora e não desistam de mim.
Enfim, divirtam-se e comentem por favor.
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Ilegal
RomanceOnde Juliette Freite, advogada e militante dos direitos humanos tem sua vida virada de cabeça pra baixo depois de se apaixonar por Sarah Andrade, major da polícia militar, será o amor capaz de superar as crenças pessoais de ambas?