III : Ynus Sanguerreal.

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Ynus não estava gostando nada disso. Não adormecera desde que a Princesa Meria simplesmente não retornara do passeio com seu égua. Assim que deu a hora do seu retorno e ela atrasara vinte minutos ele saíra para procurá-la mas não compreendia onde Meria fora parar. Seu primeiro pensamento fora que ela levara um tombo, caíra em um buraco, torcera um pé e estava em algum canto perdida e gritando por socorro. Meria era tão pequena, tinha 20 anos e não pesava mais de 50 quilos, não imaginara que poderia ter ido longe. Apesar de ser uma Martell não parecia nem um pouco ágil ou perigosa. Porém não a encontrara.

Ynus estava vivendo um misto de insatisfação desde que o ano começara e seu irmão contara seu plano de casá-lo com uma Martell e selar de vez a paz entre as duas famílias de forma que nenhum sangue dornês fosse mais derramado. Somente suportara os Martell e agora teria que ter uma dela em sua própria cama? Pelo resto da vida? Era demais. Porém Anders não o escutara e agora eles estavam nessa situação. Desde o princípio ele soubera que não era uma boa ideia e agora ele estava preocupada com a sensível Meria e ainda tendo que lidar com mais uma Martell. Essa sim, uma típica Martell! Muito bonita inclusive. Seu vestido laranja de cor forte realçava sua pele e seu olhar audacioso que não desviara dele por sequer um minuto.

(...)

Antes do sol nascer Ynus já estava focado nas buscas. Havia recolhido informações que chegara por corvos e por seus informantes e iria sair para procurá-la no que já era, o terceiro dia de buscas pela jovem Princesa Meria. Ao pedir que chamassem Mariah a própria surgira na sua frente. Trajando hoje roupas de montaria, com seus longos cachos presos em uma trança e com um véu azul claro para proteger seu rosto da areia. Ah, como ela é bonita. Pensou novamente se odiando por isso.

- Já estou pronta para as buscas Ynus. Para onde vamos?

- Vamos refazer o caminho que acreditamos que sua irmã tenha feito. Ao menos o que ela fazia até o dia que não voltara. No caminho eu vou contando as informações que recebemos.

Ynus se sentia em casa no deserto de Dorne. A força que o Reino impunha aos nascidos ali eram para ele fonte de orgulho e força. Era daquelas areias que tirara suas forças após perdas e sofrimentos. Era pensando em ver o Sol de Dorne novamente que ele lutara para sobreviver ao seu ferimento de batalha. Era no Caminho do Espinhaço que crescera e aprendera a ser o homem que era hoje. Fora com o sangue derramado de seus ancestrais que adquirira força, garra, habilidade e orgulho. Os Yronwoods já chegaram a governar Dorne, tendo muitas terras e domínios. Mas vieram guerras e foram perdendo espaço até serem uma casa vassala. Mas não podia reclamar disso atualmente, o Verão chegara e Ele costumara curar feridas. E o Verão mudava e tornava mais belos os Sete Reinos. Nunca havia conhecido nenhum deles nessa estação a passara a desejar isso após o casamento do seu irmão. Se sentira a vida toda como um orgulhoso Sanguerreal, lutara pelos Yronwoods e daria novamente seu sangue, sua carne por Dorne mas...desde o casamento sentira sua presença como dispensável.

Cogitara escolher uma boa mulher e passar um par de anos longe dali mas seu irmão escolhera por si. E agora...e agora mal continha sua raiva pois estava lidando com uma situação complicada que poderia gerar mortes a qualquer passo em falso.

As relações entre sua Casa e os Martells nunca foram boas. Uma relação de dupla violência por séculos apaziguara desde quando Príncipe Doran mandara seu filho do meio para ser criado entre eles, pagando assim uma dívida de sangue. Sua mãe até hoje se recordava do jovem Quentyn com carinho mas isso não acabara com as contentas e raivas contidas há séculos.

Passara o dia inteiro ao lado de Mariah, andando e cavalgando, perguntando a aldeões e seguindo pistas que não deram em nada. Ela estava sendo mais compreensiva e gentil do que ele esperava. Por isso se sentia pior por ter guardado para si uma informação. A informação do sangue de lua de Meria. Ele desconfiava que havia algo errado mas só quando fora interrogar as lavadeiras que soubera que havia com toda certeza que algo errado. Ynus estava muito arrependido por não ter conversado com Meria quando notara algo de diferente. Era sua obrigação conversar com ela, ajudar mas na ocasião só achara que seria indelicado de sua parte. Enxergara o fato simplesmente pela sua ótica de homem, de que isso só provara que eles não sentiam atração um pelo outro. Mas agora, agora ela sumira. Não sabia se poderia um dia conversar com ela. O que tinha acontecido. Agora olhava por outra expectativa.

Torcia para que Meria não tivesse sido a primeira vítima da batalha que pudesse se seguir, que os Deuses o guiem para que ele possa encontrar a Princesa desaparecida. 

A Princesa DesaparecidaOnde histórias criam vida. Descubra agora