Bad Guy [REESCREVENDO]

Capítulo 20

Jacob estava em um daqueles becos úmidos e escuros de Nova York, mas não sabia dizer exatamente onde. A sua frente, via um rapaz alto e uma garota mais baixa. Se aproximou cada vez mais tentando clarear sua visão e reconheceu Adrian e Anabel, assim apressou os passos.

—Hey, o que estão fazendo aqui? – pergunto ao estar ao lado deles.

Mas diferente do que esperava nenhum do dois sequer olhou em sua direção. Tentou de novo e continuou sem respostas. Quando tentou tocar no ombro de Ana, sua mão atravessou o corpo dela, como se fosse um fantasma. Assustado, olhou para as próprias mãos entretanto não ficou assim por muito tempo já que Adrian começou a discutir com Ana como sempre faziam. Jacob se afastou alguns passos assistindo eles e mais uma vez tentou falar. Ouvia sua própria voz mas o casal não ouvia.

O que estava acontecendo? Era um sonho? 

Viu quando Adrian gritou bem no rosto da menor e a empurrou no chão. O ruído dela caindo chegou claro aos seus ouvidos graças ao silêncio da noite. Ana se levantou e limpou as lágrimas do rosto. Porém o maior continuava a discussão sobre ciúmes. Jacob se lembrava vagamente daquele dia. Antes deles irem embora do galpão, Adrian já estava reclamando sobre algumas atitudes da namorada que não estava gostando. E quando durante a festa que acontecia não muito longe dali, um desconhecido se aproximou dela, aquilo havia sido o estopim. Ele a arrastou para fora da festa e esta foi a última vez que o viu com vida.

Quase não conseguiu ouvir a voz miúda de Anabel. Ela ainda tentou retrucar o que ele dizia mas foi interrompida por um tapa. A menor ficou com o rosto virado, e Jacob percebeu o ar tremular ao redor dos dois. Foi inacreditável quando ela voltou a encarar Adrian e seus olhos estavam completamente negros e veias escuras desenhavam seu rosto. Havia um estranho brilho roxo ao seu redor. O moreno piscou incrédulo e se afastou um pouco mais.

Adrian também se afastou alguns passos e gritou xingamentos para Ana, mas ela não recuou. Ao contrário, ela avançou em sua direção e com as mãos nuas, arrancou o coração do maior. O corpo dele ainda lutou para se manter em pé, mas era tarde demais. Anabel segurava o músculo ainda pulsante na mão um pouco pequena. A cena foi de embrulhar o estômago mas Jacob não conseguia se mexer, apenas assistir seu amigo ser dilacerado bem em sua frente. Aquele sentimento era a pior coisa que já sentiu em sua vida inteira. Quando menos esperou, já havia desmaiado.

De volta a sala de interrogatório, Jacob abriu os olhos e com a visão se desembaçando aos poucos, viu Anabel lhe encarar com frios olhos azuis. A mão dela ainda estava em sua nuca e sentia seu corpo todo trêmulo e um revirar horrível em seu estômago. Estava apavorado olhando para a garota que matou seu amigo, ali bem ao seu lado enquanto estava preso. 

—Sai de perto de mim. – gaguejou em um fio de voz.

—O que foi? Você não parece bem. – com a outra mão, Ana passou a ponta dos dedos em sua têmpora sentindo seu suor.

—Não encosta em mim! – se debateu como pôde e a garota preferiu se afastar. Não queria que ele desmaiasse de novo.

—Tudo bem. – continuou em seu tom calmo e impassível. – Você quer sair daqui, não quer? – voltou ao tópico da conversa sabendo que agora ele estaria mais maleável.

—O que você quer? Eu só... Quero que isso pare! – sua voz estava trêmula.

—O que quer que pare, Jay? – voltou a se aproximar e deixou suas mãos em seus ombros.

—Isso! Essa sensação! Essa dor! – seu corpo inteiro tremelicava em choque.

—Está tudo bem. – o confortou. – Eu faço a dor parar, se me contar tudo que preciso saber. – sorriu a suas costas e aproximou o rosto ao dele.