_Eu, não sei. Você tá certa em não querer mais falar comigo. _Sarah sussurrava arrependida. _Eu não sabia que você tanta tinha vergonha de mim.
Juliette foi pega desprevinida, ela não pensou que sua frieza pegaria tão mal com Sarah.
_Eu não tenho vergonha de você, que história é essa? Eu só temo pela sua integridade, e vir aqui assim do nada é bem irresponsável.
Sarah sabia que era irresponsável mas estava se sentindo consumida pela falta de resposta da morena.
_Eu pensei que você não iria me perdoar.
_Se você for alvejada porque veio até o complexo do Projac dessa maneira aí sim eu não terei nada para perdoar, porque você vai estar morta.
_Você se importa muito comigo. _Não era uma pergunta, Sarah estava com um sorrisinho convencido nos lábios.
_Eu me importo com a maioria das pessoas, militante dos direitos humanos, lembra? Mas sim, Sarah eu me importo com você, quer uma medalha? _Juliette se esforçava para manter a fachada de irritação.
_Você é a maior medalha que eu poderia ter. E olha que eu tenho muitas, uma agente exemplar. _Sarah continuava sorrindo, pomposa.
_Você é inacreditável.
_Eu quero te ver mais tarde, é possível? _Em algum momento da conversa elas se aproximaram muito e agora conversavam a centímetros de distância.
_A gente ainda precisa conversar.
_A gente não tá fazendo isso?
Juliette se perguntava todos os dias o que ela estava fazendo de sua vida, ela e Sarah tinham muitas diferenças não apenas em convicções e crenças, mas a forma como resolviam as coisas também era diferente.
O motivo para o sumiço da morena era esse, ela se perguntava se não seria mais fácil terminar tudo agora antes do envolvimento emocional, antes que ela tivesse a oportunidade de se apaixonar.
Mas ver Sarah ali fez seu coração vacilar de uma forma que ela percebeu que talvez já fosse tarde demais. Agora sua dúvida era a mesma de antes, ela deveria dar o próximo passo?
_Não, você tá interrompendo meu horário de trabalho, arriscando sua vida e sendo irresponsável.
Sarah estava se recriminando por ser tão impulsiva em tudo que se tratava de Juliette, ela se sentia disposta a ir a qualquer lugar, fazer qualquer coisa. Sarah mal se reconhecia, sendo uma pessoa que sempre freou os próprios sentimentos e sendo tão controladora em tudo que se tratava da própria vida.
Sarah não era uma pessoa que discutia a relação, Sarah não era adepta de discussões de maneira geral. Ela acreditava que a forma correta de resolver as coisas era através de atitudes, porque ficar falando sobre o problema não faz com que ele desapareça, o que resolve é uma mudança de postura.
Juliette por outro lado estava sempre disposta a ter DRs, essa mania deixava Sarah louca mesmo que elas se conhecessem a poucas semanas.
_A gente precisa conversar mais? _Sarah estava indignada.
_Eu vou sair daqui as 18 e ir pra casa, você pode me encontrar lá, as 21. Nós vamos sair pra jantar e ter uma conversa.
_Ok. Combinado _No fundo Sarah gostava quando Juliette era mandona com ela, afinal era sempre ela que mandava em todos.
_Que bom que estamos resolvidas, tenha uma boa tarde Major Andrade.
Sem se despedir ou olhar para trás Juliette abriu a porta de vidro deixando Sarah sozinha.
Sarah entrou na viatura e deu meia volta para o batalhão, enquanto acelerava ela se deparou com uma cena muito estranha, Caio, seu capitão estava a paisana, que é o termo que policiais usam para se referir as vestimentas de civil, parado em frente a uma casa, com sua arma enfiada na calça e visivelmente tenso. Ela jogou o carro para a rua à esquerda para mudar de rota e não passar diretamente na frente dele.
Por sorte ele não reparou na viatura, Sarah sabia que ele podia ter os motivos dele para estar naquele lugar, mas aquela postura corporal somado ao fato dele estar armado e tenso era algo que ela gostaria de ter a oportunidade de investigar.
Caio estava extorquindo os traficantes? Ele estava fazendo algum tipo de jogo duplo, vendendo informações? Ele era um usuário? Ela ainda não tinha como saber.
_____________________
O jantar corria bem, o incidente da foto não fora mencionado e elas já estavam juntas a quase uma hora. Sarah já alimentava esperanças de que a DR não iria acontecer.
O local, especializado em massas tinha uma decoração toda em madeira elegante porém aconchegante, pegaram a mesa mais reservada da varanda.
_O quê? A minha cara tá suja? _ Sarah perguntou para Juliette que parou de comer seu petit gateau e olhava para ela indagativamente.
_Você tá me encarando, você pensa que eu esqueci Sarará? _Juliette estava sendo brincalhona mas Sarah sabia que era fachada.
_Esqueceu o que? _Sarah tentou evitar um pouco mais.
_Sarah, o que a gente tem? _Juliette cansara de brincar.
_A gente tá se conhecendo, saindo a algumas semanas, eu perdi alguma coisa? _Sarah insistia em tangenciar o tópico.
_Sim, mas e depois, o que a gente vai ter? A uns dias você disse que quando a gente namorasse ia enfim poder mandar em mim.
_Não foi bem assim. _Sarah queria se defender. _Eu fiquei incomodada com algo e expressei o meu descontentamento.
_Existem outras formas de expressar isso. _Juliette se esforçava para se manter paciente e didática.
_Olha, eu já te pedi desculpas, não pedi? _Sarah já estava impaciente.
_Eu não quero que você me peça desculpas eu quero que você entenda que relacionamentos não são sobre poder fazer imposições ou não. Eu tenho certeza que vou fazer mil coisas que vão te incomodar, o contrário também, mas a gente precisa ser capaz de falar sobre essas coisas sem magoar uma a outra.
_Você deixou claro que pensava em namorar comigo e eu queria ter tido a oportunidade de ficar feliz mas logo em seguida uma bomba. Poxa minha galegona.
_Você ficou feliz, é?
_Não ignora tudo que eu falei.
_Você está certa, em tudo. Foi uma idéia terrível e eu prometo que nunca vou tentar mudar nada em você.
Juliette riu sentindo os olhos lacrimejarem. _Você não tem como prometer isso.
_Eu vou mudar, você vai mudar, todo mundo muda. Mas vamos deixar que seja natural.
_Natural, como você quiser. _Sarah limpou a lágrima que escorria pelo rosto de Juliette com o dedo e deixou um beijo na mão da morena. A morena não sabia mas uma parte dela já havia mudado, aquela parte que tinha certeza que estava melhor sozinha.
_Deixa eu te contar, hoje aconteceu uma coisa muito estranha quando eu saí da tua ONG. _Juliette nem imaginava o que seria mas já estava ansiosa pela fofoca.
***********************
Boa noite mores, eu prometi que vou acabar a história até o fim do programa então agora vai ser um capítulo por dia então talvez acabe antes do programa.
Nessa fic eu tento imaginar como a Ju e a Sarah realmente seriam num relacionamento, claro que eu exagero mas acho que tô indo bem.
A Sarah falou que quer namorar né, querer e assumir o BO são outros 500, mas eu juro que ela não é abusiva.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ilegal
Roman d'amourOnde Juliette Freite, advogada e militante dos direitos humanos tem sua vida virada de cabeça pra baixo depois de se apaixonar por Sarah Andrade, major da polícia militar, será o amor capaz de superar as crenças pessoais de ambas?