A tempestade

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Sarah conseguiu arrancar o suficiente de Rodolffo para saber que ele não estava totalmente inteirado nos planos de Caio, mas sabia que Caio planejava solicitar uma licença da corporação num futuro próximo.

Ela chegava no batalhão depois de ter dormido na casa de Juliette, elas se viam quase todos os dias agora o que para Sarah era um indicativo de que elas deveriam morar juntas em breve, na maioria dos dias voltar para casa para os braços da namorada era a melhor parte do dia dela.

Depois de tanto tempo investigando Caio secretamente a mulher ficou surpresa quando o próprio pediu para ter uma reunião com ela, a sós.

_Pode falar.

Os dois agora estavam sentados um de frente para o outro na grande mesa que o ocupava a sala de reuniões do batalhão, onde em uma hora se reuniriam com o secretário de segurança do município.

_Sarah, o que aconteceu com você?

_Perdão? _A insubordinação estava a ofendendo.

_Já era pra gente ter tomado o complexo do Projac a muito tempo.

_Caio, você melhor do que ninguém sabe os riscos dessa ocupação, se a gente não fizer as coisas direito. _Ela não queria ter essa discussão duas vezes em um dia.

_E essa é realmente sua preocupação, Sarah?

_Major Andrade. _Ela corrigiu num tom autoritário.

_Enquanto você fica ai com pena de bandido é feita de otária, Major Andrade. Essa é a nova Sarah que fica com tanta peninha de vagabundo que não consegue mais fazer o próprio trabalho?

_Do que você tá falando? _A mulher estava começando a ficar irritada.

Ele empurrou o celular na direção dela, no vídeo sem som aparecia Juliette, conversando com Arcrebiano numa proximidade que deixou a mulher desconfortável e terminava exatamente no momento em que eles se beijavam.

Sarah precisou de todo seu auto controle para não chorar ali mesmo.

_Me dá licença.

Ela queria perguntar porque Caio tinha aquele vídeo, como ele sabia quem era Juliette, mas não teve forças para nada disso, chegando ao banheiro ela desabou em prantos.

Sarah nunca imaginou que se sentiria assim e que pudesse ir do paraíso ao inferno tão rápido.

Juliette podia realmente dizer todas aquelas coisas lindas para ela e traí-la assim? Tão publicamente, o homem chegando para visitá-la como se fosse algo normal para ele, algo que a própria Sarah não podia fazer.

Ela chorou por quinze minutos e precisou se refazer para comparecer a reunião, ela retornou a sala onde Caio ainda a esperava.

_Sarah eu posso me livrar desse filho da puta pra você, eu tenho informação e sei onde ele se esconde. Eu ainda sei onde ele mantém as drogas armazenadas. Por que a gente permite que pessoas como ele comandem a nossa cidade?

_É ótimo que você enfim esteja fazendo o seu trabalho, você não vai se livrar de ninguém, Caio, nós vamos colocar esse homem na cadeia. _Ela agora se sentia duplamente motivada.

_E você acha que cadeia é suficiente, pelo tráfico, por todas as cargas roubadas, por todos os crimes que ele cometeu?

_A justiça decide o que é suficiente.

_Que justiça? Nós somos a justiça, Sarah. Nós podemos tirar ele de lá e mandar em tudo, eu venho me organizando, e eu tenho o apoio de vários homens da comunidade, ex policiais, bombeiros, e outros homens de bem.

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