O clima no pátio do batalhão era tenso, como em todas as noites de operação.
_Boa noite, senhores!
_Boa noite! _ a tropa no momento composta por 32 pessoas respondia Sarah em coro.
_Mais uma vez o objetivo da nossa operação de hoje é o complexo do Projac, lembrando o forte armamento que esses criminosos possuem, então eu quero que fiquem atentos porque infelizmente a possibilidade de um confronto é grande.
_Eu quero atenção redobrada, cuidado, com a segurança de cada um de vocês, com a segurança dos nossos cães. Com a população do local.
_Cuidado com a nossa vida nunca é demais, porque somos insubstituíveis. Pras pessoas que a gente ama, dentro das nossas casas. Bandido não tem nada pra perder.
_O foco da operação de hoje, é esse cara. _Ela continuava, distribuindo fotos de Arcrebiano.
_Bill, o gerente do morro. Vão bora, vamos pegar, vamos vencer, eu quero que vocês deem o melhor de si pra trazer ele vivo, mas é essencial que ele seja encontrado, nem que cada casa daquela comunidade precise ser revistada.
Atrás dela e sem que Sarah visse Caio fazia um gesto indicando um corte no pescoço.
Quando a tropa se dividiu para a invasão Caio fez questão de ficar no esquadrão dela, e ela só conseguia se lembrar das palavras que ouvira dele dias antes.
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Juliette acordou, seus dias não começavam particularmente bons desde que Sarah terminou o relacionamento com ela, suas noites agora se dividiam em chorar pela loira ou sentir raiva.
Ela nem me deu uma chance.
O sentimento de hoje aparentemente seria a raiva.
A paraibana preparava seu café da manhã com a tv ligada sem dar muita atenção ao que era dito até escutar uma voz que fez o coração dela vacilar.
Era o jornal da manhã. Nele, Sarah dava entrevista e agora Juliette a escutava com atenção total como se sua vida dependesse disso.
Ela fica bem falando na tv.
Foi a primeira coisa que a morena conseguiu pensar, Sarah estava linda com a farda completa e a boina que ela quase nunca usava, logo Juliette desviou sua atenção da mulher para enfim ouvir do que ela falava.
Sarah falava sobre a operação que foi realizada na noite anterior, um completo sucesso com 17 presos e apenas um morto, Arcrebiano Araújo. Além da apreensão de 300 kg de cocaína e 150kg de maconha.
Sabe o que eu vou ter que fazer agora? Foi a frase do qual ela se lembrou que arrepiou sua espinha. Ela quase vomitou o café da manhã.
Juliette estava catatônica. Ela pensou em faltar o trabalho, mas isso não deixaria nada melhor, ela só queria voltar pra cama e passar o dia lá.
Ela se perguntava se ela tinha algo a ver com isso, Sarah reclamava todo dia da pressão sobre essa invasão e como ela seria inútil, mas algo mudou do dia pra noite e agora Bill estava morto.
Isso era culpa dela? Tinha que ser. Juliette concluiu.
A paraibana não conseguira ainda começar a processar o término e agora precisaria processar que talvez a morte daquele homem fosse culpa dela.
Naquele dia ela chegou atrasada no trabalho.
Ela se sentia desesperada demais para colocar os pensamentos em ordem e enquanto descia do ônibus e caminhava rumo a ong refletia sobre todos os acontecimentos dos últimos dias, foi nesse momento que o sol a cegara, passando diretamente pela igreja que ficava no topo de uma pequena elevação de terra, Juliette pensou que era um sinal divino e de repente pareceu uma boa ideia subir 400 degraus para ser julgada por alguma autoridade religiosa.
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Ilegal
RomanceOnde Juliette Freite, advogada e militante dos direitos humanos tem sua vida virada de cabeça pra baixo depois de se apaixonar por Sarah Andrade, major da polícia militar, será o amor capaz de superar as crenças pessoais de ambas?