O vento batia no rosto da castanha e bagunçava seus cabelos que desmanchava a trança feita na terceira aula do dia. O sol estava abaixando consideravelmente rápido apesar de não ser tão tarde assim, e o ar quente e frio se mesclavam na cabine do carro. Billy não parecia estar com pressa já que dirigia devagar. Vez ou outra, olhava para a menor encostada no banco que aparentava estar dormindo. Exceto pelo suspiro que ela deu antes de abrir os olhos claros. Ela se virou e olhou para o loiro.
—O que foi? – ele perguntou ao perceber os movimentos dela.
—Você quer sair comigo?
Ele franziu as sobrancelhas e Ana assistiu o vento bagunçar o cabelo dele também.
—Não estava de castigo?
—Sim. Mas já terminei de arrumar a garagem. – respondeu e olhou para a frente por um momento, mas voltou sua atenção ao perfil do maior.
—Pra onde vamos? – indagou.
—Não sei. – riu amena. – Você me chamou primeiro. Pra onde iríamos?
Viu ele dar de ombros. Mas abriu a boca para falar e desistiu momentos depois. Ana continuou olhando para ele curiosa pensando onde seria o lugar que iriam.
—Já sei! Vamos ao lago de novo! – exclamou animada.
—E fazer o que lá? – se fez de emburrado.
Ana riu. – Vamos nadar, ué.
—E você me deixar sozinho e sem roupas? Não, obrigado. – ele respondeu e riu em seguida. Mas seguiu caminho para o lago.
—Eu não faria isso com você. – ela respondeu categórica.
—Mas eu quase fiz com você. – retrucou.
—Sim, mas isso está no passado. – respondeu com um suspiro leve mostrando que não se incomodava mais com aquilo. Porque no fim, não aconteceu nada.
Os poucos minutos seguintes foram em silêncio apenas ouvindo o motor do carro.
O lugar estava do mesmo jeito que da última vez. O sol penetrava por entre as folhas das árvores formando imagens abstratas na água e na pequena estrada que levava ao lago. Estacionaram o carro mais perto de onde ficariam e dali já não dava mais para ver os vultos dos carros no asfalto. Anabel pulou do banco do carona e tirou os tênis os deixando no assoalho. Foi até as pedras na beira da água e se sentou. Sentiu o frio das pedras transpassando sua calça jeans e a brisa fria trazida pelo lago agraciar sua pele. Apesar disso, o ar estava morno pelo sol.
Ouviu o farfalhar das folhas secas e Billy apareceu do seu lado.
—Você não ia nadar?
—Vou.
Mas ela continuou sentada. O loiro se sentou bem do seu lado e sem pensar muito Ana se encostou em seu ombro. Fechou os olhos respirando fundo e sentindo o cheiro de perfume amadeirado e cigarros do outro. Estava cansada, os machucados da briga que teve ainda estavam doloridos. Sentiu a mão do maior encostar hesitante em suas costas, e se encaixar em sua cintura sem pressão.
No fim, ficaram ali daquele jeito por mais tempo do que imaginavam. Anabel só abriu os olhos quando sentiu lábios se encostarem em sua testa. Estava meio grogue e notou que havia cochilado, o que era uma vitória para as noites mal dormidas que tinha.
—Te acordei? – a voz de Billy não passava de um sussurro perto de sua cabeça.
—Não. – respondeu e se afastou. Esticou os braços para cima se espreguiçando.
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Bad Guy [REESCREVENDO]
AdventureAnabel viu sua vida agitada da cidade grande se converter em dias pacatos na cidadezinha onde seu primo morava. Mas os fantasmas do passado a perseguem e é necessário aprender a como se livrar deles. [Vou começar a reescrever algumas partes da histó...