Anabel trabalhou durante o sábado para adiantar alguns trabalhos e pegar uns trocados extras junto ao pagamento de terça. Se focou em não aceitar mais propostas ambiciosas de caras com carros bonitos, ou iria se meter em mais problemas. Apesar de não reclamar, estava achando estranho Hooper ainda não ter vindo bater em sua porta, mas algo lhe dizia que isso não iria demorar a acontecer. Limpava os dedos em um pano encardido e olhou no relógio de pulso vendo que já estava perto do meio dia. Decidiu deixar o restante do trabalho para fazer durante a semana e procurou Harry para se despedir. O dono da pequena mecânica da cidade estava sentado na varanda de casa onde bebia uma cerveja. A mulher estava no salão de beleza e o filho tinha saído com os amigos. Ele possuia barba espessa e o rosto enfezedo, lhe lembrava os anões, apesar de não ser baixo.
Voltou para a casa e passou o dia descansando. O domingo logo veio sem contratempos e aproveitou para por as lições em dia. Hora ou outra ouvia a frequência de rádio de Dustin no fim do corredor, e seus cochichos. E enfim, na segunda feira, quando já havia pego o seu lanche para sair, ouviu uma batida na porta. Seu primo que já estava na sala a abriu.
—Bom dia xerife. – cumprimentou sorridente.
—Bom dia. A Anabel está? – desviou os olhos para a garota logo atrás dele e sorriu para ela.
Suspirou sabendo que receberia alguma bronca, e já saiu para acompanhá-lo. Sozinhos no quintal, a castanha olhou o mais velho receosa.
—Você achou que ninguém saberia o quê fez? – seu tom era áspero, colocou as mãos na cintura e notou que o chapéu havia ficado na caminhonete.
—Não. Aquilo foi só por diversão. – tentou se justificar.
—Uma diversão que podia ter machucado alguém, você sabe. – franziu as sobrancelhas.
—Eu sei. Eu não vou mais fazer isso.
—Não vai mesmo. – ela o olhou surpresa e abriu a boca pronta para reclamar. – Seu carro está confiscado até segunda ordem.
—Mas... – ficou sem palavras pelo tanto de informações que se passavam em sua cabeça. – Como vou para a escola, e para o trabalho?
Hooper balançou os ombros. – Devia ter pensado nisso antes.
Ele estendeu a mão e Anabel pegou o chaveiro encarando a pata de coelho. Indignada, ela entregou a chave.
—Eu posso ficar pelo menos com o skate? – perguntou contrariada.
Logo que pegou o skate, Hooper chamou Dustin e lhe ofereceu carona enquanto ela deveria ir andando se quisesse. Bufou irritada vendo a caminhonete se afastando e ainda olhou para seu Impala pensando se seria uma boa ideia simplesmente abri-lo e ir para escola com ele. Não precisava das chaves de qualquer forma. Mas havia prometido ao xerife que iria se comportar e que poderia deixar o carro com ela que não haveria problemas. E queria recuperar seu tesouro o mais rápido possível, por isso desistiu da ideia e saiu com o skate. As rodinhas faziam barulho pelo asfalto e assim que chegou na escola, segurou o skate para ir andando o restante do caminho. Algumas pessoas ainda a encaravam de longe por ser aluna nova e faziam especulações de quem era e porque veio para uma cidade pequena.
Caminhou pela calçada em direção a entrada e alguém se esbarra nela.
—Perdeu a carruagem? – Billy perguntou sorrindo de lado.
—Bom dia pra você também. – resmungou desviando do maior e entrando na escola.
Foi ao seu armário pegar a caderneta de desenhos e o outro se apoiou no armário ao lado dela.
—Aconteceu alguma coisa? – seu tom foi mais suave, mas Anabel ainda lhe olhou torto.
—Cala a boca. – disse desviando a atenção de volta para os livros.
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Bad Guy [REESCREVENDO]
AventuraAnabel viu sua vida agitada da cidade grande se converter em dias pacatos na cidadezinha onde seu primo morava. Mas os fantasmas do passado a perseguem e é necessário aprender a como se livrar deles. [Vou começar a reescrever algumas partes da histó...