_Sarah, eu não vou a um clube de tiro.
Juliette tinha um dos braços cruzados e as duas pernas na mesa, ela assistia tv preguiçosamente depois de tomar café da manhã.
_Você vai se divertir._ Sarah argumentava.
_Não, eu não vou, eu sou contra armas e contra tudo que elas representam.
_Você sabia que eu já fui instrutora de tiro? _A loira tentava dar a volta nela.
_Que bom pra você. _Juliette olhou com desdém.
_Ju...
...
_Poxa, Ju.
_Não olha pra mim com essa cara.
_É um evento comemorativo, é aberto pra familiares e convidados, você é minha namorada. _Era ela de novo, a voz de bebê.
_Oxe, comemorativo pra comemorar o que? _Juliette não sabia o que se poderia comemorar num lugar como esse.
_Aniversário de 5 anos do clube, e hoje é domingo, e você não tem nada melhor para fazer, e eu vou ficar feliz se você for. Pensa no tiro ao alvo como um esporte.
Sarah olhava com uma cara de cachorro trancado pra fora de casa na chuva.
Desde que elas voltaram a namorar Juliette não sabia o que era passar um domingo na própria casa, Sarah tinha uma rotina bem específica mesmo quando não tinha que trabalhar.
Ela já tentara convencer Juliette a correr as 5 da manhã, a fazer trilha, e agora, a atirar.
_Você pratica todos os esportes do mundo? _A morena estava indignada.
Sarah riu genuinamente.
_Não, mas se nós vamos morar juntas muito em breve, você precisa saber que eu cuido do meu corpo, ele é um templo.
Toda menção a ideia de morar juntas dava borboletas no estômago de Juliette. Ela não via a hora disso acontecer, elas já haviam visitado alguns lugares mas nada que as fizessem pensar "é esse!"
Juliette revirou os olhos e bufou, enfim cedendo.
_Eu vou se é importante pra você, mas que fique bem claro, eu não estou tocando em nenhuma arma.
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Juliette se sentiu tímida e fora da caixa, mas ainda assim curiosa, a sala de entrada tinha paredes pretas com um mural contendo diversos avisos e anúncios de eventos. Além de uma bandeira do clube e uma bandeira do Brasil.
Por fora o local era bem discreto com nada que indicasse do que aquele estabelecimento se tratava.
Sarah entrou e foi direto para o balcão onde cumprimentou o balconista com um abraço, ela também parecia conhecer todos os frequentadores ou a maioria pelo menos pois muitos falaram com ela.
Na parte de trás, uma parede branca exibia diversos tipos de armas, e o balcão de vidro continha diversos tipos de munição.
_Nunca vi nossa lady killer trazer ninguém. _O homem chamado Carlos cumprimentou Juliette.
Ele era careca, meio parrudo, devia ter algo em torno de 50 anos e parecia amigável, usava uma calça cargo e uma camisa preta com emblema do clube, duas pistolas se cruzando.
_Ele te chamou de quê?_ Juliette sussurrou. Ela havia escutado perfeitamente mas queria ver Sarah repetir.
Meu deus que apelido brega.
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Ilegal
RomanceOnde Juliette Freite, advogada e militante dos direitos humanos tem sua vida virada de cabeça pra baixo depois de se apaixonar por Sarah Andrade, major da polícia militar, será o amor capaz de superar as crenças pessoais de ambas?